Repórteres da Gaúcha desvendam roubo de carros

Ladrões são fontes de série de reportagens de Cid Martins e Fábio de Almeida

A Rádio Gaúcha veiculou nesta semana uma série de reportagens sobre roubo de carros. Os repórteres Cid Martins e Fábio de Almeida entrevistaram membros de quadrilhas e ladrões, o que gerou polêmica entre alguns colegas jornalistas, que questionaram a questão ética de ouvir criminosos como fontes. Cid e Fábio se apresentaram como repórteres e os ladrões aceitaram contar como funciona o mercado de roubo de carros e que muitas vezes esses furtos são praticados sob encomenda. Os próprios criminosos alertaram a população sobre cuidados para evitar o roubo e como reagir durante o assalto.


Para o gerente de Jornalismo da Rádio Gaúcha, as pessoas que criticaram a série não perceberam que as reportagens trazem forte prestação de serviço. Além disso, "os repórteres conseguiram identificar os principais responsáveis pelos crimes e, numa ação inédita, fazê-los falar sobre seus atos", diz Cyro. "Eles fizeram um grande trabalho de inteligência e entregaram essas informações de mão-beijada à polícia. Não é trabalho do repórter prender criminosos. Cabe ao repórter informar, à polícia é que cabe prender, ao Ministério Público, processar e ao juiz, julgar", complementa o gerente.


O presidente da ARI (Associação Riograndense de Imprensa), Ercy Torma, vê com "extrema preocupação" o assunto. "Acho muito perigoso esse tipo de abordagem, porque coloca o criminoso em evidência e muitos estão buscando por esse lugar na mídia", disse a Coletiva.net. "Os veículos, salvo raras exceções, não devem oferecer esse espaço sob o falso argumento de levar informação à população. Como fica o profissional que travou esse contato com um bandido? Ele pode entregar o criminoso à polícia? Como fica sua cidadania deixando de denunciá-lo? A lei garante a preservação da fonte, mas não de criminosos", pondera. "É o fim da picada, uma inversão de valores, quando um ladrão tem que dar informações para o cidadão de bem se defender dele mesmo", finaliza.

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