Entidades repudiam ataque à sede da Editora Abril

Protesto que acabou em depredação é destaque no informativo Tambor da Aldeia, da ARI

A reportagem publicada pela Revista Veja, com denúncia de que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estariam cientes de esquema de corrupção na Petrobras, levou dezenas de militantes a protestarem em frente à sede da Editora Abril, na última semana. O ato acabou em vandalismo e pichação, o que foi repudiado por entidades representativas da área de Comunicação e pelos próprios candidatos à Presidência da República. A informação é destaque na edição desta semana do Tambor da Aldeia, boletim da Associação Riograndense de Imprensa (ARI).
Segundo o informativo, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Ordem dos Advogados de São Paulo, entre outras entidades, divulgaram notas em que manifestaram rejeição ao ato. Entre outros acontecimentos, o Tambor da Aldeia também noticia a agressão a uma equipe de reportagem de TV no interior de Mato Grosso; a condenação de jornalista e da revista CartaCapital a indenizar um ex-assessor do Tribunal Superior do Trabalho; o assassinato de um diretor de revista no México; e o sequestro de profissionais de imprensa no Iraque.
Com pesquisa e edição de Vilson Antonio Romero, o Tambor da Aldeia apresenta a resenha semanal das ocorrências nacionais e internacionais sobre liberdade de imprensa e expressão. Com o mesmo fim, a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) veicula aos sábados, pela Rádio da Universidade AM 1080 Mhz, de Porto Alegre, o programa Conversa de Jornalista. Para denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão, a entidade disponibiliza o correio eletrônico [email protected].
TAMBOR DA ALDEIA
Notas do Brasil
Mogi das Cruzes (SP) - O colunista social Anderson Magalhães foi demitido do jornal O Diário de Mogi por divulgar artigo polêmico. No texto publicado pela revista Actual Magazine, o jornalista pregou a segregação de nordestinos durante as eleições. Em "Desespero", Magalhães aponta o que seria uma solução para que "Dilma e sua corja percam os seus votos na última hora". As medidas para a derrota petista seriam: "fechar as bocas de fumo, trancar nossas "secretárias" em casa", interditar as casas de forró e proibir os porteiros de saírem de seus prédios". No artigo, o jornalista sugere ainda que sejam cancelados todos os voos vindos do Nordeste e pede também sanções econômicas à Bahia que, para ele, só produziu "dendê, cocada e Luiz Caldas".
Brasilia (DF) - O jornalista Leandro Fortes e a revista CartaCapital devem pagar R$ 30 mil a Renato Parente, ex-assessor do Tribunal Superior do Trabalho, citado em reportagem de 2012. Da decisão da 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do DF (TJ-DF) não cabe recurso. O texto abordava contratos entre a Fundação Renato Azeredo, de Minas Gerais, e órgãos públicos, como Superior Tribunal de Justiça (STJ), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Tribunal Superior Eleitoral (TRE). Intitulada "Parente não é serpente", a matéria diz que o ex-assessor tentou obter contrato sem licitação entre a fundação mineira e a corte onde atuava, sem sucesso, e que cometeu "fraude funcional" e foi "capataz" do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A relatora, desembargadora Fátima Rafael, avaliou que a matéria tem "conteúdo ofensivo à honra do autor e ultrapassa os limites legais e constitucionais da liberdade de expressão".
Lucas do Rio Verde (MT) - Uma equipe da TV Terra, retransmissora da RedeTV!, foi atacada e ameaçada em 21 de outubro por traficantes enquanto se dirigia ao local de uma reportagem. Três indivíduos atiraram pedaços de paus e pedras no veículo dos jornalistas, que não se feriram. A Polícia Militar foi ao local e conseguiu deter um dos agressores. Os outros dois suspeitos não foram encontrados.
Tudo pelo voto
São Paulo (SP) I - Associações de imprensa e os próprios candidatos à Presidência da República repudiaram o vandalismo e a pichação feita à sede da Editora Abril em 24 de outubro. O protesto de dezenas de militantes foi motivado pela denúncia publicada no mesmo dia pela revista Veja, acusando a candidata Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, de estarem cientes de esquema de desvio de dinheiro público na Petrobras. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Ordem dos Advogados de São Paulo, entre outras entidades, divulgaram notas.
São Paulo (SP) II - A revista Veja não conseguiu impedir a determinação do Tribunal Superior Eleitoral e teve que veicular em seu site, em 26 de outubro, a resposta da candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). A decisão judicial decorreu da reportagem sobre o depoimento prestado pelo doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal, em que ele afirmou que tanto a candidata quanto o ex-presidente Lula sabiam dos desvios na Petrobras para financiar campanhas eleitorais.
Campo Grande (MS) - O jornal Correio do Estado teve de conceder uma página inteira de direito de resposta em 26 de outubro ao candidato ao governo Delcídio Amaral (PT). A página 3 do diário, onde inicia o caderno de Política, foi preenchida por seis textos da coligação de Amaral. O Correio também deu chamadas na capa para o direito de resposta logo depois da manchete.
Pelo mundo
Mexico - O jornalista Jesús Antonio Gamboa Urías, diretor da revista Nueva Prensa foi encontrado morto em 23 de outubro, após ter desaparecido em Sinaloa, violento estado localizado no noroeste do México. O corpo de Urias estava semienterrado e apresentava ferimentos provocados por tiros. Urías havia sido seqüestrado em 19 de outubro na saída de um bar. O profissional estava há uma década à frente da Nueva Prensa, que trata de temas relacionados à corrupção local.
Iraque - O grupo radical Estado Islâmico (EI) sequestrou cinco profissionais da TV local Semá na cidade de Mossul, no norte do Iraque. Os repórteres Ahmed e Izar Rafea foram retirados de sua casa na zona de Sumer, sul de Mossul. O cinegrafista Yaser al-Qaisi foi raptado junto com a dupla. Mais tarde, o técnico Yaser al-Hash Ahmed e o jornalista Drid Abu Shahed também passaram a integrar grupo de sequestrados.
Mianmar - O jornalista independente Aung Kiaw Naing, que fazia a cobertura sobre o conflito armado com a guerrilha da minoria étnica karen, foi executado pelo exército birmanês. O comunicador estava detido desde 30 de setembro em Kyaikmayaw, perto da fronteira com a Tailândia.
Chile - A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) apontou um "acentuado retrocesso" na liberdade de imprensa no documento final da 70ª. Assembleia realizada na capital Santiago. O relatório afirma que o declínio do direito à informação se deveu principalmente ao aumento da censura indireta e pela violência praticada contra os profissionais de comunicação em pelo menos oito países do continente. Os casos mais graves foram relatados no Equador, Venezuela, Argentina e México. A SIP informa, ainda, um total de 11 mortos em seis meses e condena as centenas de atos de violência.

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