Para CNI, discurso otimista de que crise acabou é irrealista

Entidade entende que, se nada mudar, haverá uma desindustrialização no Brasil

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A crise continua na indústria brasileira. E se o governo não trabalhar  rapidamente para eliminar distorções tributárias, altos custos de  crédito  e  investimentos,  dificuldades para exportações, haverá, no período  pós-crise,  uma desindustrialização no Brasil. O alerta foi dado nesta  quarta-feira  à  noite  (17/06)  pelo  presidente  da Confederação Nacional  da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, depois da reunião do Grupo  de  Acompanhamento  da  Crise  (GAC), no Ministério da Fazenda, em Brasília.
"O  tal  discurso  otimista que tem ganhado espaço, de que o Brasil fez a travessia,  no  que  diz  respeito  à  indústria  é  irrealista.  Para  a indústria,  estamos  em  plena crise", constatou Monteiro Neto. "Temos de insistir  nessa  agenda  estruturante  para  sair  da  crise e para que a indústria  brasileira  não  venha  a  ser  menos  importante  num cenário pós-crise", alertou o presidente da CNI.
Entre  os  problemas  estruturais  que  a  indústria brasileira enfrenta, Monteiro  Neto  citou  o  acúmulo  de  créditos  tributários  (que não se consegue desonerar ao longo da cadeia produtiva), tais como a tributação excessiva  da energia elétrica e os encargos sobre a folha de pagamentos. "Ou  essas questões são enfrentadas ou o Brasil poderá, no pós-crise, se colocar  como uma indústria menor. Aí sim, experimentarmos um processo de desindustrialização", afirmou.
O  presidente  da  CNI  lembrou que o setor industrial foi o mais afetado pela  crise. "Os números são eloqüentes. A queda das exportações no setor de  manufaturados é dramática, estamos chegando a uma queda de quase 40%. Isso  significa que estamos perdendo empregos no setor", afirmou Monteiro Neto. Ele citou que o ritmo de queda da atividade industrial é, em média, três  vezes  maior  do que o do restante da economia. Enquanto o PIB caiu 0,8%  no  primeiro  trimestre  em relação ao quarto do ano passado, o PIB industrial teve queda de 1,8%.
Monteiro  Neto comentou  ainda  que  a CNI é a favor da manutenção do Imposto sobre Produtos  Industrializados (IPI) menor  para  os setores automotivo, de eletrodomésticos  (linha branca) e construção civil. "O IPI é uma questão dos  setores,  mas  defendo  a  renovação dos incentivos. Se você tem uma queda  muito  forte  nas  exportações  e  precisa do mercado interno para sustentar o setor, como o automotivo, que responde por mais de 20% do PIB da  indústria de transformação, esse efeito combinado é muito ruim. O IPI cumpriu um papel muito importante", finalizou.

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