O microfone não está mais nas nossas mãos, diz fundador da The Factory

Adriano Silva falou sobre a revolução digital e o futuro da indústria da mídia

Adriano Silva palestra sobre revolução digital e o futuro da indústria da mídia
A revolução digital e o futuro da indústria da mídia pautaram a palestra de Adriano Silva, sócio-diretor da The Factory, que publica o ProjetoDraft, nesta tarde, na Semana ARP da Comunicação. Diante de um público de pouco mais de 80 pessoas, na Casa Destemperados, o convidado detalhou os ciclos de evolução do cenário digital e de mídia, e deixou claro: "A crise que vivemos indústria da mídia é de modelo de negócios não de demanda". São tantas transformações que, ele garante, o mundo nunca mais será o mesmo. "Nunca mais vamos resolver um problema do cliente fazendo um vídeo, um anúncio. Nosso problema não termina quando se coloca a campanha no ar."
Da internet 1.0, com conteúdo estático e unidirecional e publicidade tradicional, à versão 4.0, que marca a decadência dos suportes físicos, o surgimento da mídia programática, fim da web (world wide web) e cloud computing, Adriano apresentou características das diferentes eras vividas até aqui, onde a marca passa de anunciante a publisher e agora a experiência. "É a era do branding experience, onde a marca se torna cidadã. Eu digo qual é minha causa e atraio apenas os consumidores que comungam comigo desses valores."
Adriano chamou a atenção para as novas possibilidades para as marcas. "Hoje, tudo é mídia, as pessoas são mídia e é aí que nós temos que comunicar", afirmou. Segundo ele, esta é a era da audição, do relacionamento. "A maioria dos haters são lovers e só precisam de um pouco de carinho. Esse é um desafio: como transformar nossos detratores em amantes da marca". Uma grande mudança, segundo ele, ainda não assimilada por alguns, está no fato de que imagem, reputação e branding agora são feitos pelos próprios consumidores. "O microfone não está mais nas nossas mãos. A gente não regula o que estão falando das nossas marcas", explicou. "Talvez, se tenha que deixar de gerar consumidores para transformar consumidores em fãs", resumiu.
Antes de fundar a The Factory, Adriano viveu por três anos no Japão e, ao retornar ao Brasil, passou a integrar o núcleo executivo da Editora Abril e atuou como diretor de redação da Superinteressante. Ainda trabalhou em televisão e foi chefe de redação do Fantástico, antes de decidir deixar a vida executiva para tornar-se empreendedor e, pela primeira vez, trabalhar com produto 100% digital. Foi assim que criou a Spicy Media, que trouxe ao Brasil os blogs Gizmodo, Jalopnik e Kotaku. Com a venda da empresa, abriu a Damnworks, focada em conteúdo de marca, em uma época em que as redes sociais ainda eram insipientes. Com o ProjetoDraft, voltou a ser dono de veículo de comunicação, o que admite como uma loucura.
Em um mundo em que todos podem produzir, o argumento do executivo é que o conteúdo assertivo e de qualidade continua sendo valorizado. "A questão é: temos que entregar isso no formato, periodicidade e preço que o consumidor quer. Os públicos estão todos aí. Tem muita comunidade desatendida. A comunidade que mais me interessou foi a da nova economia", disse ao esclarecer o surgimento do ProjetoDraft. "A gente conta a história de pessoas que estão testando modelos. Não estamos interessados em cases de sucesso, mas em hackers, em inovadores", enfatizou.
A Semana ARP da Comunicação segue na Casa Destemperados. Toda a programação tem cobertura de Coletiva.net, com apoio do Grupo RBS.

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