Cinco perguntas para Robson Pandolfi
Jornalista esteve em Buenos Aires, na Argentina, para visitar redações
- Quem é você, de onde vem, e o que você faz?
Essa é uma pergunta bastante abrangente, mas vou tentar fugir de respostas existenciais: sou Robson Pandolfi, jornalista, empreendedor e professor. Sou sócio da República - Agência de Conteúdo, professor nos cursos de Jornalismo e de Relações Internacionais da Uniritter e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada da Unisinos. Atualmente, meu foco tem se concentrado em entender como transformar o crescente fluxo de dados gerados em múltiplos contextos e dispositivos em informação, conhecimento e, naturalmente, boas reportagens.
- O que o motivou a se tornar jornalista?
Desde que me conheço por gente, sonhava em trabalhar na área da Computação. Sou técnico em processamento de dados e cheguei a prestar vestibular para Engenharia de Computação. Na época, eu tinha o hábito de escrever crônicas, mas não imaginava que um dia viveria da escrita. Não sei dizer exatamente o momento em que decidi ser jornalista, mas lembro que uma vez acompanhei a cobertura de um homicídio. Me pareceu uma rotina mais dinâmica do que a de programador. Acho que foi uma decisão acertada.
- Recentemente, você viajou para Buenos Aires, na Argentina, para aprofundar conhecimentos. O que isso significa para sua carreira e para a República?
O cenário do Jornalismo latino-americano está bastante interessante, com experiências promissoras em vários países. Na Argentina, uma experiência já amplamente divulgada é a do LN Data, braço de Jornalismo de Dados do La Nación - que ganhou o Prêmio à Inovação Jornalística e Digital Google-FOPEA por um projeto que envolveu a escuta de mais de 40 mil áudios sobre o caso Nisman. Há, ainda, o Chequeado, plataforma pioneira de fact-checking na América Latina, que inspirou iniciativas semelhantes por aqui. Neste semestre, lançamos, na Uniritter, uma disciplina de jornalismo de dados. Por isso, fui à Argentina para conhecer in loco esses projetos, a estrutura dessas redações e entender quais são as habilidades a serem desenvolvidas por quem tiver o objetivo de disputar uma vaga nesses mercados.
Além disso, o desafio das redações nesse cenário também é um desafio para a República. Temos o desafio de ajudar veículos, empresas e organizações a lidar com quantidades cada vez maiores de dados e a encontrar formas inovadoras e mais eficientes de comunicar. Para isso, nada melhor do que conhecer quem já está fazendo isso.
- De que maneira você enxerga a tecnologia no exercício da sua profissão?
Nas últimas duas décadas, as redações passaram por uma informatização em larga escala. Mas, salvo raras exceções, aproveitou-se muito pouco do potencial que a tecnologia pode trazer para a atividade jornalística. Uma pessoa que ingressa em um veículo hoje em dia realiza atividades essencialmente idênticas às de um profissional dos anos 70 - exceto, talvez, pelo cigarro e pelas máquinas de escrever. Ou seja, o suporte mudou, mas o Jornalismo incorporou muito pouco das possibilidades trazidas pelos novos recursos tecnológicos.
Agora, isso parece estar mudando. As empresas de mídia já perceberam que o futuro do Jornalismo será muito diferente do passado - e isso impacta diretamente no tipo de profissional que será requisitado nos próximos anos. Há muitas experiências bastante promissoras ao redor do globo, embora ainda de cunho experimental. Por aqui, a evolução tem sido tímida. Vejo que os projetos mais interessantes estão fora das redações convencionais, o que não é algo propriamente ruim. Acho que os veículos ainda estão tentando entender esse novo momento, encontrar os melhores caminhos.
- Quais são as suas experiências anteriores no Jornalismo?
Com exceção de uma breve passagem por assessoria de imprensa, desde o início da minha carreira no Jornalismo trabalho com revista. Atuei por cinco anos em agências de comunicação corporativa. Isso me deu uma base bastante importante para entender todo o processo de produção de uma publicação - e, evidentemente, todos os contratempos que surgem no caminho. Nesse meio-tempo, fiz alguns frilas e uns bicos de fotógrafo. Me tornei sócio da República em 2014, ano em que também ingressei na Uniritter. Desde então, minha rotina tem sido bastante dinâmica, por assim dizer. É bastante cansativo, mas tenho aprendido muito - provavelmente muito mais do que ensinei.