Lúcia Bastos: A Publicitária do Ano

Sem medo de dificuldades, executiva se sente feliz ao contribuir para o aprimoramento das pessoas

A busca pela superação na vida pessoal e profissional é um ingrediente fundamental para manter o dinamismo do seu dia-a-dia. Essa procura já levou-a a correr os 42 quilômetros de uma maratona, em Porto Alegre. Ações como essa são peças que ajudam a movimentar a engrenagem social da diretora de comunicação de marcas da DCS, Lúcia Bastos Turquenitch. Há dois anos na empresa, depois de ter ocupado as mais diversas funções na multinacional Norton, ela se diz à vontade para encarar novos desafios. "Tudo depende de entusiasmo, coisa que venho alcançando trabalhando com profissionais altamente gabaritados, e que me permite deixar de lado aquela sensação de ligar o piloto-automático", afirma, ao comentar que não consegue conviver com a falta de novidades no próximo dia.
Com 25 anos de estrada na área de publicidade - formou-se na Famecos, em 1980 -, a executiva de 44 anos quer aproveitar o pique adquirido "na metade da minha vida passada em contato com o trabalho em uma agência". Casada com o arquiteto Renato Turquenitch e mãe de dois filhos, Rafael e Maurício, a publicitária chegou ao atual patamar de reconhecimento meio sem querer. "Minha primeira opção, trazida desde adolescente, era fazer Arquitetura, na Ufrgs, onde não passei no vestibular", recorda. No entanto, o mercado e ela absorveram com naturalidade essa "derrota", como classifica. Ao mesmo tempo, emplacava em Publicidade e Propaganda, sua segunda opção na PUC. O que foi bom: "Sempre gostei da arte, do desenho, e acabei encontrando uma área bastante afim".
Sem medo das dificuldades aparentes, Lúcia Bastos foi estagiar no Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), e depois encontrou espaço na Norton. "Fiquei um ano de estagiária, período em que acabei me formando e ficando praticamente sem emprego", lembra. Na agência, só havia vaga para secretária, o que não fez perder seu entusiasmo. "Passei pela área financeira, de produção gráfica, de assistente de atendimento, diretora e, enfim, vice-presidente da empresa". Rapidamente, passaram-se 20 anos dentro de uma das maiores agências de propaganda instaladas no país.
COMPETÊNCIA E APRIMORAMENTO
A dinâmica de vida de Lúcia pode ser medida por essa trajetória, da qual entende ter colhido frutos saborosos. "Certamente não teria a competência necessária para dirigir, por 12 anos, as operações da Norton no Estado, se não tivesse a oportunidade de percorrer todo esse caminho dentro da agência", sentencia. Outra experiência marcante na sua vida profissional foi a chance de lecionar durante sete anos na própria Famecos. "Me sinto feliz por ter conseguido ajudar no aprimoramento de tantas pessoas, muitas delas atualmente colegas dentro desse mercado palpitante da comunicação". Para a diretora da DCS, é preciso exercer todas as atividades com muita paixão pelo que faz, garantindo que cada momento vai ser marcante. "Não podemos deixar as coisas passarem sem que tenhamos alcançado alguma satisfação em realizá-las", avalia.
Para resistir e controlar essa dinâmica, Lúcia Bastos tem na família um porto seguro. "Nos finais de semana, trabalho pela família", diverte-se ao lembrar que até mesmo os filhos acreditam que não conseguirá envelhecer com todo o gás que expande junto ao seu círculo de amizades. Mas, para relaxar, a casa na praia transformou-se num reduto. "Aprendi que gostava de cozinhar, sempre com alguma dose de experimentalismo, pelas minhas próprias mãos, e contando com o apoio do meu filho Rafael, um gourmet para os pratos que eu preparo", salienta. O gosto pelos sabores diferentes também leva Lúcia a ser uma exploradora de novidades gastronômicas em Porto Alegre. "Como adoro água e moro na beira do Guaíba, acabei descobrindo locais em que esse contato está próximo, como o La Pietra, um gostoso restaurante de um chef argentino".
Da gastronomia para a arte, os dias da semana são de intensa movimentação. "Como trabalho perto de um shopping, devoro pelo menos um filme no cinema por semana", diz, ao lembrar que a fantasia cinematográfica está presente na publicidade e na sua necessidade de contato com coisas que despertem o sonho e vontades interiores. Em casa, a companhia familiar é dividida com a música. Adoradora do jazz, tem Miles Davis como compositor favorito de "alguns hinos" musicais. Da mesma forma, não dispensa a boa MPB, com espaço garantido para Caetano Veloso e Lulu Santos, uma dupla "que pode me levar a lágrimas de alegria". Na área literária, a procura incessante pelas novidades também está presente, o que é comprovado pela leitura atual: o livro "As pernas de Úrsula", da colega redatora da DCS, Cláudia Tajes.
PUBLICIDADE E SUCESSO
Tendo como filosofia de vida aprender a determinar vitórias em cada pequena derrota que tende a se materializar, Lúcia Bastos entende que crises são momentos sempre importantes. "É como trabalhar marcas. Sempre precisamos estar atentos para o que o consumidor precisa e encontrar fórmulas para levantar o seu astral, reduzir suas carências, aumentar a afinidade com aquelas coisas que quer ver realizadas".
Depois de tanto tempo no mercado, a publicitária quer cada vez mais desafios. Para ela, o próximo ano será de melhorias para os clientes da DCS, como a Claro Digital, que considera um dos cases mais positivos dos últimos anos. "É uma marca que foi consolidada em pouco mais de dois anos, e que hoje vai passar para um novo estágio, em que vai se trabalhar serviços, afetividade e vínculo com seus usuários". Dentro da publicidade, Lúcia destaca também as figuras de Geraldo Alonso Filho, o grande mentor do que se tornou a Norton no país e no estado, "e uma das pessoas que apostou e avalizou o meu trabalho", e os seus atuais diretores, Antônio D`Alessandro e Beto Callage, "cuja experiência e maturidade empresariais criaram aquela que é a maior agência entre nós".
Toda a intensidade e dinamismo que são logo sentidos por quem se aproxima da publicitária, não produzem uma pessoa preocupada. Seu projeto de vida é nada mais do que viver feliz com a família, colegas e amigos, "vendo meus filhos crescerem e contribuindo para que consolidem sua vida". Isso não significa que as ações rápidas e o desprendimento com que trata os assuntos do seu cotidiano não estejam presentes em suas expectativas futuras. Para a executiva, as pessoas têm de estar sempre dispostas a encarar a realidade, sabendo que muitas coisas estão adormecidas dentro de si mesmas, e precisam ser desvendadas sem medo. "A vida simplista não tem graça. Não agüentaria trabalhar em uma repartição pública ou num banco", exemplifica.
Esse é mais um ingrediente para quem acredita que o sucesso vem com o exercício da paixão e da dedicação em tudo o que se faz no dia-a-dia. "Sempre é preciso dar o máximo de si, colocando o coração e a razão, mas com uma boa dose de adrenalina". Essa "química" para conseguir bons resultados norteia a carreira da diretora da DCS, que tem orgulho de participar, diariamente, da formação e da lapidação "do brilho que cada pessoa tem dentro dela. Uma coisa bem de mãe", resume.

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