Adriana Franciosi não é mais repórter fotográfica de Zero Hora

Jornalista deixou Grupo RBS nesta segunda-feira após 25 anos

Adriana Franciosi | Reprodução/ Arquivo pessoal
Após 25 anos, Adriana Franciosi não é mais repórter fotográfica de Zero Hora. A jornalista foi desligada do Grupo RBS nesta segunda-feira, 3, após retornar de férias e fazer a cobertura das eleições municipais no último domingo, 2.
Em entrevista ao Coletiva.net, a profissional se disse tranquila e contou que já esperava por isso. "Saio com uma espécie de alívio, de saber que fiz um bom trabalho e tenho uma trajetória cheia de histórias e coberturas incríveis, desde eleições presidenciais a desastres ambientais", relatou.
Em um depoimento no Facebook a repórter fotográfica expressou seus agradecimentos ao antigo editor-chefe Ricardo Chaves, o Kadão, com quem diz que aprendeu muitas coisas, "mas aprendi observando que valores como olho no olho, resolver diferença com honestidade da opinião aberta e não do achismo, de não ter medo da crítica, porque só assim poderemos fazer melhor", escreveu em seu post.
Sobre o futuro, Adriana informou que ainda não tem planos. "Vou, primeiro, visitar minha família na Bahia, e tenho ideia de publicar um livro com fotos, mas isso vai demorar ainda", adiantou.
A assessoria de imprensa do Grupo RBS confirmou a saída da jornalista e informou que faz parte da estratégia de gestão de pessoas da empresa. Sobre alguém para assumir o cargo de Adriana, foi comunicado que a decisão fica a cargo da editoria de Imagem, comandada pelo gestor Jefferson Botega.
Formada em Jornalismo pela Famecos, da PUC, a profissional é natural de Passo Fundo. Em sua trajetória, contabiliza passagens pelo jornal O Nacional, de sua cidade natal, Correio do Povo e Agência Objetiva Press Fotografia e Notícias Ltda.
Veja o comunicado de Adriana na íntegra:
Comunicado: Amigos e colegas, hoje já não faço mais parte do jornal Zero Hora, onde trabalhei por 25 anos?sim, 25 anos. Entrei lá por mérito, palavra da moda, bem novinha recém formada em jornalismo pela PUC, via Curso de Jornalismo Aplicado, que na época a empresa ofertava a estudantes. Agradeço aos inúmeros amigos que fiz nessa jornada. O quanto aprendi com a parceria de cada um deles. O quanto aprendi fazendo matérias memoráveis que vão de coberturas políticas de presidente, governador e prefeitos. De coberturas em catástrofes naturais ou daquelas em que as falhas humanas provocaram o mal. Matérias de cultura, onde tive o privilégio de ouvir e registrar o que temos de melhor com escritores, músicos, atores. E finalmente também com o meu olhar registrei a minha cidade, em imagens que não ficaram restritas a um jornal, mas sim em livros. Continuarei a ter todo o respeito ao grupo RBS, que emprega milhares de jornalistas. E principalmente devo reconhecimento a algumas pessoas. Queria citar várias, mas apenas deixo dois nomes que são exemplos de retidão são eles: Obrigado, Ricardo Chaves, o Kadão, meu editor-chefe na fotografia durante 17 anos, mas não mais nos últimos anos. Com ele aprendi muitas coisas, mas aprendi observando que valores como olho no olho, resolver diferença com honestidade da opinião aberta e não do achismo, de não ter medo da crítica, porque só assim poderemos fazer melhor. Um gestor que te inspirava a ser melhor, e talvez essa seja a verdadeira função de um líder. Com Kadão, em nenhum momento o fato de ser mulher, num meio absolutamente machista foi impeditivo para ganhar sua confiança e mostrar o que eu podia fazer como profissional. Kadão jamais me protegeu, como alguns maldosamente diziam, ao contrário era duro quando necessário, mas jamais me sacaneou, sempre reconheceu e me deu oportunidades iguais, que no fim é tudo o que precisamos para mostrar o que sabemos ou não. Também segue meu reconhecimento ao Marcelo Rech, um cara justo, no qual posso até discordar de algumas ideias, mas que vejo nele um exemplo de conduta e firmeza, e principalmente devo a ele todos os meus aumentos salariais. Queria citar nominalmente todos os repórteres que admiro que estão ou passaram por ZH e tive a honra de trabalhar, mas não o farei porque certamente vou esquecer alguns e são tantos. Enfim, um ciclo de vida se acaba, mas sei que outro virá com novos projetos. Fotografar sempre foi minha paixão, e hoje, estou aberta a uma nova paixão chamada escrita. A vida me deu senso de observação para perceber que quem tem o poder hoje, amanhã pode não ser nada. Uma redação é como um ser orgânico que vai mudando de tempos em tempos. Tem fases boas e tem fases péssimas. Mas tudo muda. Saio de Zero Hora com a certeza do dever cumprido. Dos meus erros ou acertos eu assumo na integralidade, e não me submeto a abaixar a cabeça e dizer apenas "sim, senhor". Enfim, finalizo desejando o melhor para o jornal, para as pessoas que lá ficaram. Que cada um sobreviva e construa seu nome e seu espaço. Que se volte a acreditar no jornalismo como um espaço de ideias, de livre debate sem censura. Que se volte a acreditar no valor intelectual do debate de ideias, sem medo de dar sua opinião verdadeira, pois só assim uma empresa evolui e cresce novamente. Menos jornalistas marqueteiros e mais vida intelectual, urgente minha gente. Enfim?confesso que vivi, obrigado a todos que me apoiaram?a vida segue. Me aguardem.

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