Marjana Vargas: Certeza para seguir

Diretora artística da TV Pampa, Marjana Vargas nunca teve dúvidas sobre a profissão que queria abraçar

O jornalismo consolidou-se como uma certeza para Marjana Vargas bastante cedo, quando ainda tinha em torno de 11 anos. Não foi preciso mais do que acesso à informação para que a profissão a encontrasse no Rio de Janeiro, onde a família porto-alegrense viveu por 10 anos. "Nunca pensei em ser médica, como toda criança quer. A única decisão realmente sem dúvidas na minha vida foi a de que eu seria jornalista", garante.

De personalidade agitada - por vezes, até ansiosa -, viu na editoria de Esporte a possibilidade de exercitar a criatividade e a espontaneidade, algo que o trabalho em Economia ou Política talvez não lhe garantisse. A aposta no jornalismo esportivo serviu como porta de entrada para a profissão. Foi através dele que ganhou visibilidade ao se aventurar em uma área em que a presença feminina ainda era rara. Hoje, é diretora artística e de produção da TV Pampa.

Na capital gaúcha, deu início à graduação na Famecos, faculdade pela qual se formaria em 1989. A vontade e desenvoltura para trabalhar em televisão foram percebidas e incentivadas pelos professores desde o início do curso. No último ano, prestes a receber o diploma, foi selecionada para o hoje extinto projeto Caras Novas, da RBS TV, no qual pôde aperfeiçoar o conhecimento, com orientação de profissionais da emissora. Ao fim do programa, foi efetivada como repórter. Foram 10 anos na RBS TV, oito na TV Câmara e, atualmente, já soma sete na Rede Pampa. 

Do Esporte à Política

Marjana destacou-se por ser uma das primeiras repórteres femininas a dedicar-se à cobertura diária de esportes. Ela lembra que, na época, não havia outra mulher setorista no dia a dia de Grêmio e Inter, o que a levou a acompanhar os dois clubes. "Logo no início, as pessoas estranhavam e algumas não gostavam muito, principalmente, os técnicos, porque, quando chegava nos treinos, os jogadores se dispersavam um pouco, por mais que você procure não chamar a atenção. Os técnicos preferiam quando eu não ia", lembra aos risos.

Na trajetória, acompanhou a implantação de duas emissoras televisivas, a Tvcom e a TV Câmara. Com a primeira, surgida em 1995, teve a oportunidade de contribuir com a formulação dos programas e ser a primeira apresentadora de esportes. Mais tarde, foi convidada a participar da implantação da TV Câmara Porto Alegre, onde, além de apresentar programas e fazer reportagens, pôde conhecer pessoas e aprender mais sobre questões relacionadas à política e à economia da cidade.

Entre um trabalho e outro, em 1999, pediu afastamento da RBS TV, decidida a mudar um pouco a vida. Por seis meses, viveu na França e Estados Unidos, conheceu outros lugares, estudou inglês e aperfeiçoou o conhecimento na profissão através de cursos. Também aproveitou para dedicar mais tempo a si, recuperar um pouco da juventude que havia deixado de lado pelo trabalho, como diz. "Me dei um tempo depois de 14 anos me dedicando ao jornalismo diário, trabalhando nos fins de semana, sem para minha família em datas como Natal."

Vida executiva

A ida para a TV Pampa trouxe também a transição da frente das câmeras para os bastidores. Marjana assumiu em 2007 a direção artística e de produção, a convite da diretora da empresa, Christina Gadret. "É algo extremamente gratificante, fico muito feliz, até porque tive a oportunidade de me tornar diretora cedo, antes dos 40. Não tive que passar por aquela fase "qual é o meu momento de sair do vídeo", que muitos apresentadores passam", reflete.

Da experiência com a RBS TV, Tvcom e TV Câmara, trouxe algumas noções necessárias para desenvolver projetos, que, aliadas à personalidade organizada, ajudaram a gerenciar os 14 programas que a Pampa tinha na programação naquele momento. "Na frente da câmera, posso dizer que sempre tive muito sucesso no que fiz. Procurei trazer tudo para os programas da Pampa, mas acredito que a base foi mesmo a organização."

Há dois anos, recebeu a missão de dirigir a mais nova rádio da Pampa, a Grenal, que tem como diferencial a transmissão durante 24 horas, ao vivo, de assuntos relacionados ao futebol. "Foi algo novo e hoje é um formato que muitos tentam copiar. Sou muito feliz por ter tido a oportunidade de estar à frente da rádio, que já tem dois anos. Todos os trabalhos são importantes, mas a Rádio Grenal não deixa de ser um filho", brinca.

As raízes

Filha do advogado Valdir Antônio de Vargas e da dona de casa Nair de Vargas, na família que se completa com o irmão Antônio Ricardo de Vargas, Marjana crê que teve no carinho e no amor transmitidos pelos pais os principais alicerces para sua formação pessoal. "Meus pais sempre me deram o que era possível em termos de conforto material, mas sempre lembraram a importância do valor do dinheiro. Lembro de me comportar muito bem, estudar o ano inteiro, para ganhar uma boneca ou uma bicicleta de presente no Natal", conta.

A infância foi para ela um tempo muito feliz, repleto de brincadeiras na rua, passeios de bicicleta e "alguns machucados", como toda a criança. Na adolescência no Rio, precisou lidar com uma sociedade mais avançada do que a até então conhecida. "Desse ímpeto de procurar novidades e assumir novos compromissos, devo muito a esses 10 anos que vivi no Rio de Janeiro, seja pelas pessoas com quem convivi, pelas escolas onde estudei ou pelos cursos que fiz. Todos me ajudaram muito."

Casada com o paulista Artur Assis, que trabalha com desenvolvimento de sites, encontra no marido a tranquilidade necessária para equilibrar o dia a dia. Em casa, também fica por conta do companheiro a prática da culinária. "Ele é que cozinha e eu lavo os pratos depois. Aprendi o pouquinho que sei com ele", diz, ao relatar que a especialidade de Artur é a tradicional carne de panela. Juntos há 10 anos, optaram por não ter filhos. "Tive sempre uma vida muito voltada ao trabalho, e a época da maternidade passou. Foi muito rápido e eu não me arrependo", argumenta.

Viajar, ler, torcer

Batizada e casada na religião católica, Marjana hoje busca também no espiritismo o conforto para repor as energias. "Comecei a frequentar casas espíritas e encontrei uma espiritualidade que me acalma, me faz parar e pensar um pouco", revela. Viajar é uma das atividades preferidas quando se trata de lazer. Pode ser para conhecer outros países, cidades e lugares, ou para descansar em Rainha do Mar ou Canela. A verdade é que, para ela, apenas pegar a estrada já é visto como um momento de relaxamento. Nos fins de semana, gosta de acompanhar jogos de futebol e também se dedicar um pouco mais ao próprio bem-estar.

Na literatura, o gênero favorito é o policial. Acredita ter lido todos os livros de Agatha Christie e diz que, se não fosse jornalista, talvez tivesse sido detetive, tamanha a atração pela área. Música popular brasileira é a que mais a agrada. Conta que transita pelo sertanejo e vai até o pagode, passando por Claudia Leite e pelo grupo Sambô. "Costumo ter comigo músicas da MPB. Gosto de ouvir músicas alegres quando estou no carro, por exemplo, já que trânsito não é fácil".

O time, claro, como todo jornalista esportivo, ela não revela. Sua torcida, garante, é dividida entre os principais clubes gaúchos. "Gostaria muito que Grêmio e Inter ganhassem todas as competições que disputam. Seria rentável e todos ficariam muito felizes. Meu time é a Rádio Grenal, digamos assim", resume.

Pelo amanhã

No mundo do jornalismo, Alice Urbim, atual gerente de programação da RBS TV, é, para Marjana, uma referência. Da profissional, recebeu apoio enquanto professora na faculdade e também durante o projeto Caras Novas. "Ela é uma visionária, uma pessoa fora do comum. A criatividade, a energia para estar em novos projetos, não temer desafios e sempre procurar fazer alguma coisa diferente sempre me inspiraram ao longo da vida", explica.

Contribuir para o crescimento da TV Pampa e da Rádio Grenal está entre as prioridades da jornalista não só agora, mas também no futuro. "Quero continuar colaborando para que a empresa cresça cada vez mais, tenha mais colaboradores. Quero que mais pessoas possam ser felizes trabalhando com a família da Rede Pampa", projeta, ao destacar o respeito e admiração pela empresa e pela família Gadret.

Conhecer ainda mais culturas e lugares também faz parte de seus planos. Para escolher o destino, tem apenas uma regra: ele deve ter muitas histórias. "Tem pessoas que vão a Miami, Nova Iorque, somente para fazer compras. Eu não consigo fazer só isso. Não sou do tipo de ficar só na beira da praia, gosto de ter alguma interação com a vida cultural da cidade", relata. Entre o cotidiano profissional e o pessoal, é assim que vive Marjana: "Pensamento no hoje, com olhar no amanhã", simplifica.

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