Ivan Novello: Um bom ouvinte

Nascido no Interior, Ivan Novello veio para a Capital de mala e cuia para encarar a gerência de Comunicação e Marketing do Sicredi

Ivan Novello | Divulgação
Por Gabriela Boesel
Na essência, ele ainda carrega uma certa timidez de guri do Interior, com fala mansa e objetiva. Também pudera. Nascido, criado e vivido em Rodeio Grande, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes que fica no Noroeste gaúcho, Ivan Novello deixou a terra natal no auge dos seus 32 anos para encarar a vida agitada da Capital. Distante 430km da família e separado da esposa, Deize, por um ano e meio, o então administrador encarou o desafio de trabalhar na central do Sicredi, onde, mais tarde, assumiu a gerência de Comunicação e Marketing.
Realizado com a função que exerce desde 2006, Ivan adora o que faz e enfatiza: "Não me vejo em outra área". Formado em Administração pela Faculdade São Judas Tadeu, buscou especialização em Marketing depois de já estar integrado à equipe do Sicredi, e garante que fez uma escolha acertada.
O reconhecimento veio 16 anos depois de entrar para a equipe da instituição financeira com o prêmio de Anunciante do Ano, que recebeu no Salão da Propaganda, realizado na Semana ARP de Comunicação do ano passado. "Em um curto espaço de tempo consegui criar esse vínculo", comemora modestamente.
Apoio e companheirismo
Na cabeça, sempre teve a ideia de se mudar para Porto Alegre, e o apoio de Deize foi fundamental para o sucesso tanto no âmbito profissional quanto no pessoal. Juntos há 15 anos, Ivan conta que a história dos dois foi construída com base no companheirismo mútuo. "Quando tive a oportunidade de mudar para cá, precisei convencê-la a vir também", lembra, ao mencionar que, no começo, foi difícil aguentar a distância.
A ajuda dos colegas de trabalho também foi importante no primeiro momento. "Não conhecia quase ninguém, nem a cidade, e a saudade apertava", recorda, e acrescenta: "Tudo passa. A gente tem que passar por uns perrengues pra ver que valeu a pena".
Com a mudança de município, veio, também, a chegada de Guilherme, hoje com 14 anos. O filho único é um dos grandes companheiros do pai. Colorados de carteirinha, divergem com a mãe no quesito futebol, que é gremista. "Mas ela não dá muita bola pra isso", adianta-se em explicar.
Além do time do coração, Ivan e Guilherme dividem o mesmo jeito de ser. "Ele é mais introvertido, reservado, caseiro", conta, ao confessar que também aprecia estar em casa com a família. Inclusive, explica que essa característica vem da infância, quando a mãe Terezinha Betti Novello, que faleceu em 2007, se empenhava em deixar a família de quatro irmãos sempre unida.
"Meu pai (Valdomiro) morreu de leucemia quando eu tinha dois meses de idade, então a mãe fez o papel de pai e mãe ao mesmo tempo", esclarece. Ele conta, ainda, que Terezinha aproveitava os momentos das refeições para unir a família. "Isso também despertou em mim o gosto pela cozinha", declara e garante que um prato de massa (de qualquer tipo) e um bom vinho o satisfazem. Para gastar as calorias do carboidrato, Ivan é adepto da academia e de caminhadas, e assegura que também pratica exercício para mente.
Atendimento é a alma do negócio
A relação com a instituição financeira é antiga. A primeira experiência foi no extinto Credi Rodeio - antiga sede local do Sicredi, em Rodeio Bonito - onde trabalhou por um tempo no Atendimento. Saiu em busca de outras oportunidades e retornou ao banco em 1993, de volta ao Atendimento. "Já naquela época comecei a implementar a assessoria de comunicação", lembra. Recorda que ainda não era formado na área e a empresa não tinha uma estrutura voltada para o setor.
Trabalhou com relacionamento com associados até 2000, quando veio para Porto Alegre. "Aqui, a instituição queria fazer um trabalho de Comunicação em nível estadual, então começamos a estruturar essa questão." Já com formação em Marketing e Gestão de Pessoas, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), passou a coordenar a área que, hoje, abrange 42 regionais espalhadas pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. "Cada uma tem um núcleo de comunicação com certa autonomia", explica. As ações são realizadas em parceria com a agência Morya, com a qual trabalha desde 2010.
O envolvimento com as pessoas vem da adolescência, quando, para ter seu próprio dinheiro, já se aventurou a trabalhar em um supermercado na cidade natal. Lá, fez de tudo. "Tinha uns 15 anos quando entrei na equipe do mercado, onde trabalhei de empacotador e repositor de produtos", relata. No currículo, Ivan tem, ainda, passagens por um escritório de advocacia de um amigo e por uma loja de material de construção de um tio.
E entre um local e outro, se aventurou como locutor de uma rádio local, na qual apresentava uma atração diária. "Era mais por hobby do que por salário", brinca, ao contar que queria cursar Jornalismo na faculdade, entretanto a falta de opção de instituição de ensino na localidade o impediu de seguir na escolha. Atualmente, também ministra aulas de Marketing como professor convidado da Facat e da Escola de Cooperativismo (Escoop), pela qual viajou por todo o Brasil.
Um livro, um filme e uma praia
Caçula de quatro irmãos, Ivan não deixa a profissão nem nas horas de lazer. Quando o assunto é leitura, opta por livros que abordam o Marketing ou assuntos relacionados. Quando muda o estilo é para buscar outras referências para o ofício no qual atua. "Gosto de ler coisas que não têm a ver com Marketing porque pode trazer inspiração", confessa. Na sétima arte, gosta de ação. Conta que antigamente frequentava mais as salas de cinema, mas acabou se rendendo à Netflix.
Verão é sinônimo de praia. Nem tanto pelo mar, mas pelo clima agradável que o Litoral proporciona, conforme gosta de frisar. Quando não conseguem viajar, o jeito é relaxar na piscina. Nas últimas férias, por exemplo, a família foi para Cancun. Católico praticante, costuma frequentar a igreja Nossa Senhora da Paz todos os domingos. "Ajudamos na Liturgia e fazemos trabalho voluntário para auxiliar a comunidade", declara.
Ansioso e com senso de organização aguçado, Ivan gosta de cumprir horário. "Fico atacado quando não consigo. As coisas devem estar sempre planejadas", enfatiza, ao revelar que este é seu maior defeito. Para equilibrar, considera-se uma pessoa verdadeira e busca sempre estar próximo das pessoas. "Sou um bom ouvinte e gosto de ajudar as pessoas. Meu coach diz que isso não é muito bom para um gestor", diz, aos risos.
Um cara família e que valoriza as amizades verdadeiras, embora confesse que não tem muitos amigos, "mas minha relação é forte com os que tenho". Comprometido com o trabalho, se define como uma pessoa autêntica. "Não gosto de fazer mal pras pessoas e tento manter um clima agradável para que todos se sintam bem. Fazer o bem, né? Acho que é o principal."

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