Jornalistas detidos no Egito são mandados de volta ao Brasil

Repórter e cinegrafista da TV Brasil foram presos, vendados e ficaram sem equipamentos

Enviados para o Egito para a cobertura da crise política no país, o repórter Corban Costa, da Rádio Nacional, e o repórter cinematográfico Gilvan Rocha, da TV Brasil, foram detidos, vendados e tiveram passaportes e equipamentos apreendidos. Desde a noite de quarta-feira,2, até esta manhã, Corban e Gilvan ficaram sem água, presos em uma sala sem janelas e com apenas duas cadeiras e uma mesa, em uma delegacia do Cairo, segundo informou a Agência Brasil. "É uma sensação horrível. Não se sabe o que vai acontecer. Em um primeiro momento, achei que seríamos fuzilados porque nos colocaram de frente para um paredão, mas, graças a Deus, isso não aconteceu", afirmou Corban, que volta nesta sexta-feira com Gilvan para o Brasil.
Para serem liberados, os repórteres foram obrigados a assinar um depoimento em árabe, no qual, segundo a tradução do policial, ambos confirmavam a disposição de deixar imediatamente o Egito rumo ao Brasil. "Tivemos que confiar no que ele [o policial] dizia e assinar o documento", contou o repórter. No caminho da delegacia para o aeroporto do Cairo, Corban disse ter observado a tensão nas ruas e a movimentação intensa de manifestantes e veículos militares nos principais locais da cidade. Segundo ele, todos os automóveis são parados em fiscalizações policiais e os documentos dos passageiros, revistados. Os estrangeiros são obrigados a prestar esclarecimentos.
Na quarta-feira, jornalistas de Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo tiveram seus quartos invadidos pela polícia. Outros repórteres estrangeiros que cobrem os protestos anti-Mubarak também tiveram seus quartos de hotel vasculhados. Segundo os profissionais, o objetivo dos invasores era confiscar câmeras fotográficas. Pelo menos outros 11 jornalistas de diferentes partes do mundo enfrentaram alguma forma de perseguição ou constrangimento no Egito, desde o início das manifestações, segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CJP). No levantamento, enviados da Al Jazira, BBC, CNN, Associated Press e de veículos de Israel, Bélgica e do próprio Egito estão listados.
Há dez dias, o Egito vive momentos de tensão em decorrência de onda de protestos contra a permanência de Hosni Mubarak na presidência do país. A situação se agravou ontem, depois que manifestantes pró e contra o governo se enfrentaram nas ruas das principais cidades egípcias. De acordo com as Nações Unidas, até agora, mais de 300 pessoas morreram nos confrontos e cerca de 3 mil ficaram feridas.
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