Rigoberto Gruner: Eterno aprendiz

Com passagens pelas redes Globo, SBT e Band, o atual diretor comercial da Record RS afirma que ainda está aprendendo sobre televisão

Os 30 anos de carreira que o publicitário Rigoberto Gruner carrega na bagagem renderam a ele uma convicção: "Para se construir uma boa trajetória profissional, é necessário trabalho sério e muito amor à camisa". O atual diretor comercial da Rede Record do Rio Grande do Sul se define como uma pessoa com gostos ecléticos, um pai dedicado e um profissional de confiança. O principal lazer é estar com os filhos, mas fotografia, música, cinema e teatro também estão entre suas predileções. Para relaxar, ouve blues, jazz e clássicos do rock, mas para agradar aos filhos também encara filas quilométricas para comprar ingressos para shows internacionais de ídolos adolescentes.
O publicitário afirma que sempre atuou em departamentos relacionados à mídia, devido a sua aptidão em lidar com números. Com passagens em agências de publicidade, TV Guaíba, Rede Globo, Zero Hora, SBT e TV Bandeirantes, Rigo, como é conhecido entre os colegas, é modesto ao afirmar que ainda está em fase de aprendizado quando se trata de televisão. "Se a minha memória não estiver enganada, acho que sou o único executivo no Rio Grande do Sul que já teve cargos ou funções importantes nas grandes redes de televisão. Deixei uma história bonita em todos estes veículos e continuo aprendendo sobre televisão. Todo o dia tem um fato novo ou uma coisa nova acontecendo, mas, ao mesmo tempo, acho que também aprendi bastante nesses anos", afirma.
Atender ao mercado com ética e coerência, vendendo para o cliente a oportunidade de ele se comunicar com o consumidor final. Essa foi uma das lições aprendidas naquela que Rigoberto descreve como sua principal escola: a Rede Globo. "Quando se trata de área comercial, todos fazem a mesma coisa. Todos funcionam e dão resultados, ou seja, vendem e entregam aquilo que prometeram e cada um faz isso de uma forma diferente. Existem variações de operação, mas no fundo todos são iguais. Quando saí da Rede Globo, eu era o diretor comercial mais jovem da emissora. Aprendi muita coisa por lá e foi muito importante porque, afinal, a Globo é relevante no mundo inteiro", fala.
Do pensamento lógico ao abstrato
Com 20 anos, o então estudante de Engenharia resolveu interromper o curso para viajar pelo mundo. O objetivo principal do jovem era morar na Europa para assistir a um show dos Rolling Stones. "Morei na Inglaterra. Foi um período muito rico em termos de formação e experiência pessoal e também me permitiu, é claro, ver muitos shows de grupos de rock. Foi uma fase muito boa."
Ao retomar os estudos, já um ano mais velho, começou a se sentir deslocado no meio dos futuros engenheiros e, por gostar de cinema e fotografia, decidiu migrar para a área da Comunicação: o pensamento lógico deu espaço ao abstrato. "Prestei vestibular para Publicidade e Propaganda, na Famecos, mas quando entrei descobri que não sabia escrever e nem desenhar. Na época, para ser criativo e um bom publicitário, era necessário saber fazer pelo menos uma das duas coisas", diz ele. Devido ao raciocínio lógico e pela facilidade em trabalhar com números, a carreira publicitária do profissional rumou para a área de mídia e é onde ele atua há cerca de 30 anos.
O iniciou da carreira aconteceu na agência Nova Publicidade, como estagiário. Já o primeiro emprego formal foi na extinta Publivar, que tinha como diretores José Salimen Junior e Helói Celente e onde trabalhou por cerca de dois anos. Em 1980, foi convidado pela TV Guaíba para trabalhar no departamento comercial, mas a passagem pela emissora gaúcha foi rápida e durou apenas dois meses. As portas se abriram e o publicitário começou a atuar na sucursal da Rede Globo, em Porto Alegre, como executivo de contas. Até ser promovido, permaneceu neste cargo por 10 anos e, então, assumiu a gerência comercial dos três estados do Sul do país. A passagem pela empresa global terminaria com sua transferência para Recife. Morou no Nordeste durante dois anos, mas, por falta de adaptação, pediu as contas e voltou ao Estado. "Recife é um lugar lindo, maravilhoso e deixei amigos lá, porém naquele momento da minha vida não me serviu."
Voltou para o Sul desempregado, e o recomeço aconteceu no jornal Zero Hora, como executivo de contas. Essa foi a passagem de volta ao mercado de trabalho gaúcho, e, nos anos seguintes, Rigoberto transitaria pelo SBT, como gerente de vendas nacional; TV Bandeirantes, como diretor comercial; novamente Zero Hora, como gerente comercial e, após, SBT, também no departamento comercial. Depois de tantos anos trabalhando na área e da experiência adquirida nos principais veículos de comunicação do Brasil, decidiu juntar a bagagem e montar uma empresa de representação de veículos, a Hitmaker Soluções em Mídia, desativada em março deste ano quando iniciou suas atividades na Record RS. "Fui o primeiro executivo do Rio Grande do Sul a ser contratado pelos novos investidores. Ajudei a montar a emissora e o departamento comercial", orgulha-se.
No rumo da liderança
Quando o publicitário atuava em veículos concorrentes, o slogan da Rede Record, "A caminho da liderança", era visto, segundo ele, com um certo ar de ceticismo e desconfiança. Agora, pausa, tudo mudou e o tal slogan guia não apenas o trabalho do diretor comercial, mas de todos os profissionais que compõem o quadro de funcionários da emissora. "Isso é muito forte aqui dentro. Existe essa determinação do grupo e, anos atrás, quando o slogan foi lançado eu ouvia isso, mas como eu estava do outro lado, soava como uma coisa meio maluca. Com o passar do tempo, as pessoas foram vendo que aquilo que era impossível tinha se tornado difícil e, neste momento, o difícil começou a ter chances de se concretizar. Hoje, percebemos no mercado um reconhecimento de que a Record está, realmente, no caminho da liderança. O trabalho de todos os profissionais está voltado para que isso aconteça. As áreas comercial, de jornalismo, da programação e de produção recebem ordens para fazer um bom trabalho, pois isto nos levará à liderança. Se isso vai acontecer? Vai! Quando? Isso é difícil de dizer, mas é apenas uma questão de tempo", prevê.
Trabalhar e viver para os filhos
Rigoberto, que nasceu em Porto Alegre no dia 28 de janeiro de 1955, é casado com a publicitária Martha Teixeira Sampaio . Ele tem três filhos: Ricardo, 19, estudante de Jornalismo, é fruto de seu primeiro casamento. Já Gabriela, 10, e Pedro, 8, "os pequenos", como o pai-coruja os chama, são frutos do seu relacionamento atual. "Sou um pai-babão e, como qualquer pai, tenho os filhos mais bonitos, mais inteligentes e mais queridos do mundo. A minha filha é uma gata, o meu filho pequeno é uma simpatia e meu primogênito é um gênio. Trabalho e vivo para meus filhos", como se fosse necessário explicitar.
Viajar e estar com os filhos são os seus programas preferidos. "Procuro fazer sempre uma programação que agrade aos três. Vou ao cinema ver animações com "os pequenos", vamos para a Serra no inverno e, no verão, o destino é a praia, principalmente Garopaba. Também levo os "pequenos" todos os dias à aula e acompanho o que está acontecendo em termos de resultado escolar, quem são os amigos deles e para onde vão. Tenho a necessidade de conhecer, desde o meu primeiro filho, todos os amigos das crianças e os seus pais", conta. O tempo dedicado ao trabalho não é desculpa para Rigoberto. Atividades como videogame, futebol, tênis e shows de rock com o primogênito estão sempre no cronograma da família. "Quando tem show da banda mexicana RBD ou Avril Lavigne, lá vou eu para o Gigantinho atrás de ingressos para "os pequenos". Tento participar todo o tempo possível com eles. Dificilmente tenho um programa de fim de semana que não inclua os meus filhos."
Com pais publicitários, não poderia ser diferente: a comunicação atrai a atenção dos filhos Gabriela e Pedro, que já foram fotografados para campanhas publicitárias. "Eles ficam na maior felicidade quando se vêem em outdoors ou na traseira de ônibus. Como a mãe é publicitária, fica difícil se isentar, isso transpira dentro de casa. Se me perguntasse o que eu gostaria que eles fizessem, eu responderia, qualquer coisa em que eles fossem felizes. Com felicidade e auto-estima bem resolvida, eles serão bons em qualquer atividade. O importante é que os três filhos são do bem e, nos dias atuais, esse é o melhor presente para um pai", relata.
Vaidade zero
O publicitário já foi agraciado duas vezes com o prêmio da ARP (Associação Riograndense de Propaganda) de executivo de atendimento de veículo. Em 1986, o título veio quando estava na Rede Globo, e o outro, em 1996, pelo SBT. Os prêmios foram encarados como estímulo profissional, e a vaidade, segundo ele, não subiu à cabeça em momento nenhum. "Se tem alguma coisa que eu construí nestes anos, talvez seja por eu ser uma pessoa com muito caráter e ética. Respeito meus concorrentes e meus familiares. Conduzo minhas atitudes baseadas nestas características e tenho certeza de que se eu estou no mercado e tenho sido contemplado por oportunidades boas é devido à minha seriedade e ao meu comportamento. Não existe mágica e ninguém sabe muito mais que os outros. Me mantive vivo no mercado por ser uma pessoa confiável. Hoje posso dizer que não conheço nada e estou aprendendo a cada dia. A única coisa que eu sei é que se eu entrar em uma camisa, irei vesti-la em todos os sentidos. Irei defendê-la e preservar os valores dela. Se for sucesso o que eu obtive, foi com muito amor à camisa."
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