TSE debate mudanças nas regras para entrevistas de pré-candidatos

Presidente do Tribunal apresentou proposta, mas houve resistência por parte de ministros

Nesta terça-feira, 24, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, tentou modificar as regras para as entrevistas de pré-candidatos antes do início da campanha eleitoral, que ocorre no dia 6 de julho. Recentemente, estas normas abriram margem para decisões judiciais de multa a dois jornais e a uma revista sob a acusação de propaganda eleitoral antecipada. Segundo informações de O Globo, Britto apresentou a idéia aos demais colegas da Corte, mas houve resistência e a análise foi transferida esta quinta-feira.


Os ministros Ari Pargendler, Marcelo Ribeiro e Eros Grau sinalizaram posição contrária à alteração neste momento. Eles manifestaram preocupação em alterar a regra para valer por um período muito restrito - só até o dia 6 de julho -  sem levar em conta as conseqüências da medida num momento em que a opinião pública critica de forma veemente as decisões judiciais, acusando-as de ferir a liberdade de imprensa.


Mesmo diante da reação contrária, Britto apresentou a proposta. Para o presidente do TSE, o artigo 24 da Resolução 22.718 (que dispõe sobre a propaganda eleitoral) atenta contra a liberdade de expressão, de pensamento e de imprensa. O artigo 24 permite que pré-candidatos participem de entrevistas, debates e encontros antes de 6 de julho, "desde que não exponham propostas de campanha". Ele ainda argumentou: "Fazer entrevista, seja em rádio e TV, sem que o pré-candidato exponha suas propostas, me parece algo bizarro. É como um garoto dizer à mãe: "Posso tomar banho de piscina?" E ela responder: "Pode tesouro, mas não se molhe!" É absolutamente impossível entrevistar um pré-candidato sem que ele diga algo para o que pretende vir".


Apesar de concordar com o adiamento, o presidente do TSE defendeu enfaticamente a mudança, mesmo que para valer por um pequeno tempo para estas eleições, mas manterá sua validade para as demais. - Não se pode perder um dia, uma hora, para desembaraçar a liberdade de expressão, de pensamento.

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