Marcelo Monteiro fala da construção de uma grande reportagem

Na Semana do Jornalista da ESPM, jornalista contou como foi a busca por informações do evento que motivou a entrada do Brasil na Segunda Guerra

Marcelo Monteiro, jornalista e escritor, despertou a curiosidade dos alunos presentes no auditório da ESPM nesta quinta-feira, 11. Uma mescla de slides, com imagens, vídeos e informações, e respostas aos questionamentos dos estudantes explicaram a pesquisa de três anos que rendeu reportagens para jornais e revistas e culminou no livro 'U-507: O Submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra'. A obra contou com incentivo do escritor Luis Fernando Verissimo, também responsável pelo prefácio. Para explicitar a grandiosidade do tema, Monteiro comparou a história brasileira a Pearl Harbor: "Todos ouviram falar nisso, mas não no 507".
As dificuldades em reunir informações de um fato acontecido há mais de sete décadas, em 1942 sob o governo de Getúlio Vargas, foram um dos maiores desafios na produção do livro. Trabalhando como jornalista freelancer à época da pesquisa, Monteiro teve a possibilidade de se deslocar na busca de informações. Percorreu acervos e bibliotecas do país inteiro, buscando informações de sobreviventes e dados que pudessem remontar os naufrágios, fato que vitimou 607 brasileiros no período de 100 dias e foi o estopim para que o Brasil, até então neutro, declarasse oposição à Alemanha e ingressasse na Segunda Guerra Mundial.
Por três anos, o jornalista não só buscou informações sobre o submarino e navios, como também elementos que remontassem a década de 40, como transporte, moda, ambientação, cultura e tecnologia. A imersão de Monteiro foi feita com recursos próprios e a pesquisa durou o tempo de produção do livro, que iniciou em 2008 e se estendeu até 2012. "Eu não poderia ter acesso a uma escola tão legal", relata. A grande reportagem não só conta o torpedeamento de navios na costa brasileira como traz histórias e curiosidades dos personagens da tragédia.
A busca pelos personagens também foi um desafio para o escritor, que se submeteu a buscas em listas telefônicas e redes sociais. A possibilidade de encontrar sobreviventes lúcidos era pequena. A persistência, no entanto, resultou na descoberta de boas histórias, como a de Walderez Cavalcante, que com quatro anos à época, precisou permanecer agarrada por horas a uma caixa que transportava leite condensado, até que fosse salva. Walderez e Dona Vera, também entrevistada pessoalmente, estamparam um dos diários datado por volta dos anos 40, documento garimpado por Monteiro que, em 2011, conseguiu reunir as personagens num encontro emocionante.
Marcelo Monteiro relata, ao final do encontro, que já trabalha na produção de um novo livro, com previsão de lançamento para 2014, cujo tema se assemelha ao já publicado, evidenciando o interesse do jornalista pela História. "Agora que comecei não quero parar. É muito bom!", afirma. Focado, ele afirma que não medirá esforços na continuação desta empreitada. "Se precisar vender o carro, eu faço", se referindo à captação de recursos para a produção.
A Semana do Jornalista continua nesta sexta-feira, 12, com palestra de Nando Gross, sobre ?O Jornalismo Esportivo e as oportunidades de trabalho no país do futebol?. A atividade também terá cobertura de Coletiva.net.

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