Cinco perguntas para Caroline Anchieta

Jornalista ex-integrante do extinto canal multiplataforma Octo está na equipe de reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV

Carolina Anchieta | Crédito: Omar Freitas/Grupo RBS


  1. Quem é você, de onde vem e o que você faz?


Sou Carolina, mulher negra que ama o próprio nome por ser o mesmo de uma escritora pouco valorizada, mas com uma representatividade indiscutível na literatura: Carolina Maria de Jesus. Nasci em Porto Alegre, em 7 de junho de 1980. Comecei a cursar Educação Física, dei aulas de dança e de patinação, mas acabei trocando de graduação e me formei em Jornalismo. Jornalista que faz questão de carregar para a própria carreira tudo o que acredita: a luta contra o racismo e gordofobia, a favor da diversidade, a compreensão sobre as questões de gênero e uma moda consciente e justa.

  1. Como se deu a escolha pelo Jornalismo?


Na verdade, foi o Jornalismo que acabou me encontrando quando recebi de um amigo comunicador o convite para fazer matérias sobre skate, por ser um cenário com o qual tinha proximidade e ser meu estilo de vida. Assim, me apaixonei pela Comunicação. Na época, ainda era acadêmica de Educação Física e acabei trocando de curso. Mas o que fez com que me apaixonasse pela Comunicação foi a possibilidade de me comunicar através da câmera e poder levar para mais pessoas tudo o que acredito. Isso se fortaleceu mais com o tempo, mas sempre pude ser no vídeo o que sou na vida. Mesmo quando fui âncora de telejornal, como na TV Unisinos e no Canal Futura, os veículos pelos quais passei sempre me permitiram manter a espontaneidade e personalidade com todos os traços da minha negritude - que não abro por trabalho nenhum.

  1. O que significa na sua carreira a contratação para integrar o time do Jornal do Almoço?


Quando recebi o convite para fazer parte do Jornal do Almoço, o que me deixou mais feliz foi saber que me queriam nesse time para fortalecer o segmento cultural com toda a minha bagagem de movimento urbano e luta pelas questões de gênero, identidade e diversidade. Nesse momento, em que a cultura e a arte passam por um período complicado, poder ter voz em um dos principais produtos do Grupo RBS é uma oportunidade que me faz sentir honrada diante da responsabilidade. Responsabilidade principalmente para fortalecer com representatividade as minhas iguais, que sofrem os piores indicadores sociais no Brasil, as mulheres negras. Num cenário de comunicação no qual temos pouquíssimas mulheres negras em frente às câmeras, certamente isso é mais significativo nesse novo desafio profissional.

  1. Quais são suas expectativas diante da novidade?


Minha principal expectativa é poder criar cada vez mais dentro desse novo desafio que é a reportagem, pois toda minha carreira foi feita no estúdio ao vivo. Está sendo incrível poder testar alguns novos formatos e novas maneiras de comunicar.

  1. Quais são os seus planos para os próximos cinco anos?


Não tenho planos com datas específicas, como anos, meses ou dias marcados. Tento readaptar os planos conforme os projetos vão acontecendo. Estar de volta ao Rio Grande do Sul nem era um objetivo dois anos atrás e olha eu aqui! Então, prefiro ter intenções do que metas específicas. As minhas intenções são levar para cada vez mais pessoas a importância da diversidade, da empatia, dos diferentes formatos de se fazer cultura e, posso dizer com certeza que, nessa nova casa, com esse time, isso já está acontecendo.

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