Luis Grisólio: Gaúcho por opção

Paulista, o publicitário Luís Grisólio virou gaudério, desde que chegou ao Estado, há 12 anos.

O publicitário paulista Luis Grisólio, gerente de Eventos do Correio do Povo, conta que já tocou muito rock, MPB e samba em bares de São Paulo. Hoje, aos 44 anos de idade, 12 destes vividos em Porto Alegre com a família, ele se declara um apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul. Por isso, quando está em eventos tradicionalistas que o Correio promove, emociona-se ao se ver fazendo parte dessas manifestações culturais: "Sempre gostei muito das coisas do Rio Grande do Sul. E não existe nada mais emocionante do que ver o povo gaúcho cantar o hino", derrete-se.


A tecnologia pela pilcha


A mudança para a capital gaúcha aconteceu em maio de 1995, quando veio trabalhar no escritório do Grupo Simba da região sul, gerenciando uma das representações dos Diários Associados: "Eu cheguei aqui com muita tecnologia embaixo do braço: celular, notebook, as tabelas de preço estavam todas em disquete. Em São Paulo, já era um negócio completamente "high-tech". A gente aproveitava o tempo no carro pra enviar e-mails", explica. "Aqui, eu tive que me adaptar, trocar meu notebook e as tabelas de preços por folhas impressas", lembra. Trouxe consigo sua mulher, Silvana, formada em Educação, e os três filhos, Leandro, hoje com 18 anos de idade, Caio, com 16, e Débora, recém-nascida, na época. "Os primeiros seis meses foram muito difíceis, por isso minha família teve um papel fundamental", confessa.


Quando expirou seu contrato com a região, em dezembro de 2000, Luis deveria voltar a São Paulo e reassumir suas funções por lá. Foi então que decidiu rescindir o contrato com o Simba e continuar no Estado: "Quando começou 2001, me vi desempregado", confessa. Mas em seguida, foi contratado para trabalhar com mídia exterior na revista Caras. "O nível da publicidade gaúcha é o mesmo da paulista. A diferença está no investimento, aqui o cliente segura demais o dinheiro enquanto que lá, o cliente gosta de investir em publicidade", compara.


Ainda em 2001, Luís foi convidado pelo diretor Aloísio Ribeiro para gerenciar o Departamento Comercial do Correio do Povo. Mesmo sem um setor para cuidar de promoções, a equipe realizava os eventos que a casa já promovia, como a Expointer e a Expoleite, por exemplo. Após o sucesso da primeira participação, em 2003, nas comemorações da Semana Farroupilha, foi criado o novo Departamento de Eventos, do qual Luis ficou encarregado: "Nós brincamos aqui (no Correio) que teve que vir um paulista para fazer um evento de gaúcho. Vamos para o quinto ano de Semana Farroupilha, que se tornou um evento grandiosíssimo", surpreende-se. A partir daí, ele, na função de gerente de Eventos, junto com a equipe do Grupo Caldas Júnior, passou a realizar importantes comemorações e feiras na capital e no interior do Estado: "Hoje, quando tenho um evento, sou um verdadeiro gaúcho", emociona-se, ao lembrar que sempre veste pilcha nos acontecimentos tradicionalistas. 


Publicidade e contrabaixo


Mesmo tendo se formado em Administração e Psicologia, Luis admite que a paixão pela publicidade começou cedo, ainda na juventude, no primeiro emprego que teve na agência Norton, em São Paulo, onde era "assistente de cheking", que, segundo ele, nada mais era que um office-boy do Departamento de Mídia: "Me apaixonei mais por veículo. Foi aí que optei por trabalhar em veículos e não em agências", esclarece.


Da agência, ele lembra que ia direto para o bar em que trabalhava à noite, Era músico contrabaixista e, depois de trabalhar o dia inteiro, tocava em três bares diferentes, de quarta-feira a domingo: "Eu tocava MPB num bar, e, no intervalo, atravessava a rua e ia pro bar "Zé Colméia" tocar samba. Saía, atravessava a rua novamente e ia para outro, o "Palhoça", tocar Jorge Ben", relembra. Numa dessas vezes, ele conta que dormiu no palco enquanto continuava tocando: "Quando a gente tem 18 anos, vale tudo, não tem cansaço. E eu precisava comprar meu carro", justifica. Da música, ficaram os instrumentos, que servem para reuniões com os amigos. "A gente brinca. Não toco mais pra valer, reúno os amigos, toco meu violão, meu baixo. Mas, como profissional, não dá mais", declara.


Churrasqueiro oficial


Luis considera que a "cultura do trabalho" entre os dois Estados está muito próxima. Para ele, "gaúcho trabalha tanto quanto o paulista", e isso serviu como um forte motivo para que mantivesse sua permanência no Rio Grande: "Só tem uma grande diferença: o gaúcho sabe aproveitar mais o seu tempo livre e seu final de semana", define. "O principal é que aqui não passo nenhum final de semana sem fazer um churrasco com os amigos. Eu acho que o churrasco é o principal. Além do futebol, que eu não abro mão. Sábado é sagrado jogar bola", diverte-se o publicitário, que conta que, em seu tempo livre, também adora assistir aos shows de rock no Bar Opinião: "Sou da geração rock and roll. Participei de protestos na bilheteria do cinema onde estava estreando "Os Embalos de Sábado à Noite"".


Quanto a voltar às raízes, Luis e a família não pensam em retornar para São Paulo: "Estamos completamente adaptados aqui", define. Explica que os filhos costumam passar os três meses de férias com os avós numa praia ao norte da capital paulista, mas que suas vidas e seus amigos estão aqui. E como um autêntico gaúcho, quando ele visita sua cidade natal, é o churrasqueiro titular: "Sei comprar e assar a carne. Aqui eu sou o paulista e lá sou o gaúcho", identifica-se.

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