Alexandre Rollin: Foco e liberdade

Com atuação nas áreas de consultoria, de marketing e de gestão, Alexandre Rollin exalta o fato de poder comandar seus horários

Alexandre Rollin | Divulgação
Por Carlos Redel
A vida do publicitário Alexandre Flôres Soares Rollin não para. Entre muitas reuniões e viagens de negócios, o profissional conseguiu um espaço em sua agenda para a entrevista, momentos antes de embarcar para a Espanha, onde passaria alguns dias resolvendo questões de uma de suas várias atribuições. Atualmente, seu tempo se divide entre atender clientes de consultoria na Axeruld+Rollin, empresa em que é sócio, atuar como executivo de marketing da Liga Nacional de Futsal, que tem sede em São Paulo, e ser dirigente de futebol do Grêmio, o time amado.
Nascido em 3 de dezembro de 1973, em Porto Alegre, Alexandre é filho de Flávio da Silva Rollin, economista, e Maria Luiza Flôres Soares Rollin, encarregada de cuidar da família. Sempre foi muito próximo dos irmãos, o médico Guilherme e a advogada Cristiane, graças principalmente à pequena diferença de idade. O publicitário conta que sua infância foi tranquila e feliz. Viveu até os 14 anos no bairro Independência e, depois, sua família se mudou para o Moinhos de Vento.
Estudou no colégio Anchieta até 1990. Dois anos depois, começou a cursar Publicidade e Propaganda na Famecos. Assim que entrou para a faculdade da PUC, conseguiu o primeiro emprego, mas que fugia um pouco de sua área: atendente de videolocadora. Claro que a empreitada não durou muito?
Pouco tempo depois, conseguiu atuar como estagiário em uma agência, a extinta América Comunicação. Ali, ainda estudante, foi efetivado e começou a trabalhar como publicitário. Foi nesta empresa que Alexandre ouviu de seu chefe um conselho que o acompanha até hoje. Em um projeto, o publicitário, na época com 22 anos, decidiu que resolveria todos os problemas sozinho. Não deu muito certo. Um sócio da agência ensinou a lição extraclasse: os problemas podem ser solucionados com mais facilidade quando compartilhados com o grupo.
Quando saiu da América, passou a integrar o time da Idade Media Marketing. Nesta época, concluiu seu curso, recebeu o diploma de publicitário e continuou na agência por mais dois anos. Ao sair de lá, resolveu que seria seu próprio chefe. "Desde 1999, quando decidi ter o meu próprio negócio, ser consultor, trabalhar com marketing e com gestão, não consigo mais ser funcionário de algum lugar".
Para Alexandre, trabalhar em período integral no mesmo lugar é algo que não passa mais pela cabeça. "Esse fato de poder estar aqui, conversando, às 14h50, para mim, é o maior ganho que posso dar na minha qualidade de vida", revela. Frequentemente, segue trabalhando até às 22h, mas a liberdade de criar o próprio horário compensa. Segundo o publicitário, não trocaria isso por nada.
Meu nome é trabalho
"Atuar na área de consultoria, de marketing e de gestão é meu chão, é o que eu sei fazer e é o que eu gosto de fazer. Não me vejo em outra atividade", diz. Além da graduação na Famecos, entre 1992 e 1996, Alexandre é pós-graduado em Marketing, pela ESPM, entre 1997 e 1998, em Economia, pela Ufrgs, entre 2002 e 2003, e, também, especializado no Integrated Marketing and Communication Program, na DePaul University, em Chicago, nos Estados Unidos, entre 2013 e 2014. Atualmente, sua vida é totalmente focada no trabalho.
Divorciado, Alexandre conta que acabou não tendo filhos, mas não descarta a possibilidade: "Quem sabe um dia". No entanto, constituir família não é seu principal objetivo. "Eu sempre me dediquei muito ao trabalho, as coisas foram acontecendo e a vida de família foi ficando um pouco para trás. Nunca disse que não queria ter, apenas não rolou", conta.
Além da Axelrud+Rollin, onde tem como sócio o também publicitário Eduardo Axelrud, Alexandre atua como executivo de Marketing na Liga Nacional de Futsal, uma atividade que exerce desde o início deste ano, ao mesmo tempo em que atua como voluntário na área de Futebol do Grêmio. Até o final do ano continuará ocupando o cargo apenas por amor ao time do coração, objetivando ajudar a levar seu Tricolor à galeria de campeão.
Como a sede da Liga fica em São Paulo, toda semana o profissional passa um ou dois dias por lá, atendendo às demandas. Embora seja executivo, ressalta que não é um funcionário, mas sim o responsável pela equipe de Marketing, que coordena utilizando, principalmente, o Skype. Entre suas atribuições se inclui a de ser responsável pela negociação com os canais de televisão, das vendas dos direitos de transmissão dos jogos, patrocínios e gestão da imagem nas redes sociais.
Na empresa de consultoria estratégica em que é sócio, destaca que o objetivo é manter o negócio enxuto e pequeno, em que apenas ele e o sócio Eduardo trabalhem nos projetos. Por conta disso, não tem como atender a um grande número de clientes. Segundo ele, o atendimento personalizado é a principal qualidade do negócio e o que agrega valor ao trabalho.
Esportes na rotina
Não tira folga há um bom tempo e, apesar de estar frequentemente em viagens, todas elas são para tratar de negócios. Quando se libera das demais atribuições, vai para o Grêmio e fica lá administrando as rotinas do dia a dia do clube. Porém, quando consegue uma brecha em sua disputada agenda, é ao cinema que vai para se divertir. Mas tem que ser um bom filme, "não pode ser muito viajante e nem muito alternativo". Um dos últimos que assistiu e gostou foi o oscarizado "Spotlight: segredos revelados". Nem os livros fogem do tema trabalho. Há anos, toda a sua leitura é voltada para área em que atua.
Entre suas qualidades, destaca o foco que tem, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal. "Se precisa resolver algo, vamos resolver. Não tem muito o que ficar enrolando", exemplifica. Apesar de ressaltar sua concentração na realização de tarefas, acredita que seu defeito é absorver uma alta quantidade delas, mesmo sabendo que não terá tempo de terminá-las.
"Esporte vem desde a minha infância. Talvez a minha frustração é não ter sido esportista", conta Alexandre, em tom de brincadeira. O publicitário relembra que, quando criança, morava em uma casa grande e que tinha um campo de futebol, onde passava boa parte dos seus fins de semana jogando bola com os amigos. Além disso, toda vez em que era convidado para qualquer atividade envolvendo esportes, não pensava duas vezes e aceitava.
Atualmente, mantém a meta de fazer de cinco a seis dias de exercícios físicos por semana, entre corrida na rua ou na academia e natação no clube. "Isso é uma coisa que é bem importante e que me deixa bem. É o meu hobby e o meu vício, além de tomar muito café", revela. E o esporte não é abandonado nem durante as viagens. Alexandre conta que, quando está em hotéis, acorda às 6h30, vai para uma academia correr e só depois consegue trabalhar. Quando está em Porto Alegre, por não ter uma rotina fixa, flexibiliza mais seus horários, e pratica os exercícios quando dá, seja ao meio-dia ou de noite. Normalmente, corre entre oito e 10 quilômetros por dia.
Uma vida discreta
Embora trabalhe com Marketing e Comunicação, Alexandre deixa o ambiente digital das redes sociais apenas para seus clientes. Longe do Facebook, acha a ferramenta ótima para as empresas, mas acredita que superexpõe as pessoas. Diz que tem um LinkedIn para manter suas informações profissionais na internet, mas quase não mexe na plataforma. "Eu divido muito bem a minha vida pessoal e a minha vida profissional. A parte pessoal tem que ser muito discreta. Jamais faria uma entrevista dessas para falar da minha vida pessoal. Não é uma coisa que me atrai", reconhece.
Discreto, o publicitário diz que não é contra nem a favor das redes, acredita que cada um faz aquilo que acha melhor, mas destaca: "Acho que estamos vivendo em um mundo em que as pessoas estão trocando as relações humanas e afetivas pelas relações virtuais. As redes sociais tinham que ser uma ferramenta de auxílio nas relações das pessoas, e não de substituição". Quando um amigo está de aniversário, por exemplo, Alexandre prefere o modo convencional. Pega o telefone, dá os parabéns e marca de sair para comemorar.
Daqui a 10 anos, pretende estar fazendo as mesmas coisas de agora. "Essa liberdade e esse trabalho, em uma parte estratégica, não em uma operacional, não digo que é melhor, nem pior, mas é mais gratificante. Trabalho em um nível de decisão dos negócios, então isso é bacana e não me vejo fazendo algo muito diferente disso", conta.
A Comunicação
Alexandre não tinha como desejo de infância cursar Publicidade e Propaganda. Quando era adolescente, a única certeza que tinha era que não queria ser médico e nem advogado. Acredita que escolheu este caminho para fazer alguma coisa diferente do que era comum na época. Enquanto a maioria queria seguir carreiras mais tradicionais, ele gostava dos comerciais de televisão.
Ele acredita que o modo de trabalhar com Comunicação mudou muito nos últimos anos. E que o mundo de hoje é muito mais segmentado, com muito mais alternativas, o que dá aos anunciantes menores a chance de fazerem propagandas e ações de marketing que antigamente não podiam. Para o futuro, prevê que haverá uma grande migração para a mídia web, focando no relacionamento. "Não acho que a mídia tradicional vá acabar, mas vai haver um equilíbrio maior na distribuição de verba", projeta.
Algo que gosta de enfatizar é o fato de ter estudado profundamente sobre Comunicação e Marketing, mas de também ter feito uma pós-graduação em Economia, que considera completamente oposto. "Acho que é um diferencial do meu trabalho. Fui estudar Economia porque eu acho que um prestador de serviço nesta área precisa ser capaz de entender a fundo o que são os números para o cliente. Então, é possível pensar numa estratégia de marketing, não só pela parte de propaganda, mas pela parte econômica do negócio", ressalta.
Entre suas maiores satisfações profissionais, destaca as vezes que conquista um cliente novo, quando vê um cliente que já fez um trabalho tendo uma boa colocação no mercado e quando é indicado por alguém com quem já trabalhou. "Tentando não ser clichê", suas inspirações de vida são muitas pessoas. Desde clientes e pessoas legais com quem trabalhou, até pai e mãe. "Não tem uma pessoa só que eu possa dizer que é a minha referência. Cada um contribuiu um pouco. Até hoje, continuo aprendendo e me inspirando".

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