Ex-jornalistas do Terra lamentam situação do portal

Profissionais que atuaram na sede de Porto Alegre relatam problemas gerenciais como fator fundamental para encerramento do site de notícias


Em entrevista ao portal Coletiva.net, ex-funcionários da companhia relataram motivos que levaram o Terra ao seu fim. De acordo com eles, práticas administrativas questionáveis foram cruciais na construção do cenário atual da empresa. Desde a semana passada, quando o site mexicano Siete24 divulgou o comunicado sobre o encerramento das atividades do canal em sete países, profissionais da área da Comunicação lamentaram o rumo tomado pelo portal.
Em 2015, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou uma nota sobre a demissão de 80% dos jornalistas do site de notícias, devido ao fechamento das sucursais de Brasília, de Porto Alegre e do Rio de Janeiro. A jornalista Letícia Heinzelmann, funcionária do Terra em 2014, lamentou o atual cenário. "É muito triste, mas esperado. Acompanhamos a virada do Terra de maior portal da América Latina, de veículo informativo, para mera aglutinação de notícias, sem apuração ou por mero entretenimento", relatou.
Considerado um dos pioneiros do ramo no Brasil, o site teve suas ações compradas pela Telefônica Data, na segunda-feira, 3, e anunciou a continuidade do portal no País. Segundo levantamento do Alexa, site de análise da Amazon, que foi divulgado pela revista Galileu, o Terra não configura entre os 50 sites mais acessados em território nacional.
Ex-editor do veículo online entre os anos de 2008 e 2015, Wagner Machado classificou o encerramento das atividades como premeditada: "A melhor forma de classificar a derrocada do Terra é como "crônica de uma morte anunciada"". O jornalista afirmou que a instituição não soube acompanhar as mudanças que ocorreram na internet e criticou o modo como o veículo foi regido. "Quando outras companhias passaram a valorizar seus sites e, principalmente, após o advento do G1, a empresa foi ficando para trás e perdendo o foco. A partir disso, uma série de alterações e escolhas ruins, aliadas a um jeito administrativo muito estranho e obscuro, fizeram chegar no ponto em que chegou", revelou.
Em 2012, o portal publicou um balanço com as estatísticas referentes à transmissão da Olimpíada de Londres, quando atingiu cerca de 98 milhões de usuários, com mais de 1,1 milhão de horas assistidas em streamings de vídeo. Apesar dos dados, o ex-editor de Home e de Mídia Sociais do Terra, Luís Felipe Dos Santos, afirmou que todo o processo é resultado de escolhas que não tinham como foco o Jornalismo. "É resultado de uma não aposta em produção de conteúdo. Acabar com isso parece ter sido parte de uma estratégia, que tirou o protagonismo do Terra entre os sites mais acessados do Brasil. Os problemas gerenciais, que eram evidentes para quem trabalhava lá, foram a principal causa desse derretimento", finalizou.
 Leia mais:
Telefônica compra ações do Terra e portal continuará operando no Brasil

Comentários