Mais de 50 jornalistas sofreram agressões durante protestos

Conforme Abraji, profissionais de imprensa sofreram agressões, hostilidade ou prisões durante cobertura das manifestações

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) realizou um levantamento em que identifica que mais de 50 profissionais da imprensa foram agredidos, hostilizados ou presos durante as manifestações realizadas em diversas regiões do Brasil. As informações da Abraji foram baseadas nos dados fornecidos por sindicatos, redações e pela ONG Repórteres Sem Fronteiras. A pesquisa aponta, pelo menos, 53 casos de violação contra 52 jornalistas - o repórter Leandro Machado, da Folha de S.Paulo, foi preso num dia e agredido em outro.
Das ocorrências levantadas, 34 se referem à agressão, hostilidade ou ameaça por parte da polícia. Outros seis casos são de prisão, por períodos que variam de poucos minutos até três dias, como no caso do repórter do portal Aprendiz Pedro Ribeiro Nogueira, indiciado por formação de quadrilha. Outras 12 ocorrências foram protagonizadas por manifestantes, e em um dos casos não foi possível identificar o que causou o ferimento a um profissional. Segundo a Abraji, seu levantamento ainda é parcial, pois há casos que podem não ter sido computados por diversas razões, inclusive quando veículos ou jornalistas preferem não ter suas estatísticas divulgadas.
Os episódios de agressão foram registrados em 11 cidades brasileiras, sendo São Paulo a que teve mais casos (25). Fortaleza aparece logo em seguida, com seis casos; e o Rio de Janeiro teve cinco. O jornal Folha de S.Paulo foi o veículo com mais vítimas: sete profissionais, entre repórteres e fotógrafos. Confirme a Abraji, "o trabalho dos repórteres de todos os meios, que estão nas ruas cumprindo com o dever de manter a sociedade bem informada, deve ser respeitado". Para a entidade, os repórteres de hoje cobrem as manifestações com o mesmo profissionalismo e destemor com que cobriram as grandes passeatas contra a ditadura, a campanha das Diretas Já, ou a campanha pelo impeachment de Fernando Collor.
A entidade registra em seu site que repudia a violência da polícia contra manifestantes pacíficos e jornalistas, assim como a hostilidade de alguns manifestantes contra os trabalhadores dos meios de comunicação. "Impedir ou dificultar o trabalho da imprensa é agir contra a democracia", defende a associação.

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