Abraji se manifesta em caso do blogueiro Eduardo Guimarães

Entidade demonstrou preocupação sobre riscos de quebra de sigilo das fontes

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) manifestou preocupação em relação ao caso do blogueiro Eduardo Guimarães, que foi conduzido, na última terça-feira, 21, à Superintendência da Polícia Federal para prestar depoimento no âmbito da Operação Lava Jato. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) já haviam se manifestado em nota oficial, na qual condenavam a ação.
Em comunicado, a assessoria da 13ª Vara Federal de Curitiba informou que o blogueiro, na verdade, atua como político e que seu blog seria uma plataforma de propaganda eleitoral. Também reconheceu que o diploma em Jornalismo não é obrigatório, mas que manter um blog não é suficiente para ser jornalista, portanto, o sigilo da fonte não estaria sendo quebrado, já que ele não possui a distinção.
O Ministério Público Federal (MPF) argumentou que os pedidos não pretendiam descobrir a identidade da fonte de Eduardo, uma vez que o informante já havia sido identificado. Na versão dos procuradores, o blogueiro teve acesso a informações sigilosas sobre o que seria a 24ª fase da Operação Lava Jato e que havia repassado às pessoas que seriam investigadas. O MPF suspeita que a intenção tenha sido atrapalhar as investigações e não checar dados. Nessa fase, foi decretada a condução coercitiva do ex-presidente Lula. A defesa do blogueiro nega a acusação.
Em meio à divergência de narrativas, a Abraji manifestou, na nota, preocupação com o risco de quebra de sigilo da fonte deste e de outros trabalhos do blogueiro, a partir do acesso a seus arquivos pessoais e profissionais. Afirmou que não cabe à Justiça Federal classificar quem é e quem não é jornalista, e que não fica dúvidas de que uma das atividades do profissional é a manutenção de seu blog, por meio do qual realiza análises políticas desde 2010, portanto uma atividade jornalística.
Ainda no texto, a entidade afirma que jornalistas não estão imunes e que todo crime que denigra a atividade deve ser apurado, porém ressaltou que nenhuma investigação pode ir contra princípios que garantam o exercício dos comunicadores.

Comentários