Ângela Baldino: Preparada para desafios

Ela fez um pouco de tudo em sua vida. Já atuou em produção de eventos, edição e publicação de livros, marketing político, assessoria de …

Ela fez um pouco de tudo em sua vida. Já atuou em produção de eventos, edição e publicação de livros, marketing político, assessoria de imprensa, consultoria de marketing e área de planejamento. Recentemente assumiu a presidência da Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil (ADVB), sendo um marco da entidade como primeira presidente mulher. A jornalista Ângela Baldino, 45 anos, porto-alegrense, destaca que a persistência é sua principal característica. "Não consigo não terminar minhas coisas", revela. Sempre dedicada ao trabalho, acredita que o sucesso é atribuído ao fato de ser fascinada por desafios. "Eu gosto de desafios, em tudo que eu entro, é com muita vontade". Ângela cursou o ensino médio e fundamental no Colégio Anchieta. Terminou o curso e foi morar nos Estados Unidos, onde ficou por um ano fazendo cursos de inglês. Conta que voltou da viagem muito entusiasmada e decidida a ser fisioterapeuta. Como não havia ainda o curso na Ufrgs, resolveu cursar Educação Física. Nada disto evoluiu, pois anos mais tarde, formou-se em jornalismo, também na Ufrgs. Em uma de suas férias de faculdade, conheceu o grupo de teatro Macunaíma, liderado por Antunes Filho, e foi viajar pelo Brasil para fazer a produção da peça teatral. Em uma das paradas, junto com o grupo, em Salvador, a jornalista conheceu o etnólogo francês Pierre Verger, que estudava a cultura negra. Encantada pelos trabalhos do estudioso, decidiu apoiá-lo nos projetos. Editou a versão em inglês do livro Retratos da Bahia e trabalhou três anos na editora Currupiu, onde teve a oportunidade de publicar livros de Jorge Amado e Zélia Gatai. Na época, Ângela tinha apenas 21 anos, o que explica por que acha que a Bahia foi o seu verdadeiro despertar para o mundo. "A experiência que tive lá foi um universo que se descortinou, além de ter enriquecido muito a minha vida. Eu aprendi e conheci muito da cultura negra da Bahia, como poucos baianos conhecem", afirma. Após três anos na Bahia, decidiu voltar para o sul. Empolgada com tudo que tinha vivido em Salvador, realizou em Porto Alegre a 1ª Semana Afro Brasileira, quando trouxe renomados artistas e profissionais engajados na cultura negra. Nesta época, em 1983, investiu na carreira de produção de eventos. Trabalhou também no lançamento de livros e organização de eventos na extinta Livraria Armação. Logo, foi trabalhar com o deputado Carlos Araújo, na Assembléia Legislativa. A assessoria política foi a primeira experiência no jornalismo. Em 1985, Ângela voltou a atuar como jornalista, desta vez na campanha de Alceu Collares à prefeitura de Porto Alegre. A experiência resultou no livro "Diário de Campanha", obra que, segundo ela, lhe custou cinco quilos a mais e muitos cabelos brancos, entre outros problemas. "Eu mesma não tenho nenhuma cópia do livro, foi uma confusão a edição". A incomodação levou-a sair da política partidária: "Como eu tenho dificuldade de enxergar no outro o meu inimigo, eu larguei o jornalismo político", destaca ela. Foi então que montou uma empresa, a Fato Assessoria, onde organizava eventos com consultores de moda.
Um pouco de tudo
Em 1988, foi convidada por Jorge Polydoro para trabalhar na Plural Comunicação, onde assumiu a área de desenvolvimento de projetos. "A Plural foi minha grande escola, porque convivi muito com essa área empresarial", conta. Depois de cinco anos, já considerando-se "parte dos móveis e utensílios da Plural", optou por buscar novos desafios. "Eu queria fazer outros vôos, estava muito no jornalismo impresso", diz. O desejo foi atendido rapidamente, quando o empresário Hermes Gazola convidou-a para dirigir a área de comunicação da Refeições Puras, onde atuou por um ano. Já em 1993, após a conclusão da especialização em Marketing, na ESPM, Ângela começou a trabalhar como consultora desenvolvendo projetos, como a edição da Revista Agas e a redação de cases de marketing. Depois disso atuou ainda no desenvolvimento do núcleo institucional da agência Escala e assumiu o marketing dos projetos prioritários da Secretaria Geral no período do Governo Britto, a convite do deputado Nelson Proença, com quem trabalhou durante três anos. Como ela bem diz, "a gente faz um bocado de coisas na vida". Sua busca incansável por desafios não parou por aí. Depois disso tudo, Ângela trabalhou ainda na Gazeta Mercantil, onde participou da estruturação da extinta Gazeta do Rio Grande do Sul, sob o comando de Hélio Gama. Depois passou pela Opus Eventos, ao mesmo tempo em que prestava consultorias para empresas como Brasken, CCR e Grupo Predial. Hoje, considera-se pronta para assumir a presidência da ADVB: vê nisso muita responsabilidade e grandes desafios à frente, mas não se sente intimidada ao lembrar que terá sempre a companhia dos demais integrantes da diretoria. "Somos uma equipe, assim como lidero-os, eles também me comandam. É uma via de duas mãos", explica.
O outro lado
De origem italiana, por parte de pai, Ângela Baldino faz jus a sua ascendência. "Sou bem gringa mesmo, bem emotiva, expansiva e muito franca. Já não sei se essa franqueza é uma qualidade ou um defeito". Como estudou Educação Física, gosta de manter o físico em dia. Caminha sempre que há possibilidade e mantém uma alimentação saudável, limitando-se a não comer gorduras. Caminhar é seu hobby preferido, prática que, segundo garante, lhe faz muito bem e funciona como uma espécie de relaxamento. "Eu acho que quando a gente caminha as idéias vão para o lugar. É como aquele velho ditado: no andar da carroça, as melancias se acomodam". Ângela revela que adora ler e que seu gosto pela leitura é eclético. "Leio muitos jornais por dia, acho que como jornalista a gente tem obrigação de ler tudo". Recentemente descobriu um lazer muito prazeroso: andar de lancha no Rio Guaíba. "Como sou muito agitada, isso também me relaxa". Em relação a cinema, ela diz que gosta de ficção, embora revele que é do tempo em que o cineasta sueco Ingmar Bergman fazia grande sucesso com filmes que ela adorava. Na música, destaca que aprecia as criações e performances da cantora Madonna. "Acho muito interessante o modo como ela se posiciona, ela tem o seu marketing". Destaca que viajar também está entre suas paixões e que depois de conhecer muitos países do exterior, está em "um momento de curtir as belezas do Brasil". Ângela não tem filhos, mas a relação dela com a única sobrinha "é semelhante ao amor incondicional de mãe. Ela mora em Santa Catarina, mas praticamente acompanhei toda sua criação e hoje ela é como minha filha." Como tudo na vida de Ângela tem seu momento, agora é a vez da ADVB. Com todas suas forças voltadas para a gestão da entidade, ela almeja transformá-la em referência de marketing no Estado. Faz questão de frisar que desenvolverá um trabalho em equipe e que será a representante do grupo, na tentativa de buscar a excelência em atuação. "Estamos doando nosso capital social e temos um desafio daqui para frente. Eu quero de alguma forma enaltecer o trabalho que foi desenvolvido pelos presidentes anteriores", salienta. Fazendo uma retrospectiva de todas as experiência vividas, Ângela afirma ser muito grata à vida e que ela lhe deu muitas coisas boas, além de todo um aprendizado imenso. "Eu me considero uma pessoa de sorte e plenamente realizada com as minhas atividades", destaca ela, concluindo que "essa é a Ângela".

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