João Satt Filho: Gosto de atuar em equipe

A leitura como um hábito diário, uma peça fundamental para a engrenagem humana e profissional trabalhar no compasso certo, foi também o instrumento básico

João Satt - Reprodução

A leitura como um hábito diário, uma peça fundamental para a engrenagem humana e profissional trabalhar no compasso certo, foi também o instrumento básico de uma carreira profícua no mundo publicitário. A sagacidade com que devora quase 10 livros, mensalmente, serviu de base para que João Satt Filho também encontrasse no trabalho com marcas o esteio para o crescimento da sua empresa. É na direção da Competence, uma das cinco maiores agências do Sul do país, que ele, hoje, busca renovar sempre o que aprendeu. "Eu gosto de atuar com a minha equipe. Acho que, agora, posso ser o técnico desse time, dando lugar para pessoas com ainda mais gás entrarem em campo.

Essa concepção de buscar o aprimoramento das ações, e a própria reciclagem interior, motivaram ainda mais o executivo, de 44 anos, como frisou ao conceder essa entrevista ao Perfil, da Coletiva.Net. Especialista em Marketing pela ESPM, como prefere se autodenominar, João Satt tem suas aspirações pessoais e profissionais muito bem conceituadas. "No mercado, as pessoas me conhecem como aquele João do planejamento em comunicação", ressalta. Talvez seja por isso que as perspectivas futuras são estruturadas quando fala da empresa e do cotidiano. "Tenho alguns projetos, mas um dos mais difíceis vai ser aprender a jogar tênis", brinca. Porto-alegrense de nascimento, casado e com três filhas, o publicitário é um profissional dedicado, que trabalha de 10 a 12 horas por dia, e acorda muito cedo para ler "num horário calmo, sem barulho e atribulações". Todo esse pique, porém, é esquecido nos finais de semana, quando a dedicação à família merece tempo integral para poder "acompanhar as gurias".

Dessa tarefa nada estafante, João não se desenlaça. "Adoro ir para o sítio ou para a praia, levar o meu pessoal e aproveitarmos juntos esses momentos", diz ele. A proximidade familiar é facilmente percebida. Das reuniões do grupo em casas de amigos, João Satt só se desvencilia se for para dar uma "passadinha no Baguta", restaurante que tem entre os seus sócios o irmão Paulo Satt. É lá que prefere se deliciar com as especialidades da casa.

Promovendo ações

Além da literatura, a música tem espaço garantido no dia-a-dia do executivo e do profissional. Duas coisas que gosta de ver por ângulos diferenciados. Talvez pelo fato de ter boas histórias para contar nas duas versões. Da música, absorveu o início de uma ação como promotor de eventos, inicialmente. Foi à frente do Teatro Leopoldina (hoje, Teatro da Ospa), então de propriedade da família, que o jovem João Satt enveredou para o lado das marcas, das promoções, do atendimento e da construção de idéias que vendem. "Eu tinha 18 anos, e foi a partir de atividades como o Sabor Bem Brasil, no início da antiga Ribalta Promoções, que tive os primeiros contatos com esse mercado de eventos", relembra.

Dessa época de envolvimento musical e teatral, guarda alguns dos ídolos musicais que preserva até hoje, como Pink Floyd, The Who e Eric Clapton. "Gosto também de coisas mais novas como Enya e Simply Red, mas o bom Cat Stevens sempre me emociona", afirma. O cinema aos finais de semana, também é programação certa com a esposa Iara Satt. Sem predileção especial, busca assistir ao maior número de lançamentos cinematográficos possíveis. Ao abrir a biblioteca que mantém em seu escritório, praticamente para o que poderia se chamar de consumo interno, nota-se a dificuldade de encontrar autores para citar. A diversidade de escritores e temas pode até confundir um leitor desavisado. "Estou terminando de ler, agora, o livro do Andy Law sobre a St. Luke´s, a primeira agência socialista do mundo", informa.

Desse hábito inerente à sua figura, João Satt colhe boas oportunidades de estreitar os laços de amizade. "Recentemente, acabei fazendo com que um grupo de amigos lesse a série Ramsés, o Filho da Luz, que são cinco livros muito interessantes", indica. Por isso, todos sabem que o presente mais apreciado só poderia ser um: livro. Para manter esse pique de executivo, profissional de marketing, leitor assíduo e pai, João Satt não dispensa a ginástica regularmente, como forma de aproveitar mais o prazer intelectual, como define. Para isso, também colaboram as viagens anuais, fora da ponte aérea com Curitiba, onde a Competence também mantém uma sede para consolidar o seu maior projeto, depois do tênis, que é a consolidação do Grupo Competence, em 2005. "Procuro viajar com a família, pelo menos, uma vez por ano para a Europa, onde tentamos conhecer a cada passagem mais fatos sobre a história européia e seus reflexos no mundo", salienta.

Equilíbrio social
A atuação em um mercado tão competitivo, reforça a perspectiva social de João Satt Filho. "Acho que sei mais sobre política do que gostaria de entender de futebol", diz, atribuindo a isso certa influência de um dos mais importantes publicitários do país, Antônio Mafuz, nos áureos tempos da MPM, com quem trabalhou. Também nesse quesito, ele não deixa dúvidas de que a concepção de centro-esquerda, de justiça social e equilíbrio de oportunidades marca o seu sentimento como cidadão. "Acho que também no mundo econômico está existindo uma revisão, em que fica comprovado que as ações extremadas não são as mais saudáveis".

Para ele, a inclusão de todos os cidadãos na sociedade econômica deve ser acelerada. Como ao citar o publicitário Mafuz, João Satt também reserva aos colegas Julio Ribeiro (Talent), Washington Olivetto e Paulo Giovanni (da Giovanni, FCB), espaço reservado em suas referências. "Claro que não posso esquecer o Marcos Paim, com quem iniciei nesse trabalho de publicidade e fui até 1990, quando decidi encarar minha própria convicção, criando a Competence". Nesse ponto, lembra os 10 anos de sua agência, que faz questão de tratar como a primeira especializada em criação e gerenciamento de marcas, que além de nicho de mercado é motivo de renovação constante e aprimoramento profissional e técnico. "Isso me lembra campanhas como O Tapa, feita para a Lojas Paquetá, e que valorizava a mulher como uma pessoa independente, num momento em que a propaganda estava muito comportada, lá em 93". Recorda ainda o posicionamento para a Panvel, sob o slogan "Tudo o que fazemos tem carinho".

No âmbito nacional, Satt elogia o sucesso da série Os Siris, da Brahma, e as campanhas da Pepsi. Tendo por filosofia de vida que "só se colhe o que se planta", ele acredita que o caminho do sucesso é não confundi-lo e nem acomodar-se com conquistas. O segredo de João é outro, e revela: "Permanecer em estado líquido do sucesso".

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