Diego Wortmann: Convicção para fazer

Diretor de Criação da J.Walter Thompson, o publicitário Diego Wortmann enfileira objetivos e coleciona conquistas

Diego Wortmann | Crédito: Divulgação/jWT
Com objetivos traçados, uma dose de talento e outra de dedicação, Diego Wortmann construiu uma trajetória que passa por grandes agências do Estado, com criações reconhecidas em premiações nacionais e internacionais. No caminho, o atual diretor de Criação da J.Walter Thompson em Porto Alegre aprendeu cedo o valor de ter sempre uma ambição e foi assim que conquistou o próprio espaço no mercado. Funciona como um norte, do contrário, "fica-se estagnado, sem propósito".
A Publicidade surgiu para Diego como uma profissão por acaso. Isso porque, na infância, ele até se via na comunicação, mas em áreas relacionadas ao Jornalismo. Quando criança, um passatempo era gravar em fita cassete os próprios programas de rádio, nos quais comentava diversos assuntos, mas admite que também se imaginava falando na TV. Em meio às brincadeiras, pegou o gosto pela comunicação, no entanto, no vestibular, a Publicidade foi a escolhida. "Existem comerciais que as pessoas comentam - eu lembro do cachorrinho da Cofap, o comunicador de Bombril? Pensava em um dia poder fazer isso, ter uma peça que as pessoas gostassem e comentassem", recorda.
A primeira experiência em agência ocorreu durante a graduação na Famecos, quando teve o primeiro estágio, na ProTarget. Durante um curto período, atuou no QG da agência em Novo Hamburgo, substituindo um profissional que estava em férias, e depois em um escritório que a empresa mantinha em Porto Alegre. Na época, com o pai trabalhando nos Estados Unidos, percebeu uma oportunidade de conciliar a visita com o aprendizado e passou a contatar agências reconhecidas, quando explicava quem era e o que gostaria de fazer em um estágio.
A resposta positiva veio em um email da Bates USA South, de Miami. "O dono da Bates respondeu: pode vir. E eu fui. Sem saber o que iria fazer, o que iria encontrar, com quem iria trabalhar", relata. Durante seis meses, pôde trabalhar com profissionais de diferentes culturas e marcas como Wall Street Journal e Mercedes. "Tive uma inspiração muito grande. Foi lá que realmente entendi que era isso que gostaria de fazer", diz.
Fazer e crescer
Na volta ao País, entrou para a equipe da Escala, onde permaneceu por nove anos. No período, passou de estagiário a diretor de arte sênior e também conquistou reconhecimentos como Young Lions e diretor de Arte do Ano no Salão da Propaganda, além de ver os próprios trabalhos no shortlist do Cannes Lions. De lá, foi para a DCS, trabalhar com a conta da Olympikus. "Era uma das melhores posições no Estado, não tinha como não aceitar."
A instalação da DM9Sul em Porto Alegre, em 2011, veio reforçar a visão que o publicitário já alimentava em suas ambições. Do tempo na agência, destaca a oportunidade de criar trabalhos, reconhecidos em festivais internacionais e de repercussão no mercado. Já em 2012, a ida para a 3yz representou "um salto na carreira". Foi quando passou de diretor de Arte para diretor de Criação. "Tive uma experiência super enriquecedora com digital, pude trabalhar um lado mais interativo, mais voltado à tecnologia", conta.
Na agência digital, permaneceu por um ano, antes de receber, há cerca de dois anos, o convite para liderar a equipe da J. Walter Thompson, com a missão de consolidar a operação em Porto Alegre. "O nível de entrega é alto, é o da rede mundial. O trabalho que a gente faz, às vezes, também é aprovado pelo diretor mundial de Criação da rede. É um desafio diário fazer um trabalho consistente, criativo, sempre com excelência", ressalta.
Na trajetória de 14 anos, ainda teve o trabalho reconhecido em prêmios nacionais como Clube de Criação de São Paulo, Wave Festival, Salão da Propaganda e Colunistas RS - que, nesta edição, rendeu o título de Profissional de Propaganda do Ano - e internacionais como Cannes Lions, Clio Awards, One Show, NY Festivals, Fiap (Festival Iberoamericano de Publicidade) e El Ojo de Iberoamérica. "Os prêmios são relevantes porque indicam que tu está no caminho certo, fazendo um trabalho realmente criativo, de excelência", avalia.
Em família
Embora tenha nascido em São Paulo, Diego chegou ao Rio Grande do Sul ainda nas primeiras semanas de vida, considera-se mais gaúcho do que paulista. Da infância, além das brincadeiras e das atividades esportivas mais diversas, do basquete ao surfe, guarda a lembrança de uma criança bastante curiosa, o que, acredita, tenha ajudado a colocá-lo no caminho da comunicação. De personalidade tranquila e observadora, também é alguém de fácil relacionamento. "Sempre entendi que cada um tem seu jeito e procurei lidar bem com todos. Quem me conhece sabe que dificilmente odeio alguém."
Filho da professora de Matemática Helena e do treinador e ex-jogador de futebol Ivo Wortmann, Diego foi o único entre os irmãos - Rafael, advogado, e Lucas, engenheiro - a decidir pela comunicação. Mais que uma profissão, a escolha também rendeu um amor. Isso porque foi nos tempos de Escala que conheceu a publicitária Ana Cristina Hochscheidt, atual gerente de Marketing da Vulcabras Azaleia. "Fomos construindo uma relação e, certamente, vai durar pra sempre", diz.
Do relacionamento que soma sete anos de namoro e quatro de casamento, nasceu há quatro meses Martina, a quem define como a mais nova fonte de inspiração. Para ele, que curte o aconchego do lar, ter um bebê em casa é uma experiência que só traz alegrias. "Não tem coisa melhor do que às sete da manhã, quando tem que acordar, chegar no berço encontrar ela com aquele sorriso que inspira e dá energia pro dia inteiro", comenta, lembrando ainda a responsabilidade de educar uma criança, missão ao mesmo tempo desafiadora e gratificante.
Para distrair e inspirar
Como filho de esportista, Diego também herdou o gosto pelos esportes. Além de frequentar a academia, pratica tênis, basquete, natação, mas afirma que em nenhum deles é um expert. Assistir a filmes e ler revistas também são atividades para o tempo livre e, nesse caso, o estilo é eclético, pois acredita que ajuda a desempenhar a profissão. "Publicitário não pode gostar ou consumir uma coisa só. Tem que ter referência de todos os assuntos", argumenta.
O mesmo vale para a gastronomia. Aprecia pratos simples, culinária italiana, hambúrguer e, claro, o tradicional churrasco. Este, aliás, costuma ser o cardápio do encontro semanal com o grupo de amigos que preserva desde o colégio. "Nas segundas-feiras dos últimos 15 anos, praticamente, eu como churrasco", constata. Na música, revela uma das poucas preferências, o rap. "É algo que as pessoas costumam achar engraçado sobre mim. Sou uma pessoa, às vezes, um pouco tímida, não ousada até na forma de vestir, mas curto rap. Acho que é o único local que sou um pouco mais exclusivo", reflete.
Perfeccionista e exigente, ainda prevê grandes projetos, campanhas, reconhecimentos e pessoas na trajetória profissional. "Sempre digo que a gente tem que pensar sempre pra cima, não pra frente, tem que procurar fazer melhor", afirma. No âmbito pessoal, ainda gostaria de ter uma nova vivência no exterior, mas o plano mesmo é se dedicar à pequena Martina. "Quero educar minha filha da melhor forma possível, tentar fazer dela a pessoa mais feliz."
Na carreira, diz que encontrou mestres como Rafa Bohrer, Marcelo Pino, Eduardo Axelrud, Roberto Callage, Régis Montagna, e hoje tem em Ricardo John, chief creative officer da J.Walter Thompson, exemplo de profissional. E tem ainda as personalidades que se destacaram por seus feitos e talentos, como Michael Jordan, Kelly Slater e Michael Jackson. Se alguém tem lugar especial entre aqueles que serviram de inspiração são os próprios pais, de quem se diz grato pelo apoio recebido. "Meu pai morou muito tempo fora, longe da família, mas sempre pensando no nosso bem. Foi uma pessoa dedicada tanto na carreira quanto na família e isso levo até hoje. Sempre vi nele uma inspiração para o que gostaria de ser, dedicado e correto."

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