O jornalista Políbio Braga divulga em seu blog que realizou "uma dura e penosa leitura" das 3.548 páginas, distribuídas em 15 volumes, dos autos da Operação Solidária. O esforço começou no final da tarde de segunda-feira, 21, e só foi concluído no começo da madrugada desta terça-feira, 22. A leitura, publicou o jornalista, "incluiu transcrições de grampos devastadores e cruéis, relatórios de campanas fotográficas sobre suspeitos" e "até confidências sobre a preferência sexual de meia dúzia de personagens, o que inclui a narração explícita sobre um inacreditável consórcio de garotas de programa em Canoas".
Sem revelar como obteve a cópia dos documentos, cujo processo está sob segredo de Justiça, Políbio escreve que leu tudo com o objetivo de "buscar a verdade", já que até agora só conseguia ler "trechos publicados com exclusividade pelo jornal Zero Hora, pinçados cirurgicamente das 3.548 páginas com o objetivo determinado de mostrar o boi da cara preta. Até ontem, terça-feira, ninguém sabe como o jornal conseguiu os trechos cirúrgicos que publicou, quais eram seus objetivos e se foi cobrado de alguma autoridade pelo atrevimento de quebrar o segredo de Justiça por duas vezes seguidas. ZH talvez não vá gostar de ler tudo que está nos autos, se é que já não fez o que fez o editor".
Políbio diz que não teme qualquer sanção por revelar documentos sigilosos porque Zero Hora já fez a mesma coisa "sem sofrer qualquer restrição". Foi baseado neste precedente que decidiu publicar tudo na Internet, o que só não fez ainda devido a dificuldades técnicas, "de edição". "O conteúdo é devastador", repetiu ele a Coletiva.net, enfatizando que sempre que verificar que alguma autoridade ou meio de comunicação desvirtuar ou sonegar informações vai desmascarar seus autores, "revelando o contexto em que se insere o boi da cara preta mostrado - que não tem nada de cara preta". "No primeiro deslize vou mostrar a pastagem, para que parem com estas chantagens", afirmou.
Boi da cara preta é como ele identifica todos os setores que de alguma forma se opõem à governadora Yeda Crusius, seja na política, seja na imprensa. Políbio está convencido de que, em tudo o que leu, nada há contra a governadora. "Em um único momento ela é gravada, em uma conversa com o ex-prefeito Marcos Ronchetti. E o agente federal, que a todo momento faz observações sobre o que escutava, fez questão de registrar, na degravação, que Yeda teve uma reação apropriada e digna ao que estava ouvindo", disse o jornalista. No final da postagem em seu blog, Políbio faz a conclamação: "Se você, leitor, tiver dúvidas sobre verdades ou mentiras inscritas nos autos, mande e-mail para [email protected], porque esta página está a serviço da verdade e mostrará o que está escondido da opinião pública (com cópia fiel sobre o que for questionado). É simples como o ar que respiramos".