Versão da hora

Jornal responsabiliza perseguição política por dificuldades financeiras e aguarda reparação da União

Fundado por Carlos Lacerda em 1949, mas fora das bancas desde 2008, o jornal da Tribuna da Imprensa circula hoje em versão online. A direção do periódico, no entanto, acredita que em breve as máquinas voltarão a rodar, e a edição impressa será oferecida novamente aos leitores. É que a Tribuna aguarda a execução de decisão do Supremo Tribunal Federal que confirmou a condenação da União a pagar indenização por prejuízos causados à publicação pela perseguição do regime militar entre 1968 e 1978. O advogado Luiz Nogueira, que defende o jornal, encaminhou carta à Advocacia-Geral da União, pedindo "celeridade no exame da proposta do acordo de quitação de débito da União".
"A Tribuna vai voltar a circular imediatamente após as dívidas pagas. Quando em 1/12 eu informei a suspensão da circulação do jornal, usei a palavra momentânea. Assim que pudermos pagar papel, tinta, etc. no dia seguinte o jornal volta às bancas", afirmou o dono do jornal, jornalista Hélio Fernandes, por ocasião da decisão no Supremo Tribunal Federal.
A Tribuna da Imprensa se notabilizou pela oposição à ditadura de Getúlio Vargas (1930-1945) e ao regime militar (1964-1985). Em 1979, moveu ação contra a União, pedindo indenização pelos danos materiais causados pela censura a que foi submetido durante o regime militar. Entre 1968 e 1978, 3.050 edições do jornal foram censuradas chegando às bancas com partes em branco ou com anúncios da casa preenchendo os espaços editoriais devastados pelos censores. Segundo a defesa do jornal, a censura acabou afugentando leitores e anunciantes e deu origem às dificuldades econômicas que levariam a suspensão da circulação 30 anos mais tarde.

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