Doda Bedin: Fora da rotina

O planejamento está em todos os momentos da vida de Doda Bedin, sócia-diretora da Inventa Evento

Doda Bedin - Divulgação/Coletiva.net

Por Márcia Farias - 08/03/2013

Giórgia Fredizzi Bedin Correa é a mulher dos apelidos. Tanto, que se auto-apelidou ainda na infância, por não conseguir pronunciar bem seu nome. Até hoje se apresenta apenas como Doda. "Hoje, até meu cartão de visita é como Doda. Acho que o apelido é uma forma carinhosa de tratar as pessoas", explica a sócia-diretora da Inventa Evento. Administradora por formação acadêmica, ela conta que o prédio em que estudou na PUC era próximo ao da Famecos, o que a fazia ficar olhando de longe os estudantes de Comunicação - e, claro, achando tudo muito interessante. Ao lado da sócia Ana Paula Leite, há sete anos, a quem caracteriza como uma verdadeira administradora, ela gosta de relacionamentos e é apaixonada pelo mercado publicitário. Por isso, admite: "Meu prédio deveria ter sido aquele que eu ficava só olhando".

Há quase 20 anos no mercado de eventos, Doda sente-se uma profissional realizada. "Comecei nesta área em uma época em que a comunicação era precária, não tínhamos nem metade das facilidades que temos hoje. Por isso, me tornei muito exigente. No dia que eu disser que um evento foi ótimo, não estarei mais trabalhando nessa área", diz, ressaltando que tem muito tesão pelo que faz, tendo como lema o comprometimento. Ela não mentiria ao dizer que gosta de todos os tipos de eventos que faz, mas garante que, ao fechar um projeto, vai até o fim com a mesma gana que teria com qualquer outro.

A organização faz parte de todos os momentos da vida de Doda, que tem uma agenda, dois celulares e uma secretária - tudo para auxiliar no turbilhão que é sua rotina. E explica: "Tenho uma péssima memória, mas só da porta para fora. Às vezes, nem preciso olhar minha agenda, pois sei tudo que preciso fazer no dia. Acho que isso é natural, tanto que nem preciso mais de despertador". Ela adora a "rotina de não ter rotina", já que a profissão exige muito dinamismo. "Meu dia a dia é maravilhoso, pois consigo fazer absolutamente tudo a que me proponho", afirma, visivelmente empolgada.

Mudando o rumo

Para alguém que cursou Administração, a Comunicação não foi uma escolha, e sim algo que surgiu naturalmente. Depois de formada na turma de 1994, Doda foi passar seis meses na Califórnia, Estados Unidos, para aprimorar o inglês. Quando voltou, o primeiro emprego foi na agência de Turismo Tia Iara. Atender público, organizar roteiro de viagens e pesquisar opções foram atividades que ganharam simpatia e, segundo conta, foi o começo da paixão pela organização. Porém, ainda tinha muito por vir antes de se entregar à área de eventos. Através de um convite do amigo Eugênio Correa, proprietário da agência DC Set, ela acompanhou a vinda do guitarrista Steve Vai ao Brasil, ficando responsável por acompanhá-lo em sua agenda.

Esta foi apenas a primeira oportunidade, pois logo vieram turnês com Mister M, Julio Inglesias e David Copperfield, entre outros. Viajando muito a trabalho, Doda destaca o trabalho ao lado de Mister M como sendo um dos mais especiais, pois foi regado a muita aprendizagem. "Foram dois meses de muito trabalho, com uma equipe maravilhosa. Situações que tinham tudo para dar errado, e nós nos superamos", recorda com carinho.

Antes de surgir a Inventa Evento ainda teve a primeira experiência como empresária, quando montou a G+B, ao lado das sócias Beatriz Wetzel e Gabriela Cheli. Como as duas tinham mais experiência na área, acharam que Doda poderia ficar com a parte de prospecção e atendimento a clientes, algo que adora, mas que, na época, percebeu que ainda não era o momento de fazer. Ela precisava de mais "chão de fábrica". Com vontade de colocar a mão na massa, deixou a sociedade e foi trabalhar na DCS, onde coordenava a DCS Promo. Foram cinco anos dos quais lembra com muito carinho, pois deixou o show business de lado para conhecer outro nicho de eventos, os corporativos. "Tenho muito carinho pelo D'Alessandro (Antônio) e pelo Beto (Callage). Eles acreditaram em mim e me ensinaram muito."

Surge a Inventa

Doda saiu da DCS para tocar outra "profissão": ser mãe. A dedicação integral à maternidade não durou muito. Ela precisava atender a um pedido da empresa. Com um filho de poucos meses, e ainda em fase de amamentação, foi com bebê e babá para São Paulo, fazer a festa de 95 anos da Tramontina. O dono desta empresa, inclusive, foi um dos grandes incentivadores da carreira de Doda. Em uma das apresentações que foi fazer em Carlos Barbosa, ao final da reunião, Clóvis Tramontina disse a ela: "Tu não precisas ficar nervosa, tu és excelente no que fazes e teu futuro é brilhante. Tu tens uma característica que é a que eu mais aprecio, que é ser transparente". Depois do elogio, lembra, retornou para a agência sentindo-se mais leve e, claro, mais confiante.

Ana Paula Leite fazia trabalhos pontuais com Doda e a sintonia era sempre muito forte. Começando a ter contato com eventos, a amiga gostou tanto que fez uma proposta: "Lembro quando ela sentou na minha frente, eu estava amamentando, e disse 'vamos montar um negócio?'. Gostei da ideia e, no mesmo ano, em 2006, começamos a estruturar nossa empresa". Dizendo sempre que a área de eventos é uma cachaça, pois "ou você gosta, ou odeia", Doda garante que, de lá para cá, só foram coisas boas. "Acredito muito na Inventa. Temos muito trabalho, mas a Ana torna tudo mais fácil, é uma ótima parceira e a gente se completa", elogia.

O melhor projeto

Se o mercado de trabalho traz satisfação profissional, tem algo que a torna muito mais completa: ser mãe de Frederico, de 7 anos. "Com certeza, ele foi o meu melhor projeto." O pequeno Ico é fruto do casamento com Eugênio Correa, aquele amigo que inseriu Doda no mundo dos eventos. A união, porém, não foi construída no mercado de trabalho. Eles se conheceram quando Doda tinha 16 anos. "Desde que nos vimos pela primeira vez, ele começou a me cercar. Ficamos amigos, ele foi na minha formatura, me visitou nos Estados Unidos, me mandava flores. Foi me conquistando aos poucos", conta, para completar: "Ele sempre esteve perto de mim, mesmo estando longe, e isso foi fundamental para eu me apaixonar por ele".

Como nem tudo são flores, Doda e Eugênio ficaram separados por quatro anos, mas, há pouco mais de um ano, retomaram o matrimônio. Dessa vez, cada um na sua casa. "Passamos os finais de semana juntos ou quando estamos com saudades. Na verdade, voltei a namorar meu ex-marido", conta. A reconciliação deu tão certo que os dois fazem planos. Se Frederico foi planejado, o mesmo deverá acontecer com um irmão ou irmã. "Estamos começando a pensar no segundo filho. Afinal, estou com 40 anos", diz, sem explicitar qualquer preocupação com a idade.

Filha do economista Carlos Alberto e da professora de Educação Física Nelci Maria, Doda é a primogênita entre os irmãos administradores Francine, a quem define como grande companheira de vida, e Germano (que trabalha na Associação Riograndense de Propaganda - ARP), com quem diz ter uma relação totalmente maternal, devido à diferença de oito anos entre eles. Quando fala da família, logo lembra da infância. E se tem algo que remete a esse período é a palavra camping. Acampamentos em família eram sempre um grande programa. "Meu pai era profissional nisso, passava o ano todo planejando o próximo. Fizemos por tantos anos, que nós três (os irmãos) concordamos nunca mais acampar", brinca.

Para relaxar

Viagens sempre fizeram parte da infância e da profissão, por isso os momentos de lazer estão ligados a turismo. Sempre que pode, por exemplo, gosta de se esconder, como brinca. É que a família tem uma casa em Governador Celso Ramos, em Santa Catarina, um local que ela diz ser para descansar e ter paz. Como o estado vizinho não pode ser visitado com a frequência que gostaria, cinema e teatro com Eugênio e Ico caem muito bem nos finais de semana, que ainda são preenchidos com amigos, aos quais gosta de visitar e receber em casa.

Na lista de prazeres, entram muitas coisas - e gastronomia é uma delas. Algo que Doda aprendeu a apreciar ao lado do marido, já que sempre "comeu para sobreviver". "Ele me leva para conhecer restaurantes incríveis. Um bom almoço e um bom jantar são das coisas mais especiais." Para agradar ao paladar, adora camarão e massas, mas tem outra iguaria que não fica muito tempo sem comer: churrasco. Apesar de ser fã da culinária, ela não se arrisca na cozinha. "Adoro fazer uma mesa bonita, lavar a louça, arrumar tudo depois, mas, definitivamente, não corto nem cebola", conta, rindo.

Filha de ex-jogador de futebol e de educadora física, só poderia ser fã de esportes. Na juventude, jogou vôlei, basquete e padel. Hoje, pratica menos esportes do que gostaria, apenas preservando a academia pelo menos duas ou três vezes por semana. E por falar em esporte, ela é colorada, mas nada fanática. Pelo contrário, aliás: "Meu marido, meu filho, minha sócia, meus pais, meu irmão, são todos gremistas. E eu sempre trabalhei para o Grêmio e nunca para o Inter. Estou quase virando à casaca, nem sei quem é o técnico do meu time", brinca.

Como Frederico é um menino bastante introvertido, Doda conta que, no momento, o único livro que prende sua atenção chama-se 'Como ser mãe de uma criança tímida'. "Nem sabemos a quem ele puxou. Já tentei incentivar ele a ser mais social, mas percebi que é algo natural. É dele." No geral, ela prefere romance e ficção, além de obras de Monteiro Lobato, pois, para ela, ler tem que estar ligado à diversão. Então, livros muito pesados e de auto ajuda dispensa. Para ouvir? 100% rock, e os nacionais de preferência. Para assistir? Infantis, claro. "Na verdade, gosto de diversos tipos de filme, mas não consigo me prender a seriados, pois gosto de histórias que tenham início, meio e fim" explica.

Uma fortaleza

Quem ouve Doda falando da paixão pelo que faz quase não acredita que, antes da Administração, ela cursou Análise de Sistemas. E dessa época não tem boas lembranças: "Tinha uma cadeira que era Introdução à Programação 1, que era pré-requisito para a 2 e a 3. Rodei três vezes na primeira. Foi quando me dei conta que não tinha nascido para aquilo". Hoje, certa da escolha profissional, o foco é apenas o crescimento. Daqui a 10 anos, deseja que a Inventa tenha uma sede mais ampla, que permita mais conforto, mais paz e mais confraternização da equipe.

Planejar tudo na vida tem o lado bom, mas também tem o ruim. Doda se diz muito cricri e confessa que não gosta quando as coisas não saem conforme queria. "Sou intolerante. Como há muita exigência em cima de mim, acabo exigindo demais dos outros também", conta. Apesar da fama de durona, ela admite que tem um lado super sensível e de mãezona de todos ao seu redor. "Quando tenho que me definir, sempre penso que sou forte. Tenho meus momentos ruins, mas me sinto uma fortaleza em todos os sentidos."

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