Rádio Digital caminha devagar no Brasil

Nos próximos dias 11 e 12, a Abert promove encontro para definir os próximos passos

Os debates sobre a digitalização da TV e do rádio foram iniciados simultaneamente, mas o processo de implantação da nova tecnologia na mídia radiofônica ainda não saiu da fase dos testes. Dois sistemas de digitalização estão sendo examinados: o norte-americano In Band-On Chanel (Iboc) e o europeu Digital Radio Mondiale (DRM). Embora estas avaliações venham sendo feitas há quatro anos por emissoras como as do Sistema Globo de Rádio, Bandeirantes, Eldorado, Jovem Pan e RBS, não foram consideradas conclusivas. Dos 20 testes autorizados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), apenas cinco relatórios finais foram entregues. 


Nos próximos dias 11 e 12, a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) estará reunida com Câmara Brasileira de Rádio para definir os próximos passos do rádio digital no Brasil. Em entrevista à Coletiva.Net, o presidente da Associação Gaúcha das Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), Roberto Cervo Melão, disse que estará presente no evento e que defenderá a adoção do sistema norte-americano da IBiquity. Segundo ele, com esse modelo não há a necessidade de remanejar os canais já existentes, pois mantém as mesmas frequências já em uso pelas emissoras. "Nós apostamos neste sistema, mas com cautela, pois é necessário superar as falhas existentes", explica.


Os gaúchos têm sido pioneiros no assunto: em 2003, a Rádio Gaúcha foi a emissora brasileira a fazer a primeira demonstração de rádio digital no Brasil. Dois anos mais tarde, em 2005, Porto Alegre foi a primeira cidade a testar o novo sistema, juntamente com São Paulo. A nova tecnologia possibilitará transmissões de áudio com qualidade de CD, nada de interferências ou chiados, além da transmissão de textos e imagens para o visor do rádio. Com a digitalização, há também a possibilidade de transmissão de até quatro canais, dentro da mesma frequência.


A mudança do analógico para o digital exigirá investimento médio de US$ 120 mil a US$ 150 mil por emissora para compra de transmissores e sistemas digitais. Os recursos para esses investimentos, segundo a Agert, viriam de financiamento, além de outras modalidades que estão sendo discutidas pelo governo. A preocupação de alguns pesquisadores é que a digitalização poderia acabar com rádios pequenas e médias instaladas no Interior, assim como as educativas e comunitárias, pois não teriam recursos suficientes para investir na tecnologia digital.

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