Renato Martins: A brincadeira continua

A paixão de Renato de Oliveira Martins pelo jornalismo nasceu quando ainda era um guri

A paixão de Renato de Oliveira Martins pelo jornalismo nasceu quando ainda era um guri. Hoje, aos 37 anos de idade e 20 de carreira, esse geminiano é exemplo de persistência e dedicação em sua trajetória profissional, destacando-se no radiojornalismo gaúcho. Aos 12 anos, Renato já montava estúdios de rádio em qualquer parte da casa que a mãe autorizasse. Ali, ele ficava horas bancando o apresentador de sua emissora fictícia. "Em todo lugar que eu ia, seja em período de férias ou em outras viagens, a primeira coisa que eu tinha que fazer era montar meu estúdio. Eu colocava músicas, informava temperatura, lia as notícias do jornal e fazia comentários", relembra.

A brincadeira contribuiu muito para sua profissionalização como comunicador antes mesmo de ingressar na faculdade. "Era uma coisa completamente autodidata, mas brincando eu fui me preparando para o mercado", considera ele. A primeira experiência com radiojornalismo foi na Rádio Educadora, da Feplam, com produção e edição de notícias, em 1984, pouco antes de ingressar na faculdade de jornalismo na PUCRS. "Eu fazia tudo, só que a minha voz não podia aparecer porque não era formado ainda", lembra. Depois de um ano, com uma carta de recomendação da Feplam em punho e, como ele próprio diz, "com a cara e a coragem", Renato foi tentar uma oportunidade na Rádio Gaúcha. Após o término da entrevista com um dos dirigentes da rádio, já estava contratado para trabalhar na emissora, iniciando na produção dos programas de José Antônio Daudt e Flávio Alcaraz Gomes.

Em 1986, Renato foi convidado para assumir a produção do Gaúcha Fim de Semana, programa voltado para assuntos de cultura, área que sempre interessou ao jornalista. No total, foram oito anos de RBS, tendo atuado em quase toda a grade da Gaúcha e Atlântida FM. "Passei por praticamente todos os programas. Ter trabalhado com grandes nomes do rádio foi muito importante para a minha formação profissional", enfatiza.

Jornalista de fato

Após a formatura em Jornalismo, em 1988, Renato alcançou a glória e o seu grande sonho: finalmente poderia colocar sua voz no rádio. Foi então que, em 1990, começou a atuar como repórter geral da emissora até 1994, quando surgiu a oportunidade de dirigir a Rádio Eldorado, emissora AM que estava se instalando em Florianópolis. "Larguei tudo e fui embora. Fiquei lá durante um ano e meio e fazia tudo, desde a abertura até o fechamento da rádio. Foi uma experiência bem difícil. E no fim, a rádio não decolou", conta. Decidiu então voltar para Porto Alegre e começar do zero. Devido à rede de relacionamentos no mercado, foi convidado para assessorar Paulo Odone, que era líder de governo naquela época.

Logo, o convite para trabalhar na TVCom veio a calhar, já que Renato não gostava muito da área de assessoria. "Não adianta, eu sou um cara de veículo", afirma. Atuou como chefe de reportagem da TVCom durante um ano, e depois, em 1997, assumiu a chefia da RBS TV. Saiu da RBS TV, em 1998, para produzir o programa CBN Agenda, na rádio CBN. Depois de um ano, foi convidado para trabalhar na FM Cultura, cuja proposta ia ao encontro de seus interesses: atuar no rádio com assuntos ligados à cultura e ao cinema. Foi lá, em 1999, que estreou então o seu primeiro programa de cinema, o Sala de Cinema. No mesmo ano, emplacou na grade um projeto idealizado por ele, o Estúdio B, programa voltado para música independente gaúcha. Em março de 2001, aceitou o convite de Leonardo Meneghetti, diretor de jornalismo da Band-RS, para assumir a chefia de reportagem, com a condição de produzir programas de cultura e, principalmente, de cinema.

Este ano, ele completa quatro anos de casa, tendo apresentado diversos programas da grade local da rádio e TV da Band. Hoje, além de ser coordenador de jornalismo da emissora, apresenta os programas Manhã Bandeirantes, na Band AM 640, Cena de Cinema, na Ipanema FM, comanda o site que leva o mesmo nome, dá dicas diárias de vídeo na Band FM e Ipanema e o comentário de cinema na TV Bandeirantes, dentro do programa Lado a Lado. Entre os projetos para 2005, Renato adianta que está preparando o programa Cena de Cinema, a ser transmitido também na Band AM.

Da ficção para a realidade

Renato é casado há seis anos com a relações-públicas Silvia Mansilha. O casal está preparado para receber o novo membro da família: Silvia está grávida e Renato está ansioso para a chegada do primeiro filho. "Eu estou muito feliz. Além de mudar a minha rotina pessoal, vai me forçar a ter um pouco mais de qualidade de vida. Quando o bebê chegar, eu já quero estar no ritmo certo", revela. Nos finais de semana, Renato procura ficar em casa, e lá, nem precisa dizer que o cinema norteia suas atividades. Assistir filmes é programa garantido, seja em casa ou nas salas de cinema. "De quinta a domingo, eu assisto 10 DVDs em média. Cada dia é destinado a um gênero. Na segunda, por exemplo, tenho que assistir comédia, pastelão", brinca.

As preferências do crítico Renato Martins? Ele hesita em falar, porém revela dois dos seus mestres preferidos: Woody Allen e Alfred Hitchcock. "O meu gosto para os filmes é bastante americanizado e não tenho vergonha disto. Respeito o cinema europeu, mas acho que os americanos ainda são mestres nas produções cinematográficas". Atualmente, salienta que prefere sempre ficar em casa e dispensa badalações, até porque "já fiz um pouco de tudo nessa vida". Na década de 90, foi baterista, guitarrista, tecladista, DJ e integrante da banda Artcover durante 10 anos. "Eu tenho alguns lampejos de saudades, mas na hora de escolher a opção é ficar no anonimato", diz.

Nos programas de lazer, também estão os jantares com amigos e churrascos com a família. "Eu tenho um grupo pequeno de amigos, mas que são fiéis e de longa data". Em casa, ele também aproveita para escutar música e tocar teclado em seu estúdio, montado especialmente para curtir suas horas de folga. "Sou eclético, mas tenho uma predileção pela Black Music dos anos 70 e 80", diz. Para ler, ele adianta: "Sou uma pessoa muito dinâmica, prefiro ler revistas, jornais e internet. Estou guardando o acervo de livros que tenho para ler algum dia".

Criatividade e versatilidade são os atributos apontados pelo jornalista ao definir suas características fortes tanto pessoais quanto profissionais. "Eu faço várias coisas ao mesmo tempo e também tenho a capacidade de encontrar soluções rápidas para qualquer tipo de problema". Porém, por outro lado, Renato diz que essas mesmas qualidades podem prejudicar seu desempenho, devido à ansiedade. "Às vezes, isso de fazer tudo ao mesmo tempo me deixa relapso em algumas coisas. Mas estou tentando melhorar nestes aspectos de planejamento e organização, e claro, disciplinando a minha ansiedade", comenta ele.

As qualidades e defeitos de Renato justificam a sua filosofia de vida: aproveitar o máximo do dia. "Eu até considero ela meio autodestrutiva, pois faz com que eu queira explorar cada minuto que passa. E muitas vezes não há como e eu acabo me frustrando", revela. Como projeto pessoal, Renato repete que investirá na sua qualidade de vida, com a retomada de alguma atividade física. "Quero arejar mais o meu dia com exercícios. Quando eu praticava tênis, o meu desempenho era outro", afirma.

Para o momento, colocar a Band AM 640 em segundo lugar do ranking de audiência das emissoras AM de Porto Alegre é o principal objetivo profissional de Renato no comando da equipe de jornalismo da rádio. "Quero fazer com que a Bandeirantes AM seja a vice-líder de audiência em AM. Quero passar a Guaíba e complicar ainda mais a vida das concorrentes", desafia.

Comentários