O valor da ideia é intangível, diz Dado Schneider

Para ele, a publicidade gaúcha tem muito para ser discutida ainda

Na última semana, o mercado publicitário debateu o tema 'O valor da ideia', durante a Semana da Comunicação. Em entrevista ao Coletiva.net, Dado Schneider, que tem 35 anos de carreira, afirmou que "o valor da ideia é intangível" e, portanto, é muito difícil cobrar por ela. "Hoje, há uma dificuldade grande em pagar por algo impalpável. O gaúcho é muito patrimonialista e concreto, por isso o valor da ideia no Estado é baixo, infelizmente", acredita. Com experiências como criativo, planejamento, empresário, consultor e, atualmente, palestrante, Dado diz que sempre fugiu do modelo de pagar pelo resultado, pois não acredita nele. "Eu dizia para o meu cliente: se o teu funcionário atender mal os consumidores, eu posso demiti-lo? Não, não pode. Bem, então ele vai prejudicar os resultados do meu trabalho", explicou.
Conhecido por ser polêmico e contestador, Dado esclarece que, na verdade, age como "advogado do anjo, e não do diabo", pois suas provocações visam ajudar a refletir e a construir a propaganda gaúcha. "Acho que nós estamos numa sinuca de bico. O Brasil está mil vezes mais rápido que o Rio Grande do Sul, assim como a capacidade de investimento do País também é muito maior que a do Estado", disse. Para ele, essa discussão sobre o valor da ideia deveria ser algo mais frequente no mercado publicitário, pois a Associação Riograndense de Propaganda (ARP) tem a missão de despertar nos profissionais o interesse por estas questões. "Por que não discutir o valor da ideia uma vez por mês, por exemplo?", sugeriu.
A nova geração é algo que preocupa Dado, pois acredita que é mais fanática, bairrista e até xenofóbica, e tudo isso de uma forma fundamentalista. "A sensação que me dá é que falta conhecimento histórico e antropológico para ter orgulho pátrio. Nos campos de futebol, o Hino Nacional é cantado como ódio à torcida adversária. O futuro é preocupante", diz, para completar: "Eu acho que um dia o Brasil vai é encher o saco de nós e dizer: separem-se".
O palestrante, que ministrou o painel 'O valor da ideia ruim' - ele contou experiências em que tomou decisões erradas e o que aprendeu com elas -, foi bastante assíduo em toda a programação da Semana ARP e diz que o saldo foi positivo. "Essa semana privilegiou a reflexão, a discussão, muito mais do que qualquer projeto de ego pessoal. Vieram pessoas, entre aspas, não muito famosas e com conteúdo muito acima da média", elogiou, completando que os resultados foram acima do que ele esperava.
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