Celito De Grandi: A experiência que conta

Celito De Grandi nasceu em Marcelino Ramos, pequena cidade localizada na divisa de Santa Catarina, onde seu pai foi líder emancipacionista e prefeito por …

Celito De Grandi nasceu em Marcelino Ramos, pequena cidade localizada na divisa de Santa Catarina, onde seu pai foi líder emancipacionista e prefeito por dois mandatos. O interesse pelo jornalismo iniciou quando ainda era adolescente e aos 15 anos já estava figurando como secretário de redação de um jornal semanal da cidade, O Semeador. "Trabalhei um ano neste jornal e aos 17 anos vim para Porto alegre já decidido que seguiria a carreira de jornalismo", relembra. Em 1961, ingressou no Diário de Notícias - que integrava os Diários Associados - para fazer parte da nova equipe do jornal que estava sendo estruturada na época. "Eu iniciei como repórter e saí de lá na primeira etapa, depois de 10 anos, como secretário de redação e também coordenador geral de radiojornalismo dos Diários Associados", recorda Celito, empolgado em detalhar sua trajetória. Em 1970, atuou por alguns meses como chefe de reportagem na Zero Hora e logo assumiu a direção da sucursal do jornal carioca Correio da Manhã em Porto Alegre. Já em 1974, foi convidado para retornar ao Diários Associados. Desta vez, na condição de diretor do jornal e superintendente de imprensa de todos os veículos da cadeia. "Nesta minha segunda passagem por lá, fiquei apenas um ano. Eu senti que já não havia mais condições de fazer um bom trabalho ali. Nós até revitalizamos o jornal, mas era necessário que se investisse muito e não houve condições para isso", conta ele. Por ter passado grande parte de sua vida dentro da redação do Diário de Notícias, Celito tem muitas histórias pra contar e experiência a somar. Os detalhes, ele vai dividir com todos nas páginas do livro que está preparando sobre o jornal, projeto que pretende finalizar ainda em 2005. Após deixar definitivamente o comando do Diários Associados, Celito começou a atuar em cargos públicos. Em 1975, foi convidado para atuar na Delegacia Regional do Trabalho com a missão de criar canais de diálogo entre lideranças sindicais, empregados e empregadores. Após três anos, seguiu para Brasília com o objetivo de levar a experiência junto à DRT-RS para todo o Brasil. Na capital federal, ele atuou por mais um ano na Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho. Ao longo da década de 80, Celito ocupou ainda outros três cargos públicos. Em um primeiro momento, assumiu a função de diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), logo, de presidente da Companhia União de Seguros, e por último, de assessor superior da Assembléia Legislativa. Mudança de percurso Paralelamente às atividades, em 1982 Celito e seu irmão Luizinho De Grandi decidiram comprar o Jornal A Razão, de Santa Maria. "Fiquei tocando o jornal daqui, pois quem ficava no comado efetivo era o Luizinho. Fizemos um belo trabalho de reconquista de leitores e de estruturação do jornal com novos equipamentos", conta. Em 1988, Luizinho foi assassinado e Celito teve que assumir o comando do jornal. Quatro anos depois, decidiu dar novos rumos para a vida profissional: se aposentou da função de jornalista concursado do governo estadual e se afastou também do Jornal A Razão, com a venda de sua parte societária no negócio. "Naquele momento, eu resolvi que me dedicaria àquilo que a maioria dos jornalistas almeja fazer quando se aposentar, escrever e escrever". Desde então, a literatura vinha sendo sua atividade única e exclusiva. Publicou o primeiro livro, "Loureiro da Silva, o Charrua", em 2002, e participou de diversas obras de contos literários. Nos últimos anos, Celito estava trabalhando no livro em que pretende mostrar a história do Diário de Notícias e da imprensa do Estado, projeto que foi suspenso temporariamente em virtude do convite recebido para assumir a coordenadoria da Comunicação Social do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. "Eu só protelei a conclusão do livro. O trabalho é um compromisso que tenho comigo e com a figura de Ernesto Corrêa, que foi diretor do jornal durante a maior parte de sua existência", enfatiza. Celito pretende lançar o livro até o final de 2005, já que marca o ano de centenário de Ernesto Corrêa. Para o jornalista, a grande surpresa de sua vida veio em dezembro de 2004, quando foi "convocado" pelo governador Germano Rigotto para assumir o cargo de coordenador da Comunicação, em substituição ao jornalista Flávio Dutra. "Fui realmente surpreendido, mas não tive como recusar à convocação do Governador", revela Celito, acreditando que o fato de já ter atuado nos dois lados do balcão, como repórter e assessor, facilitará também sua tarefa, além da estrutura de comunicação já utilizada pelo governo. Fora dos porões? As horas de folga do jornalista, que é separado, são dedicadas para o convívio com o filho Rodrigo, engenheiro civil, e o neto Gabriel, de 9 anos. Os programas em família, além de serem diversão garantida para Celito, têm prioridade na agenda do fim de semana. "Além de filho, Rodrigo é um grande amigo", declara ele, mostrando uma fotografia que registra as três gerações da família. Em casa, o lugar preferido do jornalista é o escritório, no qual pode exercer suas atividades de lazer com vista para o Rio Guaíba. Ao fundo, o principal: "música sempre". As preferências variam de acordo com suas tarefas. Para trabalhar, escuta música clássica, e para descontrair, MPB e samba. "Eu adoro escutar música e isso já se tornou um hábito em minha vida, porque não vivo sem ela", afirma. Entre os ícones nacionais preferidos estão Caetano Veloso, Gal Costa, Chico Buarque, Betânia e Nelson Freire. Obviamente que, como bom amante da literatura, a leitura é sua principal paixão. E neste aspecto, o jornalista não poupa esforços - além de ler, faz pesquisa e gosta de se aprofundar nos fatos históricos. "A literatura é uma atividade extremamente prazerosa pra mim. É um mundo fascinante", salienta. Na cabeceira estão o livro "Memoria de Mis Putas Tristes", do seu autor preferido, Gabriel García Márquez, e "O dia em que Getúlio matou Allende e outras novelas do poder", do gaúcho Flávio Tavares. Celito revela dois hábitos rotineiros que o fazem relaxar: cozinhar e jogar pôquer com os amigos. As duas atividades são geralmente feitas nos fins de semana, quando há maior disponibilidade de tempo. Outras curtições são assistir a filmes, ir ao teatro e concertos musicais. As preferências de cinema abrangem a maioria dos gêneros, porém dispensa filmes de ficção científica. "Por melhores que sejam os efeitos do cinema americano, eles não me atraem. Prefiro toda vida (Pedro) Almodóvar. Ele é um diretor fantástico", diz. Como atividade física, Celito pratica caminhadas regulares, preferencialmente no Parque Marinha do Brasil, e exercícios programados de alongamento. Celito se considera uma pessoa perfeccionista e detalhista. As características são consideradas por ele como qualidades e, ao mesmo tempo, como defeitos. "Às vezes isso atrapalha um pouco o desempenho, mas, por outro lado, me traz satisfação quando vejo o resultado das coisas que faço", ressalta. E revela que um de seus maiores atributos é manter a tranqüilidade nas situações de crise: "Por maior que seja o desafio ou o problema, eu nunca perco a calma". Como projeto do momento está o de realizar o melhor trabalho possível frente à comunicação do governo. "No momento em que eu encerrar essa experiência no Palácio, volto para os meus livros. Porém, aprendi que na vida a gente planeja as coisas até certo ponto", enfatiza. O segredo para tanta serenidade? "Eu adoro viver, acho a vida fantástica. Eu tento aproveitar ao máximo todas as oportunidades que a vida me dá. E olha que ela tem sido generosa comigo tanto nos momentos bons quanto ruins. Compete a nós termos inteligência para aprender e tirar uma lição de cada um destes momentos", aconselha.

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