Violência contra jornalistas é a maior em uma década

Em cinco meses, 2012 é considerado o ano com mais casos de morte desde 2002

Desde o assassinato de Tim Lopes, em 2002, a violência contra jornalistas cresceu de forma significativa em todo mundo. Em cinco meses, 2012 é considerado o ano com mais casos de morte na última década. Conforme a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), quatro profissionais foram mortos no Brasil, em crimes relacionados ao exercício da atividade, mesmo número registrado em todo o ano de 2011. As oito mortes neste último ano e meio totalizam quase 40% dos 21 assassinatos de jornalistas cometidos desde 2002, ano da execução, por traficantes, do jornalista da TV Globo no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
O caso também é registrado no boletim semanal da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), o Tambor da Aldeia. O informativo eletrônico destaca que Tim Lopes foi morto quando fazia uma reportagem sobre exploração sexual infantil na favela da Grota. "Os 10 anos da morte do jornalista foram relembrados em 2 de junho com uma série de homenagens no Complexo do Alemão", registra o boletim. Conforme o Tambor da Aldeia, um varal foi estendido com 3.653 lenços brancos, relembrando os dias que passaram desde o assassinato. Um ato ecumênico foi realizado no Campo do Sargento e o encerramento das homenagens se deu após uma caminhada até a Pedra do Sapo, onde o corpo de Tim Lopes foi encontrado.
Para o presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Moreira, "é uma ameaça à liberdade de expressão. Quando se cala um jornalista quem sofre é a sociedade" - a organização foi criada no mesmo ano da morte de Tim Lopes. Na última semana, a Abraji esteve à frente de um seminário que debateu a cobertura em situações de risco. "A violência, no País, tem naturezas distintas: há traficantes de atacado na fronteira e tiroteios nas favelas do Rio", destacou Moreira. Por outro lado, o dirigente ressaltou que há uma ameaça menos visível: crimes políticos cometidos em pequenas cidades. "Os quatro jornalistas mortos neste ano foram vítimas de crimes desse tipo", registrou.
Essas e outras notícias podem ser conferidas também no programa Conversa de Jornalista, transmitido aos sábados pela Rádio da Universidade (AM 1080). A ARI disponibiliza o email [email protected] para profissionais e estudantes de comunicação social que quiserem colaborar com denúncias envolvendo atentados ao livre exercício da profissão de jornalista.

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