Fábio Bernardi: Política nas veias

Com apenas 32 anos, ele se destaca entre os melhores criativos do mercado publicitário gaúcho. A espontaneidade é característica marcante de Fábio Bernardi, cujas …

Fábio Bernanrdi - Reprodução

Com apenas 32 anos, ele se destaca entre os melhores criativos do mercado publicitário gaúcho. A espontaneidade é característica marcante de Fábio Bernardi, cujas ações e atividades profissionais ao longo desses 14 anos de carreira foram, quase sempre, "por acaso". Aliás, criatividade não falta para ele, que revela seguir seu coração na hora de colocar as idéias em prática. Filho do ex-deputado Celso Bernardi, Fábio - como os próprios amigos opinam -, "não poderia cair muito longe do pé". Só que, neste caso, Fábio não quis ser político e, sem planejar, envolveu-se com os "bastidores" da atividade. Tarefa que não foi muito difícil para ele, que só precisou aliar seu talento como publicitário a uma tendência que já vinha de berço.

Natural de Santo Ângelo, Fábio veio morar em Porto Alegre aos oito anos. Ele assegura que o fato de conviver com a política desde pequeno nunca influenciou suas decisões, mas, ao mesmo tempo, confessa que vê vantagens e desvantagens nisto. No último ano do ensino médio, em 1990, conseguiu um emprego em uma agência de propaganda da Capital, a Produarte, como redator. Ele conta que essa primeira atuação na área não foi nada fácil, pois não havia ali um profissional em quem se apoiar. "A primeira vez que tive de fazer um texto de 30 segundos para rádio, eu reescrevi 54 vezes. Fui aprendendo meio na marra", lembra. Decidiu então cursar Publicidade e Propaganda. Já no primeiro vestibular, Fábio saiu-se vitorioso, sendo aprovado no curso de Jornalismo, pela Ufrgs, e em Publicidade, na Famecos. Conseguiu conciliar os dois cursos por algum tempo, mas devido à falta de tempo e à grande demanda de trabalho, não chegou a concluir nenhuma das faculdades.

Em 1992, foi convidado para substituir um amigo durante as férias, na Nova Forma, agência que marcou a trajetória de Fábio, pois, segundo ele, "foi onde aprendi a entender o mundo da propaganda". Em 1994, ano de Copa do Mundo, Fábio, um fanático por futebol, pediu demissão da agência porque queria assistir a todas as partidas do campeonato. "Desde 1982, assisto todos as partidas da Copa do Mundo. Não podia perder aquele evento. Por isso, como não ganhei férias, pedi demissão", conta ele. Foi então que começou a atuar como free-lancer para outras agências. Em 1995, foi convidado para trabalhar na área de criação da DCS. "Fui muito feliz nesta época. Além de aprender muito com o Beto Callage e o Antônio D'Alessandro, foi lá que comecei a fazer campanhas políticas". Em 1996, realizou, juntamente com a DCS e DM9, a campanha de Yeda Crusius, que foi candidata a prefeita em Porto Alegre. "A partir daquele momento, comecei a me envolver com o marketing político intensamente, conhecer profissionais da área e estabelecer relacionamentos", diz.

Razão x coração

O publicitário conta que sua trajetória foi marcada por muitas decisões e que estas, na maioria da vezes, foram determinadas conforme o que realmente queria fazer, "apenas motivado pelo coração". Em 1998, Fábio foi convidado para participar da campanha de Antônio Britto nas eleições para governador. Decidiu sair da DCS e aceitar o convite para trabalhar com o publicitário Duda Mendonça. "Fiquei só três meses, não me adaptei ao formato de trabalho da agência. Todo mundo ficou louco comigo, mas sei que agi com o coração. Acredito que não dá para racionalizar todas as decisões." Segundo Fábio, a decisão, ao contrário do que todos pensavam, não trouxe conseqüências ruins. No mesmo dia, por intermédio da relação mantida com o já falecido Geraldo Valter, ex-diretor da DM9 e ex-sócio do publicitário Nizan Guanaes, recebeu o convite para trabalhar na criação da campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo. "A experiência foi tão grandiosa, que quando acabou, resolvi que não ia mais ser um simples redator". Ao retornar para Porto Alegre, abriu um escritório de consultoria, o "Imagem Pública", onde durante três anos fez consultorias, projetos de campanhas políticas e produções para outras agências. Em 2001, fechou o escritório para dedicar-se na criação da campanha de seu pai, que se candidatara a Governador do Estado.

Encerradas as eleições, em outubro de 2002, iniciou na agência Paim, por meio de um convite do amigo Marcelo Pires. Em janeiro de 2003, surpreendeu-se com o convite do governador Germano Rigotto para assumir o cargo de coordenador de Publicidade do Governo do Estado. "A minha atuação no Governo foi uma experiência maravilhosa, mas eu ainda achava que não tinha encontrado meu foco. Quando surgiu a idéia do Núcleo Marcelo Pires, eu vi que ali poderia exercitar outras facetas da publicidade, além da criação". Em maio de 2003, saiu do Governo e retornou para a Paim Comunicação, desta vez para atuar no novo núcleo da agência. Em fevereiro deste ano, Fábio assumiu como diretor da conta publicitária da TIM Celular. Há 15 dias, a TIM encerrou contrato com a Paim, mas a expectativa de Fábio é permanecer atuando na agência, adiantando que o seu próximo desafio será fazer parte do negócio da propaganda, deixando um pouco de lado a área de criação. "Não tenho a menor vontade de sair da Paim, mas é uma decisão que não depende só de mim. Tenho muito claro o que quero daqui para frente na minha vida profissional", enfatiza Fábio.

Eclético para tudo

Fábio é casado há sete anos com a consultora de viagens Léa Rosa Bernardi. O casal não pretende ter filhos. Nas horas de folga, o publicitário divide o tempo para praticar as atividades preferidas: leitura, cinema e o Sport Clube Internacional. A paixão pelo time de futebol gaúcho é tamanha que Fábio é conselheiro do Inter desde 1998. "Eu já fui mais fanático, mas depois de participar do Conselho eu deixei de pautar minha vida pelo time", revela. No entanto, mesmo que não se considere fanático, ele admite que não perde um jogo do Inter, quando realizado no Estádio Beira Rio. Na hora de ler, o publicitário não tem restrições. "Eu sou muito eclético, gosto de ler tanto obras de literatura como técnicas". Na cabeceira, está o livro "Política", de Adam Thirlwell. A música também está presente no cotidiano de Fábio, que dispõe de um acervo de mil CDs em casa, cujos gêneros são variados. "Se eu tiver que escolher um estilo, eu opto pelo MPB", diz. O cinema é outro hobby que tem espaço reservado na vida de Fábio. "Eu assisto a filmes com prazer duplo, pois, além de lazer, contribuem para o meu trabalho".

Nos fins de semana, gosta de ter uma programação variada, que inclui viagens e reuniões com amigos e com a família. Aproveita também para jogar futebol e praticar corrida, suas atividades físicas favoritas. Entre os programas também está o de ir para o sítio da família, localizado no Guaíba Country Club. Lá, além de divertir-se, jogando sinuca, também aproveita para descansar. Nas relações pessoais e profissionais, ele destaca uma riqueza: "Saber ser amigo". Segundo Fábio, a qualidade é reconhecida pelos amigos e talvez isso justifique as inúmeras amizades que mantém. Já como defeito, ele não hesita em dizer que o mais representativo é tentar abraçar o mundo. "Às vezes, eu tento fazer muitas coisas de uma vez só, dar o passo maior que a perna. O meu defeito é não saber dimensionar as coisas", enfatiza. Mas revela que agora seus esforços serão direcionados para o seu grande projeto do momento: realizar e conciliar seu sonho profissional, que não revela mas será, certamente, junto à agência Paim.

Para conseguir alcançar os objetivos e sonhos, Fábio Bernardi procura fazer jus a sua filosofia de vida, baseada em entender que todo o dilema de hoje será resolvido amanhã. O provérbio indiano "Tenha fé em Deus, mas reme para longe das pedras" é outro parâmetro para suas atitudes. "Eu tento não resolver problemas antes que eles aconteçam. Não podemos perder tempo com coisas que não são importantes. Devemos nos preocupar com saúde, felicidade da hora, com a amizade das pessoas e principalmente, em fazer o que realmente gostamos", aconselha o publicitário, revelando que o segredo do sucesso é simplesmente "viver bem".

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