Jornais brasileiros debateram situação internacional de mercado

Congresso da ANJ abordou desde blogueiros a mudanças de mercado para sobrevivência dos periódicos

O 7º Congresso Brasileiro de Jornais, realizado nos dois primeiros dias desta semana, em São Paulo , divulgou, nesta terça-feira, dia de encerramento do evento, a pesquisa da John Snow Brasil, de Brasília, dirigida por Miguel Fontes, avaliando os projetos Jornal e Educação e sua sustentabilidade. A pesquisa, que trabalhou com 14 grupos focais de educadores e alunos, em sete cidades, reconheceu ainda não ter conseguido estabelecer uma relação matemática entre o dinheiro investido pelos jornais na educação e o retorno financeiro com circulação e publicidade, mas chegou a conclusões que apontam um rumo a ser tomado pelos jornais, tanto em agregação de novos leitores quanto na qualidade editorial. Fontes salientou a relação direta entre a cidadania democrática e o crescimento do poder aquisitivo do leitor, que aumenta sua renda conforme adquire direitos básicos como educação, saúde e segurança.


O último dia do encontro teve, ainda, um apelo do ex-ministro Antonio Pallocci, presidente da Comissão da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, e Sandro Mabel, relator da Comissão Especial do PEC, para que a ANJ pressione o Congresso pela aprovação das novas propostas da reforma. Na sucessão de painéis, foi abordada, igualmente, a necessidade de atração de leitores e anunciantes por meio de novas estratégias de crescimento. Os participantes foram informados que os Estados Unidos perderam 3 % de audiência da edição impressa para internet e celulares e, para Fabián Barros, Consultor da Mackinsey, que falou no painel Estratégia de Crescimento, há três caminhos básicos para o crescimento: expansão ao redor da marca, crescimento geográfico e o uso de novas mídias.


Já a pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Ipsos Marplan, divulgada por ocasião do congresso, aponta que a percepção dos jornais pelos pesquisados envolve as seguintes características, todas com viés positivo: diário/matutino, físico/palpável, tradicional, profissionais renomados, completude/profundo, abrangente/diversificado. Combinados, esses atributos são vistos como significando credibilidade e segurança em relação a um bem indispensável.


Ainda nesta terça-feira, na primeira palestra da tarde, Earl Wilkinson, diretor-presidente da International Newsmedia Marketing Association (INMA), alertou: se os jornais brasileiros querem estar no mercado em 2020, devem mudar nos próximos cinco anos; do contrário, pode ser demasiado tarde. "Estamos diante de um consumidor diabético de jornal", disse, por entender que o consumo se faz em pequenas porções, mas a intervalos curtos.


Na segunda-feira, dia de abertura do Congresso, realizado no WTC paulistano, Judith Brito, diretora superintendente da Folha de S.Paulo, foi eleita presidente da ANJ para o biênio 2008-2010, substituindo Nelson Sirotsky, diretor-presidente do grupo RBS, que cumpriu duas gestões sucessivas.


O encontro deste ano teve, também, em seu dia de abertura, a primeira edição do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa, que foi entregue pela jornalista Elvira Lobato ao ministro do STF Carlos Ayres de Britto, que  determinou, no primeiro semestre deste ano, a suspensão liminar de parte da Lei de Imprensa em vigor desde 1967, uma herança do período militar. 


A questão dos blogueiros também foi tema de debates no encontro. O tema esteve a cargo de John Wilpers, consultor sênior de Innovation e especialista em circulação do Boston Now, periódico de distribuição gratuita que teve um aumento no número de exemplares distribuídos, que passaram de 70 mil para 107 mil, em 11 meses, quando ele passou a inserir o conteúdo de blogs no seu noticiário.

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