Roberto Sirotsky: Caminho próprio

Sócio da 3yz e vice-presidente da ARP, Roberto Sirotsky levou os ensinamentos do tênis para a comunicação

O empreendedorismo e a comunicação foram presenças constantes na trajetória de Roberto Sirotsky; no entanto, nem sempre constituíram um plano de vida. Fascinado pelo tênis desde criança, trocou o vestibular pela dedicação ao esporte. A experiência como profissional durou dois anos e meio, e o aprendizado ainda o acompanha. Hoje, identifica na atividade característica básica a qualquer empresário. "Empreendedor é aquele que idealiza, que faz acontecer. O tênis é isso", resume. Com apenas 25 anos, está, há pelo menos cinco, no próprio negócio, a 3yz - agência digital que dirige ao lado do sócio Nicolas Motta - e, desde maio do último ano, é vice-presidente da Associação Riograndense de Propaganda (ARP).
Com o avô, Maurício Sirotsky Sobrinho, como fundador do Grupo RBS, e o pai, Nelson, como presidente do Conselho de Administração da empresa, que por 30 anos esteve à frente do negócio, acredita no empreendedorismo como um valor da família, algo que sempre encarou como desafio. "Fui muito estimulado a empreender, seja onde for. Crescer em um ambiente da comunicação ajuda a enxergar melhor as coisas. Levo tudo isso como uma grande oportunidade".
Confessa que o peso do sobrenome muitas vezes gera certa expectativa, mas diz que se acostumou a ela. "Para mim, é algo natural, tenho esse nome desde que nasci", ri. "Seja lá o que as pessoas esperam, o importante é que tenho convicção do que quero para tocar a minha história. Administro bem isso, vou fazendo o meu caminho", completa.
Apenas tentar
Filho de Nara e Nelson Sirotsky, é o caçula da família, que se completa com Marina e Maurício. Foi espelhando-se no irmão mais velho que descobriu a afinidade com o esporte e, ainda aos cinco anos, se familiarizou com a quadra de saibro. "Tudo que ele fazia, eu imitava. Minha mãe me levava para os jogos - passava o dia enchendo o saco de todo mundo - e comecei a gostar", conta. Ele, que era o menor da turma, tinha na vitória motivo de grande alegria e alimento para o espírito competitivo. Concluído o Ensino Médio, queria viver para o tênis, mas, principalmente, não queria olhar para trás e dizer: "Por que não tentei?".
Dedicado, foi campeão brasileiro, sul-americano, e chegou a vencer o argentino Juan Martín del Potro, hoje, o quarto melhor tenista do mundo. Vitória da qual fala com orgulho: "Está no meu currículo. Tinha 12 anos, mas está lá". Enquanto atleta profissional, morou na Espanha, no município catarinense de Camboriú, marcou pontos em circuitos internacionais e retornou a Porto Alegre. A razão? "Chegar numa posição entre os 50 melhores do mundo, que é quando se ganha a vida com o tênis, é muito complicado. Eu tinha algumas limitações técnicas e achei que estava na hora de fazer outra coisa", explica.
Engana-se quem pensa que a história com o esporte acabou ali. Foi com o tênis que aprendeu muitas das lições que ainda hoje aplica no dia a dia: saber lidar com a frustração, com a disciplina, com a dedicação, ter um objetivo e ir atrás. "Foi uma época de aprendizados que levo para a vida toda", assegura.
O útil e o agradável
Os primeiros projetos na comunicação vieram logo no início do curso de Administração de Empresas, em 2006. "Sempre fui meio nerd. Quando não estava jogando tênis, estava no computador. Era viciado", assume. Uniu os dois gostos no trabalho com o site Tênis Gaúcho, no qual foi responsável pelas áreas comercial, editorial e de produto. Logo, os resultados positivos se tornaram perceptíveis, a página cresceu em audiência e passou a chamar-se Tênis Show, vislumbrando o mercado nacional.
Em julho de 2008, fundou a 3yz digital performance, junto com Daniel Skowronsky, Fabiano Finger, Julio Mottin Neto e o australiano Steven Riley. Inicialmente com foco em search engine marketing, aos poucos a agência passou a agregar aos serviços oferecidos o desenvolvimento de sites. Conquistou contas importantes e agarrou a oportunidade de criar além da internet, assinando a campanha completa do Planeta Atlântida, num trabalho que rendeu a premiação ouro à agência no Wave Festival.
Do quadro societário original, permanecem como investidores Fabiano e Julio e, em 2009, o time ganhou o reforço de Nicolas. "Nós dois temos perfis diferentes, mas muito complementares, o que eu entendo que, para uma sociedade dar certo, é fundamental. Compartilhamos dos mesmos valores, das mesmas crenças, é uma dupla que tem dado certo até agora e deve funcionar ainda por muitos anos", prevê.
Conectado sempre
Embora sua função na agência compreenda principalmente atividades externas, garante que está sempre conectado. "Tenho um problema com isso aqui", revela, apontando para o celular. Checa os e-mails com bastante frequência, mas diz que já viveu dias piores, em que acordava em plena madrugada e olhava as mensagens. Os jogos no aparelho também representam um vício quase certo. "Baixei um novo (game) e, se deixar, eu abandono tudo. Fico na forma física, mas a mente vai para outro lugar", explica.
Acompanhar o time do coração, o Grêmio, é um dos principais hobbies de Roberto, que se assume como um gremista doente. Presença cativa nas partidas do tricolor em Porto Alegre, esforça-se para assistir de perto aos jogos que acontecem em outras cidades. Quem vê tanta dedicação não imagina que o torcedor já foi corintiano. "Na época, o Corinthians ganhava tudo. E eu, competitivo, queria ganhar também", justifica.
O gosto pelo futebol também abrange a prática, que, admite, tem exercitado mais do que o tênis. Também preenchem os momentos de lazer jantares com os amigos e a namorada, a psicóloga Catarina, com que mantém relacionamento há seis anos. Considera-se um grande apreciador da gastronomia, em especial a japonesa, mas apenas aprecia, já que a confecção dos pratos fica fora de suas habilidades.
Na música, curte bastante o rock gaúcho e se diz fã da banda Reação em Cadeia, o que reconhece como uma excentricidade, talvez. "Teve uma vez, no Planeta Atlântida, que o pessoal pegou o Jonathan Correa (vocalista da banda) nos bastidores e pediu para gravar um recado para mim", diverte-se ao recordar ao episódio. Um gênero nem tanto apreciado é a música eletrônica, embora acredite que esteja aprendendo a gostar junto com a equipe da agência, já que a nova sede da empresa dispõe de um espaço destinado à discotecagem.
Deixar um legado
Manter o equilíbrio nos bons e nos maus momentos é um desafio para o empresário. Reconhece que o trabalho é gratificante, mas confessa que, por vezes, o dia a dia é um tanto duro. Nessas horas, busca seguir o ensinamento do ex-treinador de tênis Larri Passos. "Ele dizia: "quando tu tens uma série de problemas, sabe o que tu faz? Resolve". O melhor é ser racional e deixar o emocional um pouco de lado", conclui.
O nome de Larri também aparece entre as referências de Roberto no campo pessoal e profissional. Com ele, diz ter aprendido muito sobre trabalho, disciplina e foco. Os pais são outro destaque entre as fontes de inspiração, pelo apoio, educação e exemplo de conduta, que carrega até hoje. Também estão na lista os sócios e a namorada.
Faz questão de distinguir que o lado familiar e o profissional são administrados de forma independente entre os Sirotsky. Lembra que, assim que surgiu a 3yz, os sócios foram prospectar a RBS. A resposta, um "temos outra empresa", foi encarada com naturalidade. "Quando tenho uma reunião com o Eduardo ( Sirotsky Melzer), é o presidente da RBS. Quando encontro ele num churrasco da família, é o meu primo Duda", exemplifica.
Para o futuro, prefere aproveitar as oportunidades a fazer grandes planejamentos, mas adianta que quer deixar um legado. "Quando chegar aos meus 80 anos, quero ter construído uma família e ver que de alguma forma deixei minha marca na Comunicação, que fiz algo diferente", afirma. Sendo um dos cerca de 50 nomes que contribuíram com depoimentos no documentário "Ideias Registradas", que retrata os 55 anos da propaganda gaúcha, questiona-se sobre o próximo cinquentenário do setor e ambiciona: "Quero ser protagonista nesta história".
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