Internet provoca crise em jornais norte-americanos

NYT anunciou um prejuízo de US$ 648 milhões

O jornal The New York Times anunciou em editorial que sofreu um prejuízo trimestral de US$ 648 milhões. Os números não refletem a situação do tradicional diário nova-iorquino, mas de dois outros títulos adquiridos pelo grupo, o Boston Globe e o Worchester Telegram & Gazette, cujos valores caíram 60%. A queda nos ativos forçou a empresa que edita o Times a assumir uma perda de US$ 814,4 milhões. A notícia foi recebida como tragédia no Globe, que já viveu momentos de glória e conquistou seis prêmios Pulitzer em 11 anos.


Segundo a agência EFE, a imprensa americana está em baixa e procura um novo modelo de negócios. A culpa do prejuízo foi creditada à incapacidade dos jornais para ganhar dinheiro com a internet e reverter a queda nas receitas publicitárias de suas edições impressas. A queda livre retrata, segundo Scott Bosley, diretor-executivo da Sociedade Americana de Editores de Jornais, a transição atravessada pela imprensa tradicional, tanto nos Estados Unidos quanto em países europeus. A Associação de Jornais dos Estados Unidos lançará em abril uma campanha publicitária de US$ 75 milhões para declarar sua relevância na era da web.


Outros grupos editoriais, como o McClatchy, também têm visto uma queda no valor de seus jornais. A empresa anunciou em dezembro que venderá seu principal título, o Star Tribune, de Minneapolis, por US$ 530 milhões, a metade do que pagou na sua compra. Os cortes de pessoal na imprensa também aumentaram em 2006 para 88%. Foram 17.809 postos de trabalho perdidos no ano passado, quase o dobro de 2005. "A mudança radical na forma como as pessoas obtêm e lêem as notícias, procuram empregos, automóveis usados e produtos de consumo foram as principais causas", analisou a empresa de consultoria Challenger Gray & Christmas. John Challenger, conselheiro delegado da firma, acredita que os ajustes continuarão enquanto durar a transição do mundo impresso para o eletrônico. "Até os jornais descobrirem uma fórmula para ganhar tanto dinheiro com suas edições digitais quanto perderam com as impressas, vai ser uma dura batalha", opinou.


James O´Shea, diretor do Los Angeles Times, um dos jornais de maior tiragem do país, parece ter achado a resposta. Ele anunciou há poucos dias que fundirá as redações das edições impressa e digital. O executivo pediu a seus repórteres que passem a ver o latimes.com como o principal veículo da empresa e comunicou que todos terão que participar de um curso obrigatório para aprender a produzir conteúdo para a web. O jornal até ganhou um editor de Inovação, responsável por "nada menos que fazer a redação trabalhar 24 horas por dia, publicando material exclusivo o tempo todo por meio da internet", segundo o editor David Hiller.

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