Clube de Criação propõe reflexão sobre modelo de negócio

Com mudanças cada vez mais constantes, conselheiros defenderam a necessidade de adaptação profissional

Clube de Criação no Encontro ARP de Grupos | Divulgação/Coletiva.net
Também presente no Encontro ARP de Grupos, no sábado, 20, o Clube de Criação foi representado pelos conselheiros Alessandro Carlucci, Beto Schmidt, Cado Bottega e William Mallet. O quarteto buscou provar que o modelo de negócio criado nos anos 1980, e ainda em uso por muitas agências, não se sustenta no cenário atual. Com animações em gif e um toque de humor, a apresentação mostrou que as empresas têm perdido participação no orçamento de agenciamento, a partir do desenvolvimento do mercado e do surgimento de agências de design, PDV, merchandising, assessoria, agências digitais e de endomarketing, redes sociais, big data, influenciadores, etc.
O fato é que o número de canais aumentou, mas a verba de marketing não cresceu na mesma proporção. Na estimativa assumidamente otimista do Clube de Criação, de uma parcela de 85% de agenciamento nos anos 1980, as agências e profissionais devem passar a ganhar, no mínimo, menos 50%, enquanto precisarão trabalhar 200% mais. "A pizza dos anos 1980 que era toda nossa. A grande pergunta é: quantas fatias ainda estão nas nossas mãos?", provocou Carlucci.
Schmidt chamou a atenção para a necessidade de adaptação profissional, lembrando que, para cada três empregos extintos em agências, outros três surgem em outro lugar. "Se antes foi preciso aprender a fazer PDV, hoje o diretor de Arte precisa aprender a fazer mobile", alertou. Para Bottega, o mindset de muitos donos de agência continua o mesmo, o que é um problema. "Tem agência que capou a Criação e só tem operário. Talvez seja teu último emprego, mas calma, não vai faltar trabalho. Tem que investir no teu talento. Tem gente que vai morrer no caminho, não vai se adaptar, é a seleção. Mas a gente vai ter que virar multidisciplinar. Não se preocupe com o emprego, se preocupe com o trabalho", ratificou.
O processo de juniorização de equipes também entrou em debate. Para Mallet, embora esse seja um problema da agência - que, ao não conseguir pagar o profissional sênior, promove juniores -, também reflete diretamente no negócio do cliente. Ao mesmo tempo, exige de quem está entrando no mercado a capacidade de adaptação e o entendimento de que o que se tem agora já vai mudar. Carlucci, por sua vez, diz que os profissionais estão voltando ao modo "caçador-coletor". "Acordei, tô com fome, vou ter que ir atrás para comer. A boa notícia é que clientes nunca precisaram tanto de comunicação como agora", considerou.
Leia também:

Estratégia não deve ficar restrita a uma área, defendem grupos

Evolução das funções e aproximação entre áreas pautam Encontro de Grupos

Comentários