Nota da ANJ condena ações contra jornais

Entidade entende que Igreja Universal quer intimidar a imprensa

Em nota oficial, a ANJ (Associação Nacional de Jornais) condena as ações que correm na Justiça movidas por fiéis e pastores e pela própria Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) contra os jornais Extra (RJ), A Tarde (BA) e Folha de S. Paulo. Na nota, a entidade chama a atenção da sociedade brasileira por identificar "o caráter autoritário dessa ação orquestrada", assim como o fato de os textos dos diferentes  processos serem praticamente os mesmos, mudando apenas o nome dos advogados e as comarcas onde estão correndo as ações.


A ANJ entende que o objetivo da Iurd é intimidar a imprensa de forma que esta não divulgue mais informações negativas sobre a igreja. "É uma iniciativa capciosamente grosseira e que afronta o Poder Judiciário, já que pretende usá-lo com interesses não-declarados", afirma a nota, assinada pelo vice-presidente Júlio César Mesquita, que responde também pelo Comitê de Liberdade de Expressão.


A Folha responde a 56 ações, A Tarde responde a 35, e o Extra a cinco. O total de ações na Justiça chega a quase uma centena, todas motivadas por reportagens sobre o crescimento da Universal e sobre um fiel que danificou uma imagem de São Benedito numa Igreja Católica em Salvador. A Folha enfrenta mais ações devido à publicação de reportagens da jornalista Elvira Lobato sobre as empresas de propriedade do bispo Edir Macedo, fundador da igreja.


Ao falar com a imprensa ontem e questionado sobre este assunto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou concordância com a ação da Igreja Universal.  Diante do argumento de que as ações foram feitas em conjunto, com textos praticamente idênticos, por fiéis da Universal de 20 estados brasileiros, o presidente manteve a posição: "A liberdade de imprensa pressupõe isso. A liberdade de imprensa pressupõe a imprensa escrever o que quiser, mas pressupõe também que a pessoa se sinta atingida e vá à Justiça para provar a sua inocência. Não pode ter liberdade de imprensa se apenas um lado achar que está certo. Então, liberdade de imprensa pressupõe uma mistura de liberdade e responsabilidade". Lula, que estava em viagem a Vitória, disse entender que cabe à Folha de S.Paulo recorrer às instâncias jurídicas, se achar que é o caso.

Comentários