Rita Campos Daudt: Alegria de viver

“Nunca pensei em outra profissão, sempre quis ser jornalista”. A frase expressa a paixão e a determinação de Rita Campos Daudt, ao relatar sua …

"Nunca pensei em outra profissão, sempre quis ser jornalista". A frase expressa a paixão e a determinação de Rita Campos Daudt, ao relatar sua trajetória de 35 anos dedicados ao jornalismo. Movida por desafios e pela busca constante da realização profissional, nunca deixou de lado sua maneira simples de viver. Depois de vencer muitos obstáculos na profissão e superar preconceitos, a simpática Rita é o modelo de mulher moderna - ao mesmo tempo em que ocupa o invejado cargo de diretora Institucional da Brasil Telecom, mantém uma exemplar dedicação à família. Para ela, a riqueza está em viver a simplicidade tanto na postura profissional como na pessoal. Filha de militar, Rita veio de Santiago para capital aos 17 anos. O primeiro emprego foi em 1967, na União de Bancos Brasileiros, atual Unibanco, como escriturária. Em 1972, formou-se em Jornalismo na PUCRS. Sempre gostou muito de futebol, acompanhava todos os jogos e chegou até a ter um caderno de anotações de gols e faltas dos jogadores e times. O conhecimento e a paixão pela área esportiva renderam, em 1969, um emprego na cobertura de esportes da Rádio Gaúcha. "Tinha muitas limitações para a mulher entrar em alguns ambientes e até mesmo circular dentro do campo de futebol. Alguns jogadores não davam entrevistas. Não havia, naquela época, nada que favorecesse as mulheres no jornalismo esportivo, mas foi uma experiência maravilhosa", lembra. Como a proposta da Rádio Gaúcha não vinha ao encontro do que Rita desejava, decidiu aceitar o convite de trabalhar no departamento de marketing e eventos da RBS. Hoje, ela diz que a experiência adquirida na época foi fundamental para seu aperfeiçoamento profissional. " A atuação no marketing da RBS me deu um visão muito abrangente de comunicação institucional e global", conta. Em 1973, Rita assumiu o departamento de marketing da Epatur (Empresa Porto-Alegrense de Turismo), onde também trabalhou com eventos e promoções, durante dois anos e meio. Já em 1975, foi convidada novamente para retornar à RBS e trabalhar na mesma área. Ao todo, foram sete anos no marketing da rede. Porém, o grande sonho falava mais alto: "Praticar o puro jornalismo". Por ironia do destino, o sonho foi realizado. Após a licença-maternidade, do primeiro filho, Luís Carlos - hoje com 25 anos -, a jornalista pediu para deixar a RBS. Foi quando surgiu o convite para trabalhar apenas por um período na Rádio Gaúcha novamente, só que desta vez na área de produção de alguns programas. Resultado: acabou ficando 20 anos na RBS, sendo 10 deles na produção de programas de rádio de Leonor de Souza, Celso Ferreira, Paulo Josué, José Antônio Daudt, Mendes Ribeiro e Lasier Martins. Rita acompanhou os diversos estilos de programação adotados pela Gaúcha até o efetivo radiojornalismo. Da experiência, ela relembra alguns "feitos" com muito carinho, desde a produção de horóscopos e respostas às cartas de ouvintes até a produção geral do Gaúcha Repórter. "Foi a época que conseguimos fazer um jornalismo mais elaborado, mas compreensível aos ouvintes. Não gostava daquele jornalismo de denúncias que era muito praticado na época. O meio de comunicação não denuncia nada. Esse não é o papel do veículo. O meio deve expressar as irregularidades e não denunciar", defende ela. Em 1991, daí já no final de sua atuação como coordenadora da produção de todos os programas da Gaúcha, Rita foi parar no Gabinete de Imprensa da Câmara Municipal de Vereadores, onde trabalhou durante cinco anos. Em 1997, assumiu então a gerência de comunicação e marketing da estatal CRT, atual Brasil Telecom. Acompanhou todas as negociações antes e depois da privatização total da empresa de telefonia. Em 1999, passou a exercer o cargo de superintendente de Comunicação e Imagem, e atualmente atua como diretora Institucional da Brasil Telecom. Ao fazer um retrospectiva de sua trajetória profissional, revela que ama o que faz e sente-se extremamente realizada com sua profissão. Não é por acaso que Rita literalmente está à frente da Brasil Telecom, intermediando as relações da empresa com mercado, imprensa e clientes. " Não mexe muito comigo a representatividade do cargo que exerço. Não ligo muito para essa vaidade", explica. Com uma alegria de viver admirável, Rita confessa que nem pensa em parar de trabalhar, muito menos em diminuir o ritmo de trabalho. " Eu gosto muito do que faço e tenho um pique maravilhoso. Eu tenho uma facilidade de administrar o tempo. Não preciso parar", diz. A dona de casa Casada há 26 anos com o também jornalista Luís Paulo Daudt, Rita admite que grande parte das horas de folga é dedicada à família, que é formada ainda pelos três filhos do casal, Luís Carlos, de 25 anos, Luís Paulo, 24, e Ana Rita, de 21 anos. "Meus filhos são maravilhosos, são muito compreensivos", diz com orgulho, relembrando que, quando pequenos, faziam reuniões para decidir se ela podia trabalhar turno integral. Paralelamente à sua atividade profissional, Rita dedica-se aos estudos de Teologia. Católica praticante, ela já deu aula de catequese e crisma, e agora participa ativamente de grupos cristãos, além de ir todos os domingos à missa. "Procuro sempre manter a espiritualidade e o testemunho. Quando se é cristão deve-se ter uma postura correspondente aos valores", diz. Durante 22 anos fez natação e por um problema na cervical teve que deixar de praticar o esporte. Hoje, anda na esteira na hora do almoço, tudo porque a atividade física sempre foi fundamental para ela. Muito caseira, a jornalista conta que não é muito da "vida social" e que sua casa é apropriada para o desfrute da família. Mesmo com uma pessoa que a auxilia na manutenção da casa, Rita revela que não abre mão de um "velho e amado hábito": fazer o jantar. "Eu tenho que fazer a janta para eles. Chego em casa, troco de roupa, desço do salto e vou direto para cozinha." Os pratos? Dos simples aos mais requintados. Ela sempre inventa uma comida diferente. "Eu gosto de cozinhar. Não pelo alimento, mas para mostrar que essa é a hora em que dedico o meu tempo e carinho para fazer algo pela minha família". E ela não abre mão disso, pois mesmo quando está em compromissos profissionais à noite, sempre dá um jeitinho para fazer o jantar da família. "Mesmo cansada, eu adoro. Sinto muito prazer em fazer isso", revela. De onde vem o sucesso? Nos fins de semana, Rita vai para o sítio, refúgio da família localizado em Estrela. "Este é o meu lado rural. Faço de tudo lá, pesco, capino, planto, ando de barco, toco violão e canto", diz a jornalista, que conta também que tem um galpão crioulo onde gosta de praticar os talentos musicais. "Toco desde menina, aprendi com meu pai. Mas só toco o básico", diz. Na leitura, prioriza obras da doutrina e espirituais. Mas, nas férias, prefere ler livros "água com açúcar", como gibis e romances simples. O último livro lido foi "Perdas e Ganhos", de Lya Luft. O cinema não é muito freqüentado devido à falta de tempo e ela acaba vendo filmes em casa. "Como eu já tenho muitos compromissos, nas folgas eu sempre opto por ficar em casa ou ir para o sítio", salienta. Além de cozinhar, Rita diz que outro de seus hobbies é mexer com plantas. Todas as manhãs, antes de ir para o trabalho, cuida de sua "horta", onde cultiva hortelã, manjericão, tomate cereja, alface, orégano e pimentão. "Eu não consigo colocar sementes fora, então todas elas coloco no canteiro", conta. Outro dos seus prazeres é fazer churrasco, desde que descobriu que lavar espetos é mais fácil que lavar panelas. "E que não se assustem as mulheres, pois fazer churrasco é muito mais fácil que cozinhar . É preciso apenas ter cuidado para não melindrar os homens, certo?", brinca Rita. E qual é ó segredo para tanta alegria e vontade de viver? "A pessoa de sucesso é aquela que ganha para fazer o que gosta", destaca Rita, utilizando uma frase que serve de modelo para definir o segredo do sucesso. Para Rita, o profissional precisa descobrir dentro de si mesmo qual é a sua verdadeira vocação e talento. "Quando acontece isso, a pessoa vai ser realmente boa naquilo. Conseqüentemente ela vai ser gratificada por simplesmente fazer o que gosta, aí se encontra o sucesso", conclui Rita.

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