Dívida do Sindjors está em R$ 90 mil

De acordo com o sindicato, situação financeira é resultado da reforma trabalhista e de desacordo por parte do Grupo RBS

Milton Simas em coletiva de imprensa do Sindjors - Coletiva.net

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio Grande do Sul (Sindjors), Milton Simas, informou em coletiva de imprensa que a atual situação financeira da entidade, que enfrenta uma dívida de R$ 90 mil, é resultado da reforma trabalhista e da interrupção do repasse da taxa negocial por parte do Grupo RBS. No encontro, realizado na manhã desta terça-feira, 7, na sede do sindicato, ele explicou que, desde abril, a instituição deixou de receber da organização midiática R$ 160 mil, o que refletiu na receita da corporação. Contatado por Coletiva.net, o Grupo RBS informou que a empresa está seguindo a determinação do STF. "O STF determinou que as empresas não podem descontar taxa assistencial dos colaboradores para repasse aos sindicatos, a menos que haja concordância expressa, escrita e individual de quem não é sócio da entidade. Dos associados, segue o desconto normal."

De acordo com Simas, a RBS acatou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada no começo do ano, de suspender a obrigatoriedade e a permissão da contribuição assistencial para profissionais não sindicalizados. Diante desse cenário, o principal grupo de mídia do Estado interrompeu o repasse e, agora, transfere apenas cerca de R$ 6 mil referentes aos funcionários sindicalizados. "A empresa, inclusive, quebrou o acordo coletivo fechado em 2016 e válido até maio de 2018", assinalou o dirigente sindical. As demais empresas de comunicação seguem contribuindo, o que resulta em um acumulado de R$ 25 mil ao sindicato. Atualmente, cerca de 550 associados estão em dia e pagam uma mensalidade individual de R$ 28.

O presidente explicou, para as nove pessoas presentes na coletiva, que, devido à situação, a diretoria se viu obrigada a tomar algumas decisões. "Nos vimos com dificuldades de manter nosso custeio e nossos compromissos com funcionários", falou, ao mencionar que foram demitidos três colaboradores antes mesmo da reforma vigorar - algo previsto para a próxima semana. Agora, a instituição representativa conta com uma equipe de seis profissionais, sendo cinco atuantes em Porto Alegre e um em Pelotas, onde há outra sede. "Não está descartada a possibilidade de mais cortes", adiantou. A folha mensal da entidade é de R$ 14 mil.

Outras medidas tomadas dizem respeito ao fechamento das delegacias de Passo Fundo, do Vale do Rio dos Sinos e de Caxias do Sul; o fim da verba de representação concedida ao presidente, que era de um piso da categoria; corte de telefones celulares, material impresso e desligamento da TV a cabo. Outra providência que está na pauta é a venda da sede de Pelotas, decisção que deve ser apreciada em assembleia geral extraordinária, a ser convocada oportunamente. Simas esclareceu que as despesas com Pelotas  chegam a R$ 20.230,63 anuais, e a receita com mensalidades na região não alcança R$ 6.532,40. "No momento, a sede de Porto Alegre não é alvo de venda, mas nada pode ser descartado se não tivermos maiores receitas e outras alternativas que a sustentem", frisou.

Além da taxa assistencial, as receitas do Sindjors são formadas por mensalidade de associados ou anuidades, contribuição sindical de um dia ao ano, receita que ingressa em março e abril. Estiveram presentes na coletiva repórteres do jornal Sul21, do editorial J, da PUC, do portal Coletiva.net e do blog De olhos e ouvidos, além de dirigentes da entidade.

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