Empresários pedem menos encargos em evento com presidenciáveis

"Nossa legislação é antiga e precisa ser reformulada", afirmou o diretor presidente do Grupo Gerdau, André Gerdau

Redução de encargos trabalhistas, instrumentos que permitam o aumento de competitividade da indústria, necessidade de decisões e ações mais rápidas do Estado e reformas constitucionais estão no centro das preocupações dos empresários manifestadas nesta terça-feira, 25, no encontro que a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) realizou com os presidenciáveis José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). Conforme divulgado na Agência Estado, cinco empresários fizeram uma exposição aos três candidatos antes do início do debate com cada um deles separadamente.
"Precisamos de isonomia competitiva", afirmou o diretor presidente do Grupo Gerdau, André Gerdau, levantando aos três candidatos os pontos tradicionais reclamados pelos empresários. Ele apontou o câmbio valorizado como limitador da exportação. Elegeu como obstáculos para esse caminho a elevada carga tributária, os juros, que "acabam inviabilizando investimento e gerando barreira para o crescimento", e pregou a redução dos encargos trabalhistas e o fim da burocracia. O empresário defendeu, ainda, investimentos na área de educação. Gerdau reconheceu que o tema de redução de encargos trabalhistas é polêmico, mas insistiu: "nossa legislação é antiga e precisa ser reformulada".
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Robson Braga, ressaltou que adiar a realização de reformas constitucionais faz parte do chamado "custo Brasil". Para ele, é necessário dar prioridade para as reformas com maior impacto sobre a competitividade. "A vontade do presidente da República é fundamental (para as reformas)", disse, principalmente por causa do alto capital político do eleito.
O presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Horácio Lafer Piva, afirmou que falta ao Estado a velocidade de decisão e de ação que toda empresa busca. "Isso vai depender do compromisso do próximo presidente", completou. O empresário disse aos três presidenciáveis que a indústria não é apenas um grupo de pressão, mas uma parte importante da solução.
O presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, citou a necessidade de acabar com os impostos de exportação e lembrou do déficit na balança comercial, quando se trata de produtos de alta e média tecnologia. "Quanto maior o valor agregado, mais deficitário. Isso representa uma real ameaça à produção industrial", disse. "Somos a oitava economia do mundo, ao passo que somos apenas o vigésimo exportador", ressaltou.
Ainda na parte inicial do encontro dos presidenciáveis na CNI, o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, cobrou mais investimentos. "O Brasil está perto de investir R$ 120 bilhões por ano em infraestrutura e precisa chegar a algo perto de R$ 160 bilhões", disse. Ele citou estudo no qual o Brasil, em um grupo de 133 países, está na posição 27 em eficiência, se levado em conta só o setor privado. Quando se leva em conta a eficiência do Estado, ele cai no ranking para o número 128 de 133. "Precisamos nos debruçar fortemente em melhorar a eficiência do aparato do Estado, melhorar a relação custo-benefício da arrecadação tributária", disse.
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