Beti Sefrin: Empreendedora por natureza

Há quase 30 anos na estrada, acumula as experiências em Jornalismo, Publicidade e Administração

Beti Sefrin - Reprodução

A Comunicação foi a primeira formação da jovem Beti Sefrin. Completou a faculdade de Jornalismo, depois cursou Publicidade, mas foi a pós-graduação em Administração da Comunicação que a impulsionou para montar a Insider 2, agência que completa 20 anos agora, em 2007. Chegou lá depois de uma rápida passagem pela produção da TV Difusora e de ter tido sua própria agência de propaganda. Acontece que é na assessoria que encontrou seu chão, junto com a convicção de que sua especialidade não está nas redações e, sim, em abastecê-las. Assim, hoje declina com orgulho que entre os clientes atuais da agência encontram-se marcas regionais, nacionais e até internacionais, como a TAP, empresa de transporte aéreo de Portugal.

Comunicadora administradora

Na hora de escolher uma profissão, a dúvida estava entre a Matemática, a Educação Física e a Comunicação. "Sempre gostei de cálculos, mas não queria trabalhar em ambientes fechados. Eu também amava exercícios, mas o Jornalismo me atraiu mais", conta. Em 1975, iniciou o curso, na PUC, e, depois de formada, migrou para a Publicidade, onde se formou em 1981. As primeiras experiências profissionais foram um estágio na área de produção do Programa Porto Visão, da TV Difusora, logo após a formatura, e o trabalho na agência experimental de propaganda dentro da própria universidade.

Beti sempre foi muita participativa e curiosa na faculdade. Interessava-se pelas atividades acadêmicas e pelo contato com os professores. "Eu devo ter, certamente, mais de 130 cursos na área da comunicação, administração, marketing e até da psicologia. Todos comprovados. Para ganhar destaque como profissional, é preciso ter uma cultura diversificada e interligada. Se eu for ser só jornalista ou só publicitária, minhas chances são pequenas. Tudo tem de ser cruzado e aproveitado", aponta.  Foi a partir deste interesse que ingressou na AJE (Associação dos Jovens Empresários), da qual foi diretora de comunicação. "Lá, fiz amigos que fazem parte da minha 'turma' até hoje e que me ajudaram muito na discussão sobre as dificuldades do primeiro negócio", destaca. Depois de finalizar seu pós-graduação em Administração de Empresas de Comunicação, foi convidada para dar aulas de Atendimento e Planejamento na faculdade de Publicidade, também na PUC. Lecionou de 1989 a 1992.

Um pouco antes, sua veia administrativa já se manifestara, e ela resolveu montar sua própria agência de publicidade. "Eu tinha uma tendência de tocar meu próprio negócio. Sempre fiz o perfil da iniciativa própria", afirma. Era a Dois Pontos Propaganda, em sociedade com Almir Portela. Mesmo assim, Beti achou que ainda não estava realizada e decidiu partir para a assessoria. "Não que a propaganda não me fascinasse. Aprendi muito com ela, principalmente com o sistema de funcionamento e a organização das agências, mas quis levar o meu expertise para a assessoria de imprensa. A área de Atendimento ainda não estava bem definida nas assessorias e resolvemos investir nisso", explica. Então, junto com Miron Neto, fundou a Insider 2, que em setembro de 2007 completa 20 anos.

Parte do sucesso da Insider, Beti credita à AJE. "Na minha época, as pessoas estudavam para serem empregados, para trabalhar em alguma empresa e não ter a sua própria. Eu achei que a angustiada era só eu, mas todo mundo ali era assim. Foi com a troca de experiências e respostas que crescemos, cada um em sua área", considera. O portfólio da empresa conta atualmente com empresas como Goldsztein, Sindilojas, Todeschini, Grupo Capão Novo, Instituto da Criança com Diabetes, Themac, Pactum, entre outros. Ao todo, já foram 90 marcas atendidas. "Nós desenvolvemos um trabalho apaixonado pelos nossos clientes. Para nós, eles são sempre os melhores do mundo e têm as melhores qualidades. O amor pelo que a gente faz é o que nos move", descreve.

Vôos mais altos

Um serviço que se destaca é o prestado para a Varig, de 1998 a 1999. Naquela oportunidade, a companhia encontrava-se distante do Rio Grande do Sul e seus diretores queriam promover um retorno às origens. Roberto Pandolfo, diretor da empresa no Sul, e o então gerente regional Luis Mor perceberam isso e compraram o projeto. Em um primeiro momento, a diretoria da Varig não concordou, mas com a ida de Luis Mor para a diretoria comercial nacional da empresa, o processo andou. "Eu liguei para cumprimentá-lo, ele se lembrou de mim e reavivou o projeto. Fechamos contrato e realizamos ações específicas em cada cidade. Foi toda uma estratégia voltada para as empresas do interior do Estado. Fizemos todos perceberem a Varig e promovemos diversas coletivas, sem falar nas matérias e entrevistas em rádio e televisão. Eles adoraram o trabalho", comemora.

Depois de explorar todo o Rio Grande do Sul e o interior de São Paulo, a parceria terminou quando toda a diretoria da companhia foi substituída. Após um ano, Mor, junto com outros ex-executivos da Varig, foi para a TAP e chamou a Insider para desenvolver o mesmo trabalho. "A aceitação dos profissionais brasileiros foi muito difícil lá. Chegaram a dizer que eles não eram bem-vindos, mas com trabalho e competência conquistaram os portugueses", enfatiza. O foco da TAP era no Brasil, e o objetivo era rejuvenescer a companhia, que tinha adquirido uma imagem velha. "Era uma empresa de 40 anos, com aviões novos, mas com cara de velha", brinca. "Uma das ações foi mudar o layout da pintura das aeronaves, o que trouxe uma impressão jovem para a empresa", completa. Beti conta que, hoje, a TAP é a empresa estrangeira com o maior número de vôos para o Brasil. São 60 por semana.

Cases de sucesso

Uma situação inusitada que Beti guarda na memória aconteceu em Portugal. A Insider foi a Lisboa realizar uma coletiva de imprensa para um cliente gaúcho na Bolsa de Turismo da Cidade. Chegando lá, o porta-voz da empresa não pôde comparecer. A coletiva já estava marcada e não havia tempo de cancelar. Como o cliente era do Rio Grande do Sul, a agência reuniu os gaúchos que moravam em Lisboa e a coletiva foi um sucesso. "A intenção era divulgar o Estado do ponto de vista turístico. Então, levamos o Fernando Pinto, presidente da TAP; o Luis Mor, vice-presidente, e o técnico Felipão. Todos são personalidades muito queridas em Portugal e tínhamos tudo na mão. Foi engraçado pela guinada que conseguimos dar e um alívio por ter atendido à expectativa dos jornalistas portugueses".

Outros cases que Beti destaca são os da NET e da Bienal. "Nós trabalhamos em um período onde a tecnologia de cabos era um mistério. Foi muito difícil, pois ninguém conhecia, mas nós conseguimos fazer a implantação em todo o Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, com eventos e abrindo mercado. Foi uma arrancada complicada, mas depois de entendermos o funcionamento, criamos uma estratégia própria para superar todas as dificuldades", relembra. Para a Bienal do Mercosul, o trabalho foi parecido. A equipe assumiu a assessoria do evento em uma época que ele ainda era novidade. "Tivemos de provar que era sério e mostrar que era importante para todos os veículos do Brasil e da América Latina. Hoje já está implantado", esclarece. "Mas é isso mesmo. Nós somos movidos a desafios. Adoro pegar um cliente novo com algo que eu ainda não sei fazer", define.

A jornalista não trilhou carreira dentro de redações, mas nutre respeito pelos seus profissionais. "O jornalista de redação faz mágica todos os dias para fechar o jornal, mas o nosso desafio também não é diferente. A exigência do mercado é muito grande. Até porque trabalhamos para dois clientes: a empresa que nos contratou e o jornalista. E sempre tivemos muito cuidado para não ferir nenhum princípio ético dos veículos de comunicação. Aqui dentro, somos vigilantes um do outro, para não ocorrer nenhum mal-entendido", aponta.

Esporte, família e equipe

A atividade que quase se tornou sua profissão segue viva. O esporte continua marcando presença na vida de Beti. Chegou bem aos 50 anos graças ao exercício físico. "Gosto de fazer ginástica, musculação e corrida. Foi algo forte para mim desde o colégio. Também joguei vôlei até o período da faculdade, nadei durante seis anos e experimentei paddle. Andei por tudo, mas a corrida eu mantenho há 20 anos. Nada profissional, mas sempre em um bom nível. Cheguei a correr 15 quilômetros. Agora não estou tão bem, mas estou malhando para me recuperar", avisa.

Foi correndo que conheceu César, seu atual marido. Com ele, está há 10 anos e tem uma filha de nove, a Sophye. "Uma das minhas maiores realizações é ser mãe. Passamos a ter entendimento de muitas coisas depois que se tem um filho", registra. Dá também muito valor para a família e para os colegas: "É fundamental ter uma família estruturada e de bom convívio. Um dos grandes desafios da minha vida é achar um tempo livre entre casa, trabalho e felicidade, fazer as coisas que eu gosto".

"Outro ponto que é importante salientar é que tudo o que eu consegui na minha vida foi em equipe. Ter um sócio que joga junto, com transparência, é essencial. Hoje temos uma empresa consolidada com uma boa equipe, de profissionais responsáveis, dispostos a crescer e se desenvolver" salienta.

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