Crise política influencia pouco na circulação dos jornais

Mais de 80% dos exemplares continuam destinados a assinantes

O caso do mensalão e os recentes escândalos políticos não exerceram influência relevante na tiragem dos principais jornais do país. Na maior parte dos casos, as variações não ultrapassaram a marca de 1%. Este fato contesta uma opinião propagada em uma parcela da opinião pública, de que os jornais têm noticiado as acusações sobre corrupção no governo com o objetivo de ampliar seu leitorado. Pesquisa realizada pelo Datafolha no dia 21 de julho revelou que 39% dos eleitores acreditam que os meios de comunicação têm feito uma cobertura sensacionalista. Outros 21% acham que a mídia destaca as notícias sobre o caso por "interesses próprios".


Na realidade, a circulação dos grandes jornais pouco se beneficiou do escândalo: a da Folha aumentou de uma média diária de 312.204 exemplares em maio (quando surgiram as primeiras denúncias sobre fraude nos Correios) para 313.417 exemplares diários em junho - mês em que o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) revelou, na própria Folha, que o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, pagava dinheiro a deputados da base aliada por intermédio do publicitário Marcos Valério de Souza. A variação (de 1.213 exemplares) corresponde a um aumento de 0,4% sobre a circulação paga da Folha em maio - taxa levemente superior ao crescimento médio dos principais jornais.


No caso de O Globo, do Estado de Minas e do Correio Braziliense, a circulação chegou a cair um pouco. O impacto limitado do noticiário referente à crise política sobre a circulação resulta do fato de que a venda em banca - que reflete de imediato o interesse despertado pelo escândalo - tem hoje uma participação minoritária na comercialização dos grandes jornais. Os assinantes representam 88% dos compradores da Folha, 86% do Estado e 83% do Globo. Por isso, um aumento na venda avulsa pesa pouco na circulação num primeiro momento. Embora pequeno, esse crescimento mostra que os jornais são considerados fontes de informação completas (segundo 47% dos entrevistados pelo Datafolha) e sérias (na opinião de 45%).

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