Patrícia Gonçalves: Cidadã do mundo

A publicitária, que retornou a Porto Alegre depois de 20 anos, adora um dia de trabalho agitado e cozinhar para a família e amigos

"Se a cidade é pequena, você pensa pequeno. Se a cidade é grande, seu pensamento ganha proporções maiores." A partir deste pensamento, Patrícia Gonçalves deixou, em 1985, a cidade de Montenegro para vir estudar em Porto Alegre. Nascida no dia 3 de dezembro de 1969, desde a infância foi focada no que queria para o seu futuro: a comunicação. Tinha gosto por brincar de secretária e montar lojinhas com os brinquedos que ganhava. Por mais que sua família não gostasse da ideia, Patrícia sempre foi muito independente, e seu pensamento era sair da cidade natal para encontrar, em outros lugares, uma carreira profissional.


Com 16 anos de idade, veio para a Capital fazer curso pré-vestibular. Dois anos depois, casou-se pela primeira vez e foi morar em Curitiba. Convicta de que queria trabalhar com comunicação, começou a cursar Publicidade na Universidade Federal do Paraná, onde se formou, em 1993. Dois anos mais tarde, se formou em Turismo pela mesma faculdade.


Depois de 20 anos, a publicitária resolveu retornar à capital gaúcha. "Meu olhar sobre a cidade mudou muito porque saí daqui uma menina e voltei uma mulher." Adulta e com uma vivência profissional, encontrou desta vez uma Porto Alegre melhor desenvolvida, que passou por muitas mudanças, assim como ela.


Profissão sem comodismo


Antes mesmo de se formar, já trabalhava em agências de publicidade. "Bati na porta de algumas agências como qualquer jovem de 17 anos em busca de emprego faria." Dentro das agências, na maioria de Curitiba, perambulou por todas as áreas, entre elas a de mídia, atendimento, planejamento, gerenciamento e diretoria.


Sua primeira experiência na área foi em 1988, como assistente de atendimento na JJ Comunicação. Um ano depois, Patrícia passou a trabalhar na MPM Propaganda, como assistente de mídia. Em 1996, foi contratada para ser a executiva de contas da McCann Erickson, onde exercia suas funções também no escritório de São Paulo. Dois anos depois, assumiu o cargo de diretora de planejamento na Great Publicidade, última agência na qual trabalhou.


Após 13 anos focada no mercado das agências de publicidade, resolveu passar para o outro lado da mesa: queria se tornar o cliente, isto é, trabalhar no desenvolvimento do marketing de uma empresa e poder lidar com as agências. "Após trabalhar como publicitário, você se torna mais produtivo e agrega mais critérios para poder trabalhar como cliente", acredita.


A partir daí, em 2001, foi convidada para ser a gerente de marketing no lançamento da GVT. A área das telecomunicações despertou interesse em Patrícia que, em 2003, passou a trabalhar como gerente de contas da Claro, nos mercados do Paraná e de Santa Catarina. A cada etapa que concluía nesta nova área, ela se identificava ainda mais com o trabalho dinâmico que vinha exercendo.


Segundo Patrícia, em apenas três anos, ela consegue alcançar sua "zona de conforto", pois este é o tempo necessário para que conclua todas as etapas que um emprego oferece. "Um dia para mim não pode ser igual ao outro. Não ficaria confortável em um trabalho que, diariamente, eu fizesse a mesma coisa." Foi assim que, em 2005, surgiu a oportunidade de trabalhar em um local que incluísse criação, telecomunicações, varejo e um dia-a-dia agitado: os shoppings centers.


Paixões reunidas em um só lugar


Para ela, de todas as escolhas que fez e funções que desempenhou, "nada é mais rico do que trabalhar em um shopping center. Ele consegue reunir tudo, desde a expertise de uma publicitária até a função de encantar alguém". Fala com base em sua boa experiência. Até 2008, foi gerente de marketing do Shopping Estação, de Curitiba. Em maio do mesmo ano, deixou o cargo para trabalhar na abertura do BarraShoppingSul. "Fui uma das primeiras pessoas a chegar aqui para desenvolver este shopping."


Quando tomou conhecimento do projeto, ficou imediatamente desesperada para vir a Porto Alegre, pois esta era uma maneira de voltar à Capital para realizar um trabalho pelo qual tem muita paixão. "Foi muito bom poder voltar e trabalhar em algo que gosto muito. É como você voltar para casa carregando um presente nas mãos."


Atualmente, acreidta que seria difícil deixar esta área pelo fato de ela reunir todas as funções que gosta de desempenhar, em um só lugar. "No shopping, eu nunca alcançarei minha zona de conforto. A cada dia se tem coisas novas aqui dentro." A paixão pelo seu local de trabalho é tão grande que Patrícia vai ao shopping até em seus dias de folga.


"Em Roma, viva como os romanos"


O fato de deixar sua cidade ainda adolescente é considerado normal pela publicitária, que sempre teve facilidade para se adaptar a qualquer lugar e agregar amigos, equipe e família. O planejamento foi algo que marcou toda a trajetória pessoal e profissional de Patrícia, que desde criança projetava morar sozinha, estudar e trabalhar. "Tinha ansiedade pelo futuro. Hoje, eu colho os frutos dessa preocupação."


A relação com os pais se estremeceu quando resolveu, tão cedo, vir morar em Porto Alegre. "Com o tempo, a minha família se deu conta de que vim em busca de algo que jamais a envergonharia." A partir dos resultados mostrados durante sua carreira, a preocupação e a resistência inicial dos pais deram espaço a uma admiração familiar. "Minha alma é nômade. Eu preciso conhecer lugares e culturas diferentes."


Atualmente, com 39 anos, reside em Porto Alegre com o marido, Gil Marcos Queroim, também publicitário, e com os filhos Leonardo, 11, e Mariana, 8, ambos do primeiro casamento. Quando não está no shopping, Patrícia gosta ficar em casa cozinhando e, geralmente, reunir os amigos na volta da mesa. Ela conta, sorridente: "Adoro fazer pratos temáticos. Gosto de fazer jantares árabes, almoços mexicanos e organizar todo o cardápio de acordo com o tema do dia".


Basta um texto passar aos olhos e a publicitária, apaixonada por literatura, já pega-o para ler. "Leio desde biografia até rótulo de pasta de dente", confessa.  Entre seus escritores favoritos, estão Gabriel García Márquez e Ariano Suassuna. Os estilos musicais que dão o ritmo à sua vida são blues, jazz e samba de raiz. O yoga serve para dar equilíbrio e força para o dia-a-dia agitado. Nas férias, gosta de viajar com a família para visitar praias, já que não gosta de frio, tanto que garante: "Dificilmente, as pessoas me verão esquiando".


Para o futuro, planeja publicar um livro com as crônicas que escreve, as quais ainda estão guardadas. Além disso, deseja desenvolver e trabalhar em outros shoppings "lindos e maravilhosos" que serão criados ao longo dos anos. "Eu, realmente, gosto muito do que faço e espero que, daqui a muitos anos, ainda tenha a possibilidade de estar desenvolvendo este tipo de trabalho."


Dentre as várias filosofias de vida que Patrícia relata seguir, a que considera mais importante prega: "O que não me mata me fortalece".  Ela atribui essas palavras ao seu cotidiano devido à força de encarar novos desafios e mudanças e se considerar uma gaúcha que não desiste nunca, além de acreditar muito nas coisas que quer, até conseguir. Para ela, as ações possíveis podem ser feitas agora, as impossíveis demoram um pouco, mas serão feitas também. "Acredito que tudo é possível e a gente pode fazer, pode alcançar. Se não fosse assim, talvez, hoje não estaria aqui e, sim, morando ainda em Montenegro."

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