Economista da Fiergs estima recuperação lenta para 2017

André Nunes de Nunes falou para empresários de Santa Cruz do Sul em evento promovido pelo SindiTabaco

O economista-chefe da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), André Nunes de Nunes, estima uma recuperação lenta para a economia do Estado em 2017. A previsão foi feita em Santa Cruz do Sul nesta quarta-feira, 30, no evento promovido pelo Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e pela vice-presidência Regional da Fiergs. Na ocasião, ele falou sobre o Cenário Econômico para 2017 para empresários do município.
Nunes avaliou que, ao longo dos anos, é possível observar períodos de recessão seguidos por ciclos de crescimento. "Entre 2002 e 2014, tivemos uma demografia favorável ao Brasil com a baixa taxa de fecundidade, a explosão das commodities e a disponibilização do crédito devido ao baixo endividamento fizeram o país dar um salto na economia, mas isso não deve se repetir", analisou.
"No curto prazo, prevemos um crescimento de 1,6% em 2017 e em 2018 de 2,5%, lembrando que saímos de um patamar de queda prevista em 3,4% em 2016, por conta da queda de produção industrial, de serviços e da agropecuária. No Sul, com período de La Nina brando, prevemos a possibilidade de estiagem baixa e não devemos ter grandes impactos na próxima safra", acrescentou.
Segundo o economista, o Natal de 2016 deve ser -3% menor em comparação com 2015, e não há uma perspectiva de crescimento para 2017 nesse sentido. "A recessão não irá durar para sempre e, em algum momento, daremos a volta por cima", falou. Aumentar a produtividade da mão de obra, desburocratizar, melhorar infraestrutura, fortalecer entidades que equilibram as finanças públicas e a sanidade da moeda foram alguns dos exemplos que ele deu para enfrentar os desafios.
Com relação ao crédito, Nunes defendeu que, depois de uma crise longa, mesmo uma empresa bem capitalizada pode depender do mercado de crédito para a operação. De acordo com ele, o acesso ao crédito começou a piorar em 2011, diminuindo o giro e a margem de lucro, combinado com a taxa de juros elevada que acaba afetando esse acesso. "Outra dificuldade para as empresas tem sido a alta carga tributária. Além do uso para capital de giro, as empresas acabam recorrendo ao crédito para pagar os impostos, ou seja, financiar o governo. A principal vitória que tivemos em 2016 foi a redução da inflação, o que poderá influenciar positivamente a taxa de juros", destacou.
Conforme Nunes, os elementos apontam que a taxa de câmbio deve ficar acima de 3,30, mas não se deve ter uma valorização acima de 3,50 até 2018, segundo a previsão. "Temos aí o elemento Trump que poderá interferir no mercado estadunidense e, em consequência, no câmbio. É preciso ter em mente que, quando falamos de câmbio, um evento pode mudar tudo", ponderou.
Veja as previsões e desafios a curto e a longo prazo:
No curto prazo:


  • A recuperação vai depender, fundamentalmente, da demanda interna (consumo das famílias e investimentos);

  • O cenário para 2017 é de crescimento baixo. Atualmente, as previsões divergem na magnitude deste crescimento;

  • As principais variáveis (inflação, juros, emprego, investimento, etc.) estarão um pouco melhor em 2017, mas nenhuma que se destaque;

  • Ainda é difícil apontar qual será o vetor do novo ciclo de crescimento. É provável que nós tenhamos que criá-lo!


 
Desafios a longo-prazo

  • Aumentar a produtividade da mão de obra;

  • Construir uma infraestrutura condizente com país que almejamos;

  • Melhorar o ambiente de negócios através da desburocratização;

  • Fortalecer as instituições que garantem os direitos de propriedade, o equilíbrio das finanças públicas e a sanidade da moeda.


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