Quem foi Dona Leonor Quadros?

Ex-secretária-executiva da ARI faleceu no início desta semana, aos 94 anos

Dona Leonor

Chamada por muitos de 'Anjo da Guarda da ARI', Dona Leonor Quadros, falecida nesta segunda-feira, 29, atuou durante 55 anos como secretária-executiva da Associação Riograndense de Imprensa (ARI). Na época em que assumiu o posto, a entidade era regida por Arquimedes Fortini. Natural de Santana do Livramento, veio para Porto Alegre em setembro de 1945, onde se formou em Direito, pela PUC.

Por meio de um tio que era secretário-executivo do Sindicato dos Gráficos, Dona Leonor teve a oportunidade de trabalhar na Editora Globo. Após um tempo, foi chamada para desenvolver outras funções na ARI, que era conhecida como a Casa do Jornalista. No período em que trabalhava na entidade, conviveu com os jornalistas Aldo O. Obino, Amaro Júnior Joaquim Magadan, Cândido Norberto, Ernesto Valdez, Francisco Ryff, Jorge Oliveira, Josué Guimarães, Justino Martins, Raul, Ruy Miranda e Walter Ferreira.  

Na associação, as atividades da advogada se resumiam à assistência social à comemoração do Dia da Imprensa e aos pronunciamentos da classe. Além de trabalhar com Fortini, Dona Leonor atuou na gestão de Alberto André e de Antonio Gonzalez. A ex-secretária-executiva se casou em 1948 com o também advogado, especialista em Direito Trabalhista, Manoel José Quadros, que faleceu em 2007. O casal teve quatro filhos: Valéria, que é psicóloga; Iara, advogada; Jussara, doutora em Literatura; e Marcos Vinícius, leiloeiro.

O atual presidente da ARI, Luiz Adolfo Lino de Souza, prestou suas homenagens à Dona Leonor Quadros e ao serviço que ela prestou durante mais de meio século à entidade. "Foi uma pessoa que, durante mais de 50 anos, recebeu com elegância e muita cordialidade todos os colegas jornalistas na ARI como se fosse sua casa", declarou ao Coletiva.net.

O cartunista Fraga, que assina uma coluna semanal no portal, era genro de Dona Leonor, casado com a primogênita Valéria. Sobre a morte da sogra, com quem conviveu de 1974 a 1985 como associado da ARI, ele enalteceu: "Ela foi um dínamo a serviço da Associação". Como secretária-executiva da instituição, o chargista lembrou que a profissional concentrava tarefas e providências administrativas e, "pela eficiência e capacidade produtiva, parecia uma equipe completa".

"Dona Leonor acumulou admiração e respeito em doses elevadas, sempre querida por sucessivas gerações profissionais", destacou Fraga, ao mencionar, ainda, que ela e o marido moraram no prédio da ARI, onde tiveram seus quatro filhos. Ele aproveitou o momento para prestar uma homenagem particular e escreveu ao Coletiva.net:

"A segunda Leonor descobri em 2005, ao voltar do centro do País para o Rio Grande do Sul. Conheci Valéria Quadros, a primogênita de dona Leonor, e tive a grata surpresa de saber que seria genro dela. E, por 12 anos felizes, convivi de perto, quase diariamente, com uma Leonor receptiva e calorosa. Nada do tipo como folclorizam as sogras. Me tratava como um filho a mais. Na casa dela me sentia na minha. Os almoços dos sábados ou aos domingos eram um evento familiar. E mantivemos vivo, só para nós dois, aquele prévio convívio da ARI. Lá, ela se dizia minha torcedora nas inscrições anuais ao prêmio ARI, embora dissesse isso a todos - torcia coletivamente. Bem humorada, era fã do humor do Sampaulo, do LFV e do Santiago, além do Chaves e do Mazzaropi. Mesmo aposentada, era cheia de energia e ainda um impressionante banco de dados da ARI: sabia de cor e salteado as datas de aniversário de todo mundo, e as citava a cada dia. Fui um ouvinte privilegiado de zilhões de histórias, inclusive da sua infância em Santana do Livramento. Enfim, foram só prazeres e risos ao lado dela, e assim a guardarei. Leonor Quadros, inesquecível para quem a conheceu."

Comentários