Kofi Annan pede ‘rosto humano à globalização’

Ex-secretário geral da ONU participou da abertura do IV Congresso de Publicidade, realizada nesta segunda-feira

Nobel da Paz em 2001 e ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan apresentou, nesta segunda-feira, 14, palestra de abertura do IV Congresso Brasileiro de Publicidade, que termina na quarta-feira, 16, em São Paulo. Ele afirmou que os desafios da atualidade têm de ser resolvidos em conjunto entre governos, entidades e setor privado. "Precisamos dar um rosto humano à globalização, para que o maior número possível de pessoas possa desfrutar de seus benefícios", afirmou. 


Falando para um público de cerca de 1.500 pessoas, Annan deu ênfase à necessidade de justiça social, aos riscos do aquecimento global e às parcerias. "No mundo de hoje, os desafios e problemas são tão complexos que os governos, sozinhos, não conseguem resolvê-los, e o setor privado tem um papel importante a desempenhar", disse.


Para dimensionar o alcance dos meios de comunicação, contou que recentemente estava num lugar remoto, meio perdido, até que chegou a uma cidade e percebeu, lisonjeado, que havia sido reconhecido. Porém, a primeira pessoa que lhe pediu um autógrafo chamou-o de ?mr. Morgan Freeman? - ator e diretor de cinema. "Assinei K. Freeman, e todos ficamos felizes", brincou.


Em seguida, Annan abordou as questões que considera cruciais para a paz mundial, dando destaque ao "Global Compact", iniciativa da ONU destinada a mobilizar a comunidade empresarial internacional na luta pela promoção dos direitos humanos, do trabalho justo e da preservação do meio ambiente. "A globalização avançou muito nos últimos anos, mas bilhões de pessoas foram deixadas de lado", afirmou. "Por isso convidamos as grandes empresas a assinar o pacto global, e muitas o fizeram, porque queriam ser vistas fazendo a coisa certa." 


Annan disse que os publicitários brasileiros contavam com a Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap). A quarta edição, "que estabeleceu seu próprio código de ética e de conduta", pregou a união das organizações em torno de objetivos comuns: "As organizações podem aprender umas com as outras e se beneficiar das parcerias, tão essenciais nos dias de hoje, quando somos confrontados com problemas e desafios que ninguém pode resolver sozinho. Isso exige um trabalho em parceria, de maneira a unir nossos recursos para obter o maior impacto possível." 


O congresso continua nesta terça-feira, 15, com a reunião de novas comissões que discutirão assuntos como a liberdade do setor publicitário e o futuro da comunicação no Brasil. Às 16h, haverá palestra de João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo. Às 19h, será a vez da jornalista norte-americana Judith Miller falar sobre liberdade de imprensa.

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