Papel das pessoas, tecnologia e colaboração inspiram debate sobre futuro do trabalho

Parte do projeto Ideias para o futuro, do Grupo RBS, evento abordou da complexidade da máquina até a contribuição humana

Robôs substituirão os humanos em breve? Esse foi o ponto de partida da primeira edição do evento 'O Futuro do trabalho', realizado nesta terça-feira, 25, no CriaLab, laboratório de criatividade situado no Global Tecnopuc. O encontro, que integra o projeto 'Ideias para o futuro', do Grupo RBS, reuniu um público seleto para discutir os rumos do setor, permeando o surgimento de oportunidades, o novo perfil profissional e o papel da tecnologia. Como debatedores, trouxe a participação do líder da Singularity University - Capítulo Porto Alegre, Cristian Basílio; do diretor de Inovação na Paim Comunicação e professor da PUC, Kim Gesswein; da gerente-geral da ThoughtWorks Brasil, Nelice Heck; e do diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki. A mediação ficou por conta do jornalista Cadu Caldas.

Foram postos em debate aspectos que envolvem desde a complexidade da máquina até a contribuição das pessoas para o funcionamento de algoritmos e aplicações de inteligência artificial. Conforme Nelice, a adaptação de máquinas a partir da visão humana aponta para os riscos de reprodução dos preconceitos existentes na sociedade. Na visão dela, a tecnologia serve para solucionar problemas de pessoas, mas o entendimento da problemática que precisa de solução é inerente à condição humana. "Na ThoughtWorks, a gente acredita que a tecnologia pode potencializar transformações e tornar a sociedade mais justa", pontuou.

Para Prikladnicki, a substituição do ser humano por robôs é algo improvável, mas o mesmo não se pode dizer das atividades profissionais exercidas pelas pessoas. Ele lembrou um estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford, que indica quais as profissões com maior possibilidade de serem extintas, na medida em que caminham para ser executadas por máquinas. Entre elas, estão diversos postos de trabalho, que vão de operador de telemarketing a modelo. "Teremos que encontrar novas funções e isso nos leva ao papel do ser humano hoje: aprender e adaptar", considerou.

Basílio, por sua vez, questionou o método utilizado para realização de tarefas, em um contexto em que muito se fala em digitalização de empresas. Para ele, a experimentação, uma das marcas do modelo lean startup, é uma prática que pode contribuir significativamente com o mercado. O líder da Singularity University em Porto Alegre também alertou para os níveis de colaboração no Rio Grande do Sul, que, embora em evolução, ainda encontram um longo caminho pela frente. "Temos que acreditar no potencial do Estado, olhar o mundo com abundância. Ainda precisamos nos conectar mais para atingir objetivos maiores", resumiu.

Empreendedorismo, multidisciplinaridade e modelo startup são indicados como potenciais tendências para o futuro do trabalho. Gesswein, no entanto, reconhece que o mercado não está pronto para proporcionar isso a todos. Aos profissionais em formação, ele sugeriu: é preciso aprender a aprender. "Ser só comunicador não será o suficiente para o mercado de trabalho, temos que ter outras skills", afirmou, ao reconhecer também a existência de certa dificuldade de colaboração entre mercado e academia. Para ele, poder de execução, agente de inovação e saber fazer a diferença são as chaves para garantir espaço no mercado. "Se não podemos afirmar que os robôs substituirão os humanos, podemos dizer que o futuro do trabalho é diverso", finalizou.

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