Morreu na noite deste domingo, 12, em São Paulo, Cláudio Weber Abramo, pioneiro no jornalismo de dados e criador das ONGs Transparência Brasil e Dados.Org. Ele estava com 72 anos e lutava contra um câncer no intestino. O profissional estava internado havia alguns dias no Hospital Samaritano, na capital paulista. O velório será nesta segunda-feira, 13, na Funeral Home (rua São Carlos do Pinhal, 376, no bairro da Bela Vista, em São Paulo) e o corpo será cremado à tarde no cemitério São Pedro, na mesma cidade, às 14h30.

Defensor da integridade das instituições públicas, da transparência e do acesso a dados públicos, Cláudio era conhecido pelo combate à corrupção no Brasil. Foi diretor-executivo da Transparência Brasil por 15 anos e, depois, tornou-se vice-presidente do Conselho Deliberativo da entidade. Dedicava-se à Dados.Org, cuja missão é coletar, organizar e analisar  informações detidas pelo poder público, em parceria com o jornalista José Roberto de Toledo, da revista Piauí.

Cláudio era bacharel em Matemática pela Universidade de São Paulo e mestre em Filosofia da Ciência pela Unicamp. Em sua trajetória também foi editor de Economia da Folha de S. Paulo e secretário-executivo de redação da Gazeta Mercantil. Ainda, atuou como jornalista em veículos como Valor Econômico, Abril Cultural e IstoÉ. Há quase 20 anos lutava pela regulamentação do dispositivo constitucional que garante o acesso a dados públicos e assinou textos que, mais tarde, resultaram na estrutura da atual Lei de Acesso à Informação (LAI), aprovada em 2011.

O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Daniel Bramatti, lamentou a morte do colega. "Perdemos um batalhador pelas melhores causas e um amigo do bom jornalismo. Claudio Weber Abramo será sempre uma inspiração para quem luta pela democracia, pela transparência e pela aplicação correta dos recursos públicos. Na Abraji, as bandeiras que ele defendeu continuam erguidas", declarou. O diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas da Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos, Para Rosental Calmon Alves, disse que Claudio "foi um batalhador incansável e um herói da transparência no País, não só pelo trabalho que fez na Transparência Brasil, mas por todo o seu esforço para que o País tivesse uma Lei de Acesso à Informação".

Filho do jornalista Claudio Abramo e da chargista, ilustradora e desenhista Hilde Weber, ambos falecidos, deixa os filhos Luís Raul e João Baptista, do primeiro casamento; Lucas e Caio, do segundo relacionamento; e a enteada Isabel, da sua última esposa, Cristina Penz. Tinha, ainda, seis netos: Tomás Antônio, João Pedro, Guilherme, Manuela, Maria Luísa e Mariana.