1 - Quem é você, de onde vem e o que faz?
Sou Ricardo Yuji Fujiwara, mas todos me chamam de Fuji. Sou de Porto Alegre, formado em Design Gráfico, e sócio do estúdio de ilustração e animação Cria Ideias, atuando como diretor de Arte, roteirista e diretor de Animação.
2 - Por que escolheu atuar na área artística?
Desenhar sempre foi uma atividade presente na minha vida, então desde criança sonhava em trabalhar com isso. Aos 18, por influência de minha irmã, eu iniciei o curso de Design, já que este era "o curso para quem gosta de desenhar". Logo descobri que não era bem assim. Desenhar é só uma pequena etapa de todo o processo. De qualquer forma, o curso é ótimo e formou o profissional que sou hoje, principalmente me ensinando a diferença entre produto e arte, pois não me considero artista, trabalho com arte, mas o que fazemos no estúdio são produtos com um público prédeterminado para consumi-lo.
3 - Como se dá o processo de criação das animações?
Ao contrário do que muitos pensam, animar não é nada fácil. E nem sempre é diversão. É um trabalho longo e difícil. Podemos dividir em cinco etapas: preparação, pré-produção, produção, pós-produção e entrega.
Na etapa de preparação é preciso saber o formato da animação, isto é, saber aonde irá ser veiculado, sua duração, sua finalidade, prazo e orçamento. Com essas informações bolamos alguma ideia que se encaixe no formato, para isso, estudos e experimentos são feitos. Escreve-se plots, que são textos que explicam o enredo, e se desenha possíveis personagens e cenários. Com a ideia definida, vamos para etapa de pré-produção. É quando escrevemos o roteiro, que é o texto que contará a história, detalhando cenários, ações, ângulos, personagens e diálogos. Feito o roteiro, fazemos o storyboard. O storyboard é o roteiro representado visualmente, muito similar a uma história em quadrinhos, com desenhos em quadros e textos de diálogo. Depois fazemos o animatic, a versão animada do storyboard. Para isso é preciso ter os diálogos gravados. Neste meio-tempo é feito o design final dos personagens e dos cenários. A partir disso vamos para a produção. As cenas são divididas entre animadores que irão compor elas com personagens, cenários e diálogos e, então, animá-las. Com a animação feita, ela vai para o pós-produção, que serão adicionados os efeitos sonoros, trilhas e correção de cores. Depois disso, a animação está pronta para ser entregue e veiculada.
4 - Como surgiu a ideia de trabalhar na Cria Ideias?
Eu recém havia começado o curso de Design e estava procurando um estágio. Através de conhecidos, eu fui indicado e aceito para trabalhar em um estúdio publicitário chamado Cria Estúdio, que tinha um foco em ilustrações. Era um estúdio pequeno. Comigo, eram três trabalhando: dois sócios e eu como único funcionário. Quando um dos sócios saiu, eu fui convidado a fazer parte da sociedade. Com o novo contrato, trocamos o nome do estúdio para Cria Ideias. Hoje somos três sócios com uma equipe bem maior e mais focada em ilustração e animação. Já ilustramos para mais de uma centena de livros de editoras como FTD, Leya, Elefante Letrado e Edibook.
Estamos no mercado de animação recentemente, mas já fizemos animações publicitárias para Vital Help, Aplub e PlaniTrade; várias animações para livros digitais da Elefante Letrado; participamos da produção da animação "X-Coração" - da produtora Cartunaria que é transmitida pelo canal Disney X -fazendo todos os cenários da primeira temporada; temos uma parceria com Os Fagundes com um projeto de animação musical infantil chamado "Os Fagundinhos", já no ar no canal do YouTube www.youtube.com/OsFagundinhosOficial; além de inúmeros projetos de animação do próprio estúdio que podem ser vistos em nosso site: www.criaideias.com.br/animacoes-2. Passamos por muita coisa e continuamos a crescer. Até o final deste ano estaremos nos mudando para uma nova sede que será construída para atender melhor aos nossos clientes e nossas ambições.
5 - Quais são as principais dificuldades de quem atua na área?
Acredito que a maior dificuldade desta área é a falta de reconhecimento. Muitos jovens são desmotivados desde pequenos, escutando que isso não é trabalho. E aqueles que conseguem fazer disso uma profissão têm dificuldades de serem remunerados justamente por conta do mesmo preconceito. Muitas pessoas acham estranho pagar por isso, pois, por ser desenho, acham que é algo fácil e sem valor, mas isto é uma profissão como qualquer outra. Há estudo, conhecimento, técnica e tempo por trás de cada traço.