Publicitária traz dado sobre presença de negros no mercado de trabalho

No palco, Raphaella Martins Antônio informou que 4,6% de postos de liderança são ocupados por negros

Crédito: Clarissa Menna Barreto/PUC
"Sempre fui a única pessoa negra entre os meus amigos e nos espaços considerados nobres", contou a publicitária e cientista social Raphaella Martins Antônio durante o painel sobre diversidade na Comunicação, que integra a programação do 21º Festival Mundial de Publicidade de Gramado. A partir desta fala, a profissional alertou o público de que apenas 4,6% de postos de liderança são ocupados por negros, "sendo que 54% da população brasileira se autodeclara negra."
Dando continuidade, a publicitária afirmou que, diante desta realidade, é fundamental que todos questionem como essa seleção ocorre e o quanto ela se reflete no processo criativo dentro das agências. "A base estrutural do nosso País precisa ser revista. É uma questão organizacional mesmo, porque dela se constroem estratégias equivocadas."
Para ilustrar, trouxe um case chinês, onde um negro é posto dentro de uma máquina de lavar para mostrar a efetividade do produto de limpeza, que promete clarear roupas. "Isso é reflexo da falta de pluralidade nas empresas. Você precisa de negros, mulheres, homossexuais e deficientes para ser genuinamente plural", argumentou, e recebeu forte salva de palmas da plateia.
Para finalizar, posicionou-se a favor da instituição de uma cultura dentro das organizações, como a Avon - que mudou radicalmente a comunicação interna para se reposicionar na indústria da Comunicação. Ainda, voltou sua fala aos universitários: "Não adianta a gente discutir se as peças publicitárias terão negros, gays e deficientes se não houver reflexão da estrutura organizacional da equipe de trabalho que desenvolve as peças".

Comentários