Jornalistas foram vítimas de 70 casos de agressões intencionais durante as manifestações ocorridas neste ano. O dado é da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que analisou 113 episódios de violência contra profissionais da área. Foram considerados deliberados os ataques ocorridos mesmo com a identificação das vítimas como profissionais da imprensa.
As ocorrências foram registradas entre 11 junho e outubro. A partir de novembro, a Abraji passou a contatar os jornalistas para verificar como ocorreram as agressões. Em 21 casos não foi possível localizar a vítima ou ela não respondeu. Um dos repórteres localizados não soube dizer se a agressão havia sido deliberada ou não. Excluindo esses 22 casos, a entidade reduziu o universo analisado a 91 agressões, das quais 70 (ou 77%) foram consideradas deliberadas.
As agressões incluem intimidação, violência física, tentativa de atropelamento, ataque de cães policiais, furto ou dano de equipamentos (não incluídos carros de reportagem ou sedes de empresas de comunicação) e prisão. Dos 70 ataques deliberados, forças de segurança protagonizaram 55 episódios (o correspondente a 78,6%). Polícias militares de diversos estados respondem por 53 ataques; a guarda municipal de Fortaleza participou de uma agressão e seguranças do terminal rodoviário de Niterói, de outra.Outros 15 casos de agressão deliberada foram cometidos por manifestantes (o equivalente a 21,4%).
A maioria dessas ocorrências se deu no Rio de Janeiro (5), seguido de São Paulo (3) e Belo Horizonte (2). Em três casos, os equipamentos dos profissionais foram roubados. Uma repórter foi atacada com jatos de vinagre e outro profissional ameaçado com uma arma. Dos 21 episódios em que a vítima classificou o caso como não intencional, quatro envolviam manifestantes. Policiais respondem pelas outras 17 ocorrências, principalmente por causa de tiros de balas de borracha (sete casos).
Os dados do levantamento estão disponíveis para download aqui.